A Nova Máquina de Ayrton
Senna Revista Manchete Junho/1993
O Casal é perfeito. Ele, o
campeão de todas as pistas. Ela, a número um em todas as curvas. Mas há
afinidades maiores na vida amorosa de Ayrton Senna e Adriane Galisteu, a
máquina humana na vida do campeão. A começar pelas virtudes que tem em comum,
que vão do fascínio pela natureza ao gosto por um relacionamento tão franco
quanto possível. Sempre que podem eles se curtem um ao outro, na curtição que é
a paradisíaca mansão de Senna em Angra dos Reis, na costa sul do Rio de
Janeiro. Nessas horas, Ayrton esquece a guerra
Das corridas da F1, onde este
ano tenta a mágica de um titulo quase impossível. E Adriane tira as passarelas
de modelo do seu
Horizonte. É um autentico
pitstop amoroso, do qual Manchete registra com exclusividade as cenas de uma
paixão explícita.
Ney Bianchi.
O trio inseparável Adriane
Galisteu, Ayrton Senna e a cadelinha Kinda, na prainha que deságua na mansão de
Angra. Os raros Amigos que freqüentam a casa do piloto dizem que ele “está
numa boa”. O próprio Senna não esconde isso e nos últimos tempos
Adriane encaixou-se como uma personagem indispensável na vida e nas
temporadas de lazer do campeão.
- Que conselhos você daria a
um piloto que está começando na F1?
-“Nenhum. Não adianta. Não
sou desses de ensinar técnicas. Cada um tem que aprender por si só. Não existem
duas pessoas iguais no mundo. Portanto cada qual assimila as coisas à sua
maneira, de acordo com sua formação. É no dia-a-dia da F1 que os novatos têm
que buscar melhores lições, descobrir o que é
bom e ruim para eles... é com
eles mesmo... É lá é que vão ver se tem algum talento ou não.”
- Aprender a conviver com a
lei das selvas das corridas?
- “Não é bem assim – retruca.
– Na F1 existe muita pressão, disputas entre pilotos, mecânicos, chefes de
equipe, um patrocinador contra o outro. É um mundo diferente, onde tudo tem que
estar certinho a tempo e a hora. Mas é um mundo – à sua moda – civilizado,
moderno, com regras que temos que respeitar, um mundo que exige inteligência,
coragem, determinação e uma formação técnica apurada de todos os seus
habitantes. Temos que aprender a conviver com todos e seguir as regras.”
- Você já pensou em se mudar
do Brasil?
-“Porque faria isso? Nunca
pensei isso, moro com Adriane em
São Paulo e viajo pelo mundo quando tenho corridas, tenho uma
casa em Portugal, mas só passo curtas temporadas de alguns dias. Nunca pensei
em me mudar do Brasil. Só se tivesse um motivo muito forte eu me mudaria pra
outro pais. E também eu tenho negócios aqui, em São Paulo, e meu lazer é
em Angra”
A Empresa a Ayrton Senna
Promoções e Empreendimentos, ocupa 5 andares num moderno prédio em São Paulo, onde o seu
Helicóptero é o único a usar o heliporto ali disponível. A empresa tem cerca de
5 funcionários bilíngüe (português e inglês) e é presidida pelo seu pai,,
Milton da Silva. O irmão Leonardo, é o responsável pelos negócios mais novos da
empresa. Seu primo Fábio é responsável pelas relações internacionais. Tudo ali
funciona – em instalações muito luxuosas e modernas – a tempo e a hora.
Pergunto se já pensou em
abandonar as corridas.
- “Não, ainda não é hora.
Acho que posso competir até 40 anos. Mas isso não quer dizer que vou fazer
assim. Posso parar bem antes daqui à 2 ou 3 anos. Até 40 anos acho viável para
vencer corridas, ser campeão e competitivo. Apenas é o que considero viável
para um piloto de F1.”
- Qual é seu ídolo?
-“Juan Manuel Fangio, um
homem reto, um campeão completo, um exemplo para todos os desportistas de todos
os esportes.”
Ayrton e Adriane, confirmo, é
lua de mel, sim. Eles vivem em uma vida de recém casados. E não me perguntem
pelas obsoletas instituições sócias do noivado e do casamento.
Não colocou objeções quanto à
publicação das fotos dessa reportagem. As namoradas de antigamente não tiveram
esse privilégio, nenhuma. Senna não gostava de ser visto ou fotografado com
namoradas.
Da ultima vez que vim a
Angra,
Olhando para Adriane
descreveu-me a sua mulher ideal:
“É a que sabe dividir todos
os instantes do relacionamento, ser parceira em tudo. Claro que há o
lado físico, a beleza. Mas a beleza
acaba, no fundo, o que fica,
o que realmente une um casal, fortalece o relacionamento íntimo, é a capacidade
que o homem e a mulher têm de somar, em tudo e por tudo.” Adriane estava a seu
lado e nesse momento ganha um afago do campeão, como numa confissão pública de
que ela preenchia todos os requisitos da mulher de seus sonhos.
Dirão vocês: “Ela é uma
bruxa, hipnotizou o Senna.”
Fiquem certos de que bruxa
ela não é, porque se fosse até eu ia querer ir para o inferno que, de resto,
mesmo sem Adriane, deve ser o maior
Barato. O que pode acontecer
é ela ter uma magia, ter alguma coisa de maga, tal sorte que tem dado a
ele ultimamente. E em
vários GPs, ao vivo.
Adriane se esquiva de falar
do namorado, sempre faz tudo de acordo com a vontade de Ayrton. Como modelo
profissional ela poderia se aproveitar. Não faz e não quis. Desde que assumiu
compromisso sério com Senna, ela ficou reclusa, e tudo que faz pede seu
consentimento e ele analisa os contatos de trabalho dela.
Ayrton é uma espécie de
empresário artístico dela. Almeja algo maior para sua carreira do que apenas
tirar fotos publicitárias.
Lembro-me do dia que falei
com ele sobre casamento ele respondeu-me:
“Pode ser hoje, amanhã, daqui
a alguns meses... Não são as corridas que vão influenciar nisso.”
Mas, a seguir, foi
enigmático:
“Não há data nem lugar
marcado – riu um riso meio zombeteiro como quem diz: “Se vocês não descobrirem,
eu não digo...”
Mas Ayrton deixou uma pista:
Ele olhou nos olhos de
Adriane. Olhou olho no olho com Adriane. Ela corou, ficou muito vermelha. Tenho
certeza que arquivou o recado. E quem conhece Senna,
sabe que ele é o cara dos de
repente. Pode acontecer casamento e ninguém ficar sabendo. E namorado
repentista é fogo... não é mesmo Adriane?
FONTE PESQUISADA
BIANCHI, Ney. Adriane, a nova máquina
de Senna. Revista Manchete, Rio de Janeiro, Nº2.151, ano 42, p. 04 – 09, Editora
Bloch, 26 de junho 1993.
Ayrton Senna e Adriane Galisteu namoraram um
ano e meio. Os dois moravam juntos quando o piloto sofreu o acidente que o
matou, em 1994.