segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Inédito na Internet: Resgatamos Uma Das Últimas Entrevistas de Ayrton Senna

Publicada na extinta revista esportiva Grid em novembro de 1993, após assinar com a Williams, um introspectivo Ayrton Senna deu uma carona ao jornalista pelas ruas de São Paulo e abriu o coração sobre os bastidores da Fórmula 1 e o que sonhava ser seu futuro
Texto: Sergio Quintanilha


Sérgio Quintanilha - motorshow.com.br
30/11/2015

Não é todo dia que se pode pegar carona com Ayrton Senna. Mas, numa deferência especial aos leitores de Grid, o tricampeão abriu o bloqueio: vamos andar ao lado dele, em seu carro particular, num passeio pelas ruas de São Paulo. No trajeto, o novo piloto da campeoníssima Williams-Renault, favorito ao título de 1994, fala sobre o momento especial de sua carreira e sobre a Fórmula 1 em geral. Evita entrar em detalhes sobre os assuntos mais polêmicos, mas deixa escapar o seu sentimento, algumas mágoas e, principalmente, uma postura de autovalorização muito forte – seja falando de sua entrada na Williams ou dos acordos com os patrocinadores. “Estou numa boa, estou muito bem”, ele diz a certa altura. Vez ou outra, despe-se da condição de super-homem e lamenta não ter visto na TV Globo a reportagem em que Reginaldo Leme mostrou a Frank Williams seu primeiro teste na F1, com um  Williams, em 1983: “Putz! Cheguei em casa e, quando liguei a TV, estava terminando a reportagem”. Vamos em frente então…

Ayrton deu carona ao jornalista em seu carro particular, nas ruas de São Paulo, e abriu o coração sobre os bastidores da Fórmula 1

Ayrton afivela o cinto, liga o motor e arranca, vagarosamente, acenando para os fãs na calçada. E começa a falar…

– Sou muito cobrado a respeito da situação social no Brasil. Nosso país tinha uma imagem alegre. Agora, com tanta violência, mudaram a imagem do Brasil. As pessoas me perguntam se faço alguma coisa pelas crianças. Não digo nada. Se faço, ninguém precisa saber. E se faço e fico contando o que faço, então acho que perde o valor. Muitos olham para mim e pensam: “Pô, esse cara ganha um monte de dólares num país com crianças na miséria!” Sou cobrado, sim. Mas não fico falando se faço alguma coisa e o que faço.

Esse sentimento talvez explique a insistência com que Ayrton pediu uma bandeira após vencer o GP do Japão.

– Carregar a bandeira, para mim, tem um valor simbólico forte. Olha que já estou acostumado com essa história de ouvir o hino nacional em cima do pódio, mas na hora isso sempre mexe comigo.


"Carregar a bandeira, para mim, tem um valor simbólico forte."

Vamos falar das vitórias, então. Não das quatro dezenas conquistadas em 10 anos de carreira, mas das que virão quando o tricampeão sentar no Williams-Renault número 2 para voltar a ser o número 1. Existe um clima de “já ganhou” no Brasil.

– Não me preocupo com isso. Desde que eu tenha um carro competitivo, as coisas surgem naturalmente. Já mostrei que sei vencer corridas – ele diz, acelerando mais forte para colocar o carro numa brecha aberta no trânsito engarrafado.

Já imaginou Senna disparado na frente? Huummm… esse campeonato pode ficar muito chato.

– Isso não é problema meu. Se realmente acontecer, os outros é que têm de se preocupar em achar uma maneira de me alcançar.

Mas quem, afinal, pode alcançar o melhor piloto do mundo no melhor carro do mundo? Damon Hill, seu futuro companheiro de equipe?

– Damon aprendeu muito este ano, a ponto de vencer alguns grandes prêmios, conquistar poles. Há um ano, ele nem sabia direito o que era competir num carro de Fórmula 1. Tinha feito dois grandes prêmios pela Brabham, que estava no lado oposto do grid. Quanto ao relacionamento com ele, pelo contrato sou o primeiro piloto da equipe. Lógico que na prática isso não vai existir, porque a Williams tem condições técnicas e financeiras para fornecer material de ponta para dois pilotos. Ele vai ter o mesmo tratamento que eu, o que é uma vantagem para quem já está lá há um ano, conhece a equipe, conhece o carro…

A paisagem é meio repetitiva a cada esquina, o trânsito lento não deixa Ayrton dirigir como gosta, é muito acelera-freia-acelera-troca de marcha. Mas que imagem estaria passando pela sua cabeça? Vitórias? Mais um, dois títulos?

– Não falo em vitórias porque o campeonato ainda nem começou – ele diz. – Já perdi muita corrida ganha na minha vida. Em 1989, no Canadá, eu estava poupando o carro nas voltas finais e, mesmo assim, o motor quebrou. Quem ganhou foi o Thierry Boutsen, que deu uma rodada de 360 graus na reta, num lugar em que o normal seria acabar no muro. Mas não, o carro ficou na trajetória certa e ele venceu. Por isso, aprendi uma coisa: para ganhar uma corrida, antes é preciso terminá-la.

E, para ir um pouco mais longe, para ser campeão é preciso saber atuar (e vencer) também nos bastidores.

– A parte política é mais difícil do que dirigir – concorda. – Só consegui meu lugar na Williams porque usei toda minha experiência. Aprendi não só a lidar com um carro de corrida, mas com os bastidores, o funcionamento político, o relacionamento com os organizadores de um grande prêmio, com os comissários de pista, com a imprensa, como ligar com a imagem das companhias que fazem parte da Fórmula 1. Ao longo de todos esses anos aprendi cometendo muitos erros.

Ayrton erra o caminho e comenta: “Aqui não vai dar certo, não é por aqui”. Acelera mais forte para achar o rumo correto, como se estivesse recuperando o terreno perdido. Algumas esquinas depois, rumo tomado, desabafa: “Nada como a experiência!” O piloto parece estar intimamente satisfeito por ter alcançado o que queria. Mas, afinal, quem passou a perna em quem no affair Prost/Williams/Senna?

– Não tem quem passou a perna ou quem levou o tombo.

Longo silêncio. O piloto acelera, o homem pensa. Ao seu lado, muitos motoristas comuns, se virassem o rosto, veriam o ídolo de perto. Não o fazem. Todos parecem ter o mesmo objetivo: ir em frente, a qualquer custo. Ayrton sai do silêncio:

– Não tem nada disso. Minha ida para a Williams era só uma questão de tempo.

Prost disse que, se quisesse, barraria sua entrada na equipe – provoco.

– Por que ele não fez isso, então?

– Conta como foi que aconteceu.

– Não! (nervoso) Não vou entrar em detalhes. Acho que é bobagem, não vem ao caso. A verdade é uma só: eu sou piloto da Williams e… (longa pausa)

E?

– … E ponto final. Essa é a verdade. Eu vou correr na Williams e ele não vai estar lá. Se ele disse que poderia me barrar, eu me surpreendo, pois não foi ele quem declarou tantas vezes que não tinha o direito de barrar ninguém, que isso era uma decisão da equipe? Então o Prost, apenas para variar, como sempre, fala muito. Ele ganharia muito mais se falasse menos. É isso que acontece com ele: fala demais!


Com Frank Williams: "A verdade é uma só: eu sou piloto da Williams e ponto final. Essa é a verdade. Eu vou correr na Williams e ele [Prost] não vai estar lá"

"Prost, apenas para variar, como sempre, fala muito. Ele ganharia muito mais se falasse muito menos. É isso que acontece com ele: fala demais!"

Embora irritado, Ayrton não se altera ao volante. Vai dirigindo de forma tranqüila, diferente de tantos “Sennas” que andam por aí. E, por falar em inimigos, de onde vêm os problemas de relacionamento entre Senna e Michael Schumacher?

– Acho que o Schumacher, como tantos outros jovens, tem sede de vencer, mas talvez não tenha uma estrutura suficiente para administrar o sucesso tão cedo. Ele é competitivo e está tendo sucesso. Só que essa falta de estrutura acaba trazendo uma série de situações indesejáveis… no relacionamento com as pessoas, pô! Não é só comigo. Isso tem sido uma constante para ele. Schumacher não é visto da forma mais simpática dentro da Fórmula 1. Ele é visto como muito estrela. O cara venceu dois grandes prêmios na vida até hoje, nada mais, e se acha um campeão do mundo, alguma coisa assim…


"Schumacher não é visto da forma mais simpática dentro da Fórmula 1. Ele é visto como muito estrela. O cara venceu dois grandes prêmios na vida até hoje, nada mais, e se acha um campeão do mundo, alguma coisa assim..."

Aliás, é bom que se diga, o tricampeão não perdoa, bate. Já deu uns empurrões em Schumacher. Em Suzuka, também não deixou barato o atrevimento do estreante Eddie Irvine, que também ganhou um sopapo do brasileiro. Ayrton não gostou da forma como ele pilotou e desaprovou também o comportamento de seu futuro “companheiro” Damon Hill. Senna dá o tom: faz o que quer, na pista e fora dela.

– Estou começando a colher os frutos de muitos anos de trabalho. Tenho certeza de que tem muito por vir. Se eu conseguir manter uma cabeça aberta, para continuar aprendendo, absorvendo, evoluindo, as coisas vão acontecer.

O carro avança, agora mais velozmente. Os automóveis à frente parecem abrir espaço. Senna acelera, passa raspando num carro, corta outro, tudo com a maior segurança. E continua falando da vida, vai mostrando sua cara:

– Estou muito bem, numa boa. Estou fazendo o que gosto, corro, tenho uma posição de destaque, credibilidade não só em guiar um carro de corrida, por ter demonstrado tecnicamente ser competente, mas também por honrar, no lado profissional, os compromissos que assumo. Isso tudo é uma grande conquista na vida de um profissional.

Ele agora fala solto, sem freios. Vamos ouvindo.

– Quando você faz um contrato de um ano, oferece o serviço e a outra parte assume a responsabilidade dela. Aí, ao longo do ano, vai depender da capacidade de ambos de conviver e cumprir o compromisso, não só no papel mas no espírito da coisa. O espírito do acordo é que vale realmente. E só quem tem condições realmente de cumprir, por desejo pessoal, competência, seriedade e profissionalismo, é que tem duração, que tem vida longa, senão dura um ano, dois anos e acaba. Este ano, por exemplo, assinei o contrato com o Banco Nacional em março, depois de já ter corrido na África do Sul. A gente sabe que pode contar um com o outro na hora boa e na hora difícil. Isso é credibilidade, é uma coisa que muito pouca gente tem na minha profissão. Aliás, acho que ninguém tem, se você quer que eu seja honesto. Não estou me gabando, não, mas honestamente acho que não tem nenhum corredor de Fórmula 1 hoje, ou nos últimos cinco anos, que tenha uma credibilidade como essa.


"Sobre o patrocínio do Banco Nacional: "A gente sabe que pode contar um com o outro na hora boa e na hora difícil".

"Não estou me gabando, não, mas honestamente acho que não tem nenhum corredor de Fórmula 1 hoje, ou nos últimos cinco anos, que tenha uma credibilidade como essa" [a dele, para conseguir patrocínios]

Se ouvisse isso, Prost diria que, além de acreditar em Deus, Senna pensa que é Deus. Eles que se entendam, ou se desentendam… Na verdade, o brasileiro mal disfarça um sabor de vingança, pois há um ano, quando pensou que poderia escolher a equipe que bem entendesse, deu com a cara na porta fechada da Williams.

– Eu podia correr em qualquer equipe menos na Williams. Não podia correr porque o Prost tinha um veto específico contra mim. Só por isso: ele se recusava a competir comigo na mesma equipe.

– Você não faria o mesmo se estivesse no lugar dele?

– Isso é covardia! Você pode fazer certas exigências dentro de uma equipe para ter uma posição forte. Existem equipes pequenas que não podem ter dois pilotos número 1. Mas numa Ferrari, numa McLaren, numa Williams e numa Benetton, isso não se aplica, porque elas têm possibilidade técnicas e econômicas para ter dois pilotos de ponta. Se eu não corresse este ano, a Williams teria ganho todos os grandes prêmios, com exceção de Portugal. O que ocorreu no ano passado foi uma vergonha. Mas cada um compete do jeito que quer. Tem uns que são felizes por competir assim, estabelecer as cartas antes de dar o baralho. Eu jamais competiria dessa forma.

Ok, mas dizem as más línguas que Ayrton teria barrado Derek Warwick quando corria na Lotus. Ele jura que não. E, como é o número 1 da Williams por contrato, o pobre Damon Hill estaria destinado a perder todas as corridas…

– Não, não! Eu poderia ter uma cláusula no contrato dizendo assim: “Se Damon estiver em primeiro e eu em segundo, tem que tirar o pé e deixar eu passar porque sou o número 1”. Mas não tenho isso no contrato. Isso é absurdo, não é competição. Se o cara está na sua frente andando melhor, o problema é seu de dar um jeito de andar melhor que ele e ganhar a corrida. Agora… já aconteceu de um piloto número 2 chegar no número 1 e a equipe dizer: “Não passa”. Isso existe, sim.

Na McLaren, mesmo durante a guerrilha com Prost, Senna sempre teve um tratamento VIP. Por isso, após vencer o GP do Japão, já de contrato assinado com a Williams, Ayrton deu um abraço fraternal em Ron Dennis. Mas, é inegável, sobraram muitas mágoas nesse episódio. Ficou um diz-que-diz no ar… Enquanto o carro roda macio pelas ruas de São Paulo, segue um diálogo sobre Ron Dennis.

– Telefonei para o Ron antes de anunciar meu contrato com a Williams porque queria que ele ficasse sabendo por mim, e não pela imprensa. Aí ele me disse que tinha acabado de fechar um acordo de colaboração muito importante com a Peugeot, maior que aquele que a McLaren tinha 
com a Honda.


"Telefonei para o Ron [Dennis] antes de anunciar meu contrato com a Williams e ele me disse que tinha acabado de fechar um acordo de colaboração muito importante com a Peugeot".

– Ele teria dito, nesse telefonema, que agora você iria se arrepender por ter deixado a McLaren.

– Para mim ele não disse isso e duvido que tenha dito para alguém. Quando ele me disse que tinha fechado com a Peugeot, eu o parabenizei e desejei boa sorte. Acho importante que a McLaren continue sendo uma equipe forte e torço para o bem deles.

– Nenhuma mágoa de Ron?

– Não tenho mágoa de ninguém. Além do convívio profissional, criamos também uma grande amizade. Sabia que sou padrinho de uma filha dele? Acho que agora, sem compromisso profissional, poderemos ficar ainda mais amigos – diz.

Ora, ora… Todo mundo sabe que o relacionamento entre Ayrton Senna e Ron Dennis chegou a ficar realmente abalado… Ayrton se abstrai, aproveita o sinal vermelho para refletir um pouco e finalmente rompe o silêncio:

– Ron sabia que eu ia sair, que era apenas uma questão de tempo para que isso se confirmasse. Naturalmente, depois de seis anos de trabalho juntos, não é uma separação fácil. Foi trabalho e amizade que cresceram nesses anos todos. Nós também tivemos grandes conquistas. Você não apaga e muda como numa compra e venda de automóvel. Existiu e existe um certo desconforto com essa mudança, não só da parte dele mas também da minha. Eu tinha relacionamento não só com ele, mas com dezenas de membros da equipe, os quais eu considero profissionalmente e pessoalmente. A mudança de um piloto depois de seis anos não é uma coisa simples. Foi tudo feito da forma mais adequada possível, com as dificuldades normais de um relacionamento.

Mas onde, diabos, Ron Dennis errou para perder um piloto como Senna?

– Ah… não vou entrar em detalhes, não vem ao caso. Não fiquei na McLaren porque não era uma proposta interessante tecnicamente para mim.

– Mesmo depois do acordo com a Peugeot? – insisto.

– A curto prazo, não. Eles vão perder para a Renault no início… e é assim que se consegue alguma coisa na Fórmula 1. A Renault também não começou a ganhar da noite para o dia. O que está acontecendo agora é resultado de um trabalho que começou há dez anos. A Peugeot tinha que fazer alguma coisa porque eles analisaram as vendas de carros da Renault e viram que a marca está crescendo com as vitórias a Fórmula 1. Eles não podiam ficar de fora.

Nosso passeio está terminando, Ayrton tem hora marcada com o oculista. Algum problema na vista? “Não, é check. Faço um controle”, ele diz. Visão perfeita, olho no futuro. Como será? Depois de ganhar cinco títulos na F1, ele iria fazer companhia para Emerson Fittipaldi na Indy?

– Primeiro tenho que ganhar os cinco títulos. Se isso acontecer, na hora vou pensar no que fazer. O importante para mim é estar sempre numa condição competitiva.

E uma dobradinha com Nigel Mansell na Fórmula 1, como seria?

– Não daria certo. Veja: o Mansell está com 40 anos e a Fórmula 1 está se renovando rapidamente. Não é fácil, aos 40, manter o mesmo ritmo de um piloto de 23. Por isso o Mansell chegou na Indy e ganhou tudo. Lá a média de idade é muito alta.

Enquanto Ayrton fala, os carros à sua volta proporcionam as cenas habituais do trânsito brasileiro. Certos motoristas ignoram o sinal vermelho, outros freiam em cima da faixa dos pedestres, alguns fazem as ultrapassagens mais malucas. Tal como Eddie Irvine em Suzuka… O que vale mais ao volante? O arrojo ou a experiência?

– Na Fórmula 1, é mais difícil correr contra a experiência – comenta Senna, meio resignado por não ter mais um Prost ou um Mansell para enfrentá-lo nas pistas. – O piloto experiente não arrisca tanto em determinadas situações, mas em compensação, deixa a porta aberta para você ultrapassar, faz as voltas no mesmo ritmo…

Mas, afinal, o que será de Senna? Vai dar uma de Prost e parar de correr após ganhar quatro ou cinco campeonatos?

– Não tenho limite. Estou com 33 anos e acho que tenho muito pela frente ainda. Aliás, quando eu ficar velho, acho que vou relaxar na Indy. (risos)


Sobre o título de Nigel Mansell na Indy: "Aos 40 anos, você não tem o ritmo de um piloto de 23. Quanod eu ficar velho, acho qeu vou relaxar na Indy"

Fim do passeio. Obrigado pela carona. E, agora sim, pode acelerar à vontade.



Nota do Blog: a foto de Ayrton em seu carro é meramente ilustrativa, pois não houve fotos nem filmagem dessa carona (o tricampeão resolveu dar a entrevista na hora, sem planejamento).


FONTE PESQUISADA

QUINTANILHA, Sérgio. Inédito na internet: resgatamos uma das últimas entrevistas de Ayrton Senna. Disponível em: <http://motorshow.com.br/inedito-na-internet-resgatamos-uma-das-ultimas-entrevistas-de-ayrton-senna/>. Acesso em: 30 de novembro 2015.

domingo, 29 de novembro de 2015

Ayrton Senna e Biquíni Cavadão

 O meu encontro com Senna

qua, 15/07/09 por Rafael Lopes | Voando Baixo - globoesporte.globo.com/platb/voandobaixo

Artista na pista com Bruno Gouveia


Em algum sebo de discos, você poderá achar um LP do Biquíni Cavadão intitulado “Zé”. Gravado em 1989, em seu encarte encontra-se timidamente, quase escondida mesmo, uma pequena dedicatória: Corredor Xdedicado a A.S. da Silva.

A canção Corredor X foi uma música que fizemos naquele ano de 89, baseada em uma letra do baixista Sheik e um riff em 6/4 inquietante. Inspirada nas avassaladoras corridas de Senna em 1988, falava de alguém que corre atrás de seu limite / e se, por acaso, quebrar / vai simplesmente recomeçar. A música misturava climas densos com teclados – hoje tipicamente classificados de “oitentistas” – para finalizar em um sprint musical com influências russas e muitas outras viagens.

Estávamos em São Paulo, no meio do conturbado campeonato de 1989. Senna e Prost brigando corrida a corrida pela liderança do Mundial. Foi quando soubemos que Ayrton estaria na cidade para uma visita às obras do novo traçado de Interlagos, que receberia a Fórmula 1 a partir do ano seguinte. Mexe daqui, liga dali, eis que o baixista Sheik consegue contato com a assessoria de imprensa do piloto para que pudéssemos encontrá-lo e presenteá-lo com nosso disco e sua singela dedicatória.

Houve uma certa desconfiança no começo. Nosso nome ‘Biquíni Cavadão’, de certo modo, assustava os caras. “Que será que eles querem com o Ayrton? É alguma brincadeira?”, imaginavam. As precauções desapareceram quando explicamos que não queríamos nos promover com o fato, apenas dar o disco ao nosso campeão. Ficou combinado que nem uma foto poderia ser tirada. “OK, feito!”. O encontro seria em menos de 1h no autódromo de Interlagos. Andar por São Paulo não é fácil. Imagine quando se tem um encontro desses pela frente!

Mal chegamos, fomos encaminhados à sala de imprensa. A espera foi angustiante, mas logo chegava ele, de jeans e camisa verde. Eu tremia. O assessor explicou a ele do que se tratava e lhe demos o disco. Em troca, Ayrton nos deu pins com o seu capacete, e perguntou: “Vamos tirar umas fotos?”. Já que ele é que tinha se oferecido, surpreendi a todos da banda e saquei minha câmera, que guardava para ser usada num momento como este. Registramos duas fotos do lado de fora das arquibancadas, com Senna recebendo seu presente. Ele deixou o disco com um assessor e seguiu para ver as obras no S do Senna. De mansinho, fomos junto com uma enorme comitiva, sem sequer perguntar para alguém se podíamos.

LP do Biquini Cavadão intitulado "Zé" tem uma música dedicada a Ayrton Senna

Ali, bobos, ouvíamos suas observações sobre a nova pista que estavam construindo. Em um dado momento, nos arriscamos a falar sobre o campeonato. Ele comentou que estava difícil, mas tinha ainda muita corrida para acontecer. Mal sabia ele, mal sabíamos nós. Enquanto escrevo isto, as lembranças voltam muito vivas. Sinto-me hoje como Marty McFly, o personagem do filme De Volta Pro Futuro, e me pergunto se  daria para ter lhe avisado de algo do tipo: “cuidado com aquela chicane em Suzuka” ou ainda “daqui a 5 anos, troque a marca de seu capacete em Imola – aliás, não corra!”…

Decidimos nos despedir, afinal ele estava ocupado, mas não sem antes lhe pedir um autógrafo. O assessor disse então que poderíamos divulgar aquele encontro, mas lhe respondemos: “isso não foi o que combinamos e nem o nosso propósito”. E assim permaneceu em segredo por muitos e muitos anos.

Naquele primeiro de maio de 1994, entre tantos telefonemas que recebi (já que todos sabiam do quanto eu gosto de Fórmula 1), um deles era do baixista Sheik. Com a voz embargada, ele só conseguia repetir os versos da música que fizemos, cuja letra, do próprio Sheik, soou quase profética:

Ele decidiu ser uma alma livre
Que serpenteia as estradas alheio aos que o seguem
Mas por mais que ele sempre siga em frente
Sempre irá de comum acordo com as curvas do destino
(…)
Como seria bom
Se o destino nos desse a opção de escolher
Por que causa nós vamos sofrer


Com o acidente, passei a andar com o pin do capacete junto com uma fita preta em minha carteira. O autógrafo ficou em minha cortiça por muitos anos, até perder totalmente a tinta. A carteira foi roubada. A foto que tiramos amarelou, mas as lembranças deste encontro ninguém irá apagar de mim.

PS: Por muitos anos, pensei em fazer um clipe com imagens de suas corridas, mas não tinha computador nem tempo suficiente para prestar-lhe mais esta homenagem. No entanto, você pode conferir a letra completa e também ouvir a música no site do Biquíni. É só clicar aqui.

Bruno Gouveia é vocalista do Biquíni Cavadão, uma das principais bandas do rock brasileiro, e acompanha íorridas com entusiasmo desde a década de setenta. A coluna Artista na Pista é um espaço onde personalidades dos palcos, das artes cênicas ou da literatura têm um espaço aberto para comentar sua relação com os esportes a motor, especialmente a Fórmula 1.



Ouça a música com um clipe dos momentos de Senna na Fórmula 1:


Biquíni Cavadão Compôs Uma Música em Homenagem... por ayrtonsennavideos


Biquíni Cavadão fala da música dedicada a Ayrton Senna no Programa "Agora é Tarde" (SBT) de Danilo Gentili (07/08/2015):





FONTE PESQUISADA

LOPES, Rafael. O meu encontro com Senna. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/platb/voandobaixo/2009/07/15/o-meu-encontro-com-senna/>. Acesso em: 29 de novembro 2015.









O Que Senna Seria Se Não Fosse Piloto? Ele Mesmo Responde!

O Globo, 16 de maio de 1993

Ayrton abandonou a faculdade de administração

O Globo – O que gostaria de ser se não fosse piloto?

Senna – Fiscal da natureza (risos). Brincadeira. Sempre gostei tanto do que faço, que não sobrou espaço para pensar em outras profissões. Primeiro pensei em fazer engenharia mecânica e em 1981 passei no vestibular de administração de empresas. Cheguei a ir uma noite à Faculdade São Marcos, olhei tudo aquilo e decidi que não era para mim. Fui embora e nunca mais voltei.


Senna gostava tanto do que fazia, que nunca se dedicou a outra atividade na vida, mas estava exercitando cada vez mais o seu lado empreendedor, investindo em diversos negócios, para quando abandonasse as pistas





FONTE PESQUISADA

O GLOBO - O mundo da F1 não é real. O Globo, 16 de Maio de 1993, Matutina, Esportes, página 57.






 






sábado, 28 de novembro de 2015

"Ayrton Senna Estava Aos Poucos Se Distanciando do Pai", Diz Amigo (Vídeo)

Depoimento de Owen O'Mahony, ex-piloto do jato de Ayrton Senna e amigo do campeão. O capitão fala sobre Ayton Senna, Adriane Galisteu e Milton da Silva, pai de Ayrton


Ayrton passava muito tempo no rádio do avião, conversando com Adriane, que estava no Brasil. Quando acabava, me devolvia o microfone e eu dizia: “Sempre consigo ver quando um cara está apaixonado”. Ele ria.

Não creio que Adriane Galisteu fosse a pessoa que a família queria ver com Ayrton.

Eu estava pilotando o jato dele e o para-brisa rachou durante uma tempestade. Tive de pousar e comprar um novo que custou cerca de 26 mil dólares. Dias depois, peguei Ayrton em Faro, Portugal. Ele estava com Adriane Galisteu. Voaríamos para Paris, onde eles fariam compras e participariam de um evento. Brinquei, dizendo para ele não deixar o cartão de crédito com ela. Muito sério, ele respondeu rápido: “Owen, ela me custa muito menos que você”.

Ayrton estava amadurecendo. Queria ser dono da própria vida. E estava, aos poucos, se distanciando do pai. Não de forma desagradável. Era apenas um homem maduro.



Trecho extraído do documentário "Ayrton, Retratos e Memórias", lançado em 2015 no Canal Brasil















A Relação de Ayrton Senna Com o Dinheiro (EM CONSTRUÇÃO)

"Um dia, quero pedir ao gerente do banco que coloque todo meu dinheiro em cima da mesa. E, então vou contar nota por nota." (Ayrton Senna em 1989, respondendo se ele tinha noção de sua riqueza acumulada - Fonte Revista Racing 2003)


Ayrton era uma pessoa muito simples, humilde, mas ele gostava de ter dinheiro, de ser rico. O tricampeão de Fórmula 1 era milionário, possuindo propriedades espalhadas no Brasil e no exterior, carros e aeronaves. Senna também ajudava financeiramente muitas pessoas e instituição de caridade, fazendo altas doações em dinheiro. Além de amparar os amigos de infância pobres, seja os empregando, ou pagando seus estudos.

“O olhar dele transmitia tudo, era um nobre cavaleiro. Ele era uma pessoa reta, de garra, uma pessoa humilde. Dava a mesma atenção a um garoto de rua que a um príncipe ou a um rei.” (Sid Mosca, morto em 2011, designer dos capacetes de Ayrton Senna - Fonte: Livro “A Paixão de Senna”, escrito pelo jornalista português Rui Pelejão)


Revista Quatro Rodas - Edição 376 - Novembro 1991 
Entrevistador Jornalista Esportivo Lemyr Martins


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

Revista Racing 2003.

PELEJÃO, Rui. A paixão de Senna. Edição 1. Editora Leya Portugal. S.A., julho de 2014. 

MARTINS, Lemyr. Em busca de outras paixões. Quatro Rodas, São Paulo, edição 376, ano 32, p. 126 – 132. Novembro de 1991.







sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Mariana Godoy Relembra Entrevista Com Ayrton Senna (Vídeo)


Mariana Godoy conta quando entrevistou Ayrton Senna no começo da carreira e diz que o ídolo era uma pessoa incrível. A Jornalista era repórter da TV Globo à época.

RedeTV! - Luciana By Night - 17 03 2015







Mariana Godoy fala de entrevista com Ayrton Senna em heliponto
Jornalista
confessou que não sabia nada de Fórmula 1 e, por isso, segundos antes de sua entrada ao vivo, teve de combinar com o piloto a pergunta que faria. A Jornalista era repórter da TV Globo à época.

RedeTV! - Programa Sensacional com Daniela Albuquerque - Publicada: 22/11/2015





Adriane Galisteu Lembra Irmão Que Morreu Com AIDS: "Doença Terrível" - RedeTV! - TV Fama


Em evento que busca incentivar a prevenção da AIDS, Adriane Galisteu revela que perdeu irmão para a doença há anos.

RedeTV! – TV Fama - Publicada: 26/11/2015