28 de Outubro de 2015
“O filme fecha meu ciclo com a história do Ayrton com chave de ouro”
A relação do jornalista Ernesto Rodrigues com o piloto Ayrton Senna vem de longa data. Como editor do Globo Repórter, fez todos os programas sobre Senna. Além disso, é o autor do livro Ayrton - O Herói Revelado, lançado em 2004.
Sua última incursão na vida do piloto brasileiro, morto em 1994, é o documentário Ayrton: Retratos e Memórias - O Filme. Por meio de entrevistas com mais de 50 convidados, o jornalista reconta parte da vida de Senna. “Apresento um olhar de 360 graus ao personagem, mostro o lado humano dele”, conta.
Você conheceu e conviveu com o Ayrton?
Tive um contato profissional com ele quando estava na TV Globo e fui encarregado de fazer um Globo Repórter comemorativo dos 50 anos da Fórmula 1 em 1990. Ele era o personagem central da reportagem, mas foi um contato um pouco ruim porque alguém disse que eu era “piquetista” [fã do também piloto Nelson Piquet] e o Senna estava muito desconfiado. Ele, então, decidiu que o Galvão Bueno ia fazer a entrevista e passei para o Galvão as perguntas que queria fazer. Essa entrevista foi antológica, porque foi no fim de semana em que o Martin Donnelly sofreu um acidente. Mas a não ser esse contato profissional, nunca tive nenhum envolvimento com ele. O que me deu algum direito de dizer alguma coisa sobre Ayrton Senna foi a biografia que escrevi em 2004, dez anos depois de sua morte.
As imagens que se tem do Senna são muito fortes. Depois da biografia, era importante também contar essa história em vídeo?
Fui diretor de todos os programas do Globo Repórter sobre o Senna, em 1988, 1990 e 1994. Queria ter uma leitura mais pessoal e autoral. Ele tinha de fato essa força imagética e eu optei pelo contrário, me impus o desafio de não usar nenhuma imagem de televisão ou de corridas dele, a não ser por fotografias. Foi proposital neste documentário fazer dessa maneira e foi difícil também, mas no fundo as pessoas têm essas imagens na memória.
Tendo em vista que o Ayrton Senna é uma figura muito abordada, qual é o trunfo do seu filme?
Apresento um olhar de 360 graus ao personagem. Principalmente no Brasil, onde o Ayrton é um ícone, um ídolo. O diferencial do documentário é mostrar o lado humano dele, uma pessoa que tomou algumas atitudes controversas dentro e fora da pista, que tinha seus sofrimentos.
Você viveu a história do Ayrton em ciclos: os programas de TV, o livro e agora o filme. Ainda falta alguma coisa para contar sobre ele?
Eu digo para as pessoas que o filme fecha meu ciclo com a história do Ayrton com chave de ouro. O livro, que talvez seja o que fiz de mais importante na minha vida profissional, fiz os programas e agora com esse projeto acho que acabou. Já disse tudo o que tinha para dizer, com os bastidores interessantes, e agora vou partir para outros projetos.
Acesso: 17/12/2021
http://43.mostra.org/br/entrevista/202-Ernesto-Rodrigues,-diretor-de-ldquoAyrton-Retratos-e-Memorias---O-Filmerdquo
Nenhum comentário:
Postar um comentário