sábado, 8 de junho de 2013

CAMINHO DAS BORBOLETAS - Adriane cumprimenta toda a família Senna e se despede de Ayrton Senna



Zaza me disse que, naquele último instante do filho no boxe, aquela longa preparação antes da tragédia, foi uma forma de oração. Ela me disse isso e outras coisas no dia seguinte ao enterro, quando foi à fazenda do Braga para conversar. Na véspera, depois do último adeus, eu também entrei na fila dos cumprimentos. A família enfileirada. Abracei a Viviane, que guardava o capacete do Béco debaixo do braço. Muitas vezes ela tinha repetido, em voz alta, abraçada àquele objeto que tanto lembrava o irmão chorado: "Valeu, Becão! Valeu!" Com o Leonardo, foi um abraço forte, muito forte, e um beijo. "Nada do que  a gente fez foi por acaso" - lembro de ele me dizer. O  pai se retirou, mas Zaza estava firme, beijei-a e ouvi dela:  "Quero muito falar com você". Respondi: "Eu também".  Mas não imaginei que no dia seguinte ela já batesse à minha porta. Depois, achei que nunca mais nos veríamos. Estava enganada.
Quando olhei pela última vez para a cova do Béco, eu  lhe disse em silêncio:
- Eu o amo, mas você me deixou, você me faz falta. Daqui para a frente, minha vida será um tormento.


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