POR - PETER OROSZ - 18 JUL,
2011 - 22:04
Todos sabemos onde estávamos quando Senna faleceu. O documentário de Asif Kapadia é apenas um novo episódio nos 17 anos de
memória coletiva. Mas um novo trecho de um vídeo amador gravado das
arquibancadas de Ímola mostra uma realidade muito diferente. Na tarde daquele
1? de maio de 1994, tudo o que os presentes viram foi uma confusa mas trivial
corrida de carros.
A memória que compartilhamos sobre as catástrofes é um estranho joguete mental nos tempos de mídia de massa. Nós costumamos acreditar que nos lembramos do momento em que algo aconteceu, mas não é bem assim na realidade. O que lembramos é o momento em que nós soubemos da notícia. Eu soube da tragédia com o ônibus espacial Challenger em um ônibus de turismo na Tchecoslováquia durante uma viagem de esqui, mas como foi para quem estava naquela região da Flórida quando o tanque de combustível da nave explodiu em uma grande nuvem de hidrogênio? Eu não sei.
Eventos como esse têm poucas testemunhas, e isso é o que torna o vídeo acima tão interessante e talvez um notável documento histórico. Ele foi filmado na arquibancada sobre a curva Acque Minerale, e o que ele mostra, em sua maioria, é uma corrida comum. Carros freando para a curva. Algumas voltas atrás do safety car. Pessoas vibrando, aplaudindo, cornetando. Em um momento, é Michael Schumacher que lidera a prova e não Ayrton Senna. Acque Minerale fica do outro lado da pista com relação a Tamburello, cerca de300 metros de distância, mas nenhuma batida
violenta é ouvida. Há uma pausa. A corrida continua. Michael Schumacher
conquista sua quinta vitória na categoria. O público comemora a Ferrari n? 27
do piloto reserva Nicola Larini. Será que algum dos presentes teria imaginado
que era a última vez em que um piloto italiano levaria a Ferrari ao pódio?
A memória que compartilhamos sobre as catástrofes é um estranho joguete mental nos tempos de mídia de massa. Nós costumamos acreditar que nos lembramos do momento em que algo aconteceu, mas não é bem assim na realidade. O que lembramos é o momento em que nós soubemos da notícia. Eu soube da tragédia com o ônibus espacial Challenger em um ônibus de turismo na Tchecoslováquia durante uma viagem de esqui, mas como foi para quem estava naquela região da Flórida quando o tanque de combustível da nave explodiu em uma grande nuvem de hidrogênio? Eu não sei.
Eventos como esse têm poucas testemunhas, e isso é o que torna o vídeo acima tão interessante e talvez um notável documento histórico. Ele foi filmado na arquibancada sobre a curva Acque Minerale, e o que ele mostra, em sua maioria, é uma corrida comum. Carros freando para a curva. Algumas voltas atrás do safety car. Pessoas vibrando, aplaudindo, cornetando. Em um momento, é Michael Schumacher que lidera a prova e não Ayrton Senna. Acque Minerale fica do outro lado da pista com relação a Tamburello, cerca de
Chega a arrepiar porque a morte de Senna é semelhante à morte de JFK e tão confusa quanto. Nós sabemos ao mesmo tempo tanto e tão pouco delas. Toda a transmissão do GP de San Marino de 1994 está disponível em inglês no YouTube, e mesmo com a ajuda de tomadas aéreas e comentários de especialistas, continua terrivelmente misteriosa. Apenas em retrospecto percebemos que Senna morreu no local. Somente depois nós percebemos todo o sangue. Só alguém que competiu pelos gloriosos anos sangrentos da Fórmula 1 percebeu tudo naquele instante, como nos lembra o artigo de Dylan Jones “As últimas 96 horas de Ayrton Senna”:
Mas antes dos comissários
chegarem ao carro e a primeira ambulância chegar ao local, sua cabeça moveu
para frente no cockpit e expectadores desatentos foram levados a crer que o
campeão estava bem. Outro homem, sentado a milhares de quilômetros em Balcarce,
Argentina, pensava diferente. Cinco vezes campeão, Juan Manuel Fangio com 82
anos sabia do resultado quando viu o espasmo, o sinal de um grande dano na
cabeça. Ele desligou sua televisão. Disse mais tarde: “Eu sabia que ele estava
morto”.
Poucas horas depois, todos nós saberíamos.
FONTE
Jalopnik
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