maio 1, 2013
Antes da F1, Ayrton Senna já
era um demolidor de recordes
Primeiro de maio. Há exatos
19 anos, Ayrton Senna morreu após sofrer um gravíssimo acidente no GP de San
Marino, em Ímola. Desde então, quando chega esta data, todos os jornais, sites
e revistas do mundo fazem diversos tipos de homenagem ao brasileiro.
Pessoalmente, sempre tive
muita dificuldade em escrever sobre Senna. Acho que ele é um personagem que
ultrapassou o esporte. Quando vejo um torcedor falando de como se sentia ao
acordar nos domingos de manhã, há mais de duas décadas, entendo que ele não
está falando sobre os resultados de Ayrton, mas todas as sensações e emoções
que sentia.
E acho que apenas quem viveu
essa mesma experiência consegue entender o que ela representa. Para os demais,
é algo banal. “Grande coisa acordar cedo para ver uma corrida..”, alguém pode
pensar.
Como eu só comecei a
acompanha o automobilismo quando Senna já não era mais o piloto dominante, não
vou escrever aqui algo emotivo. Tem um monte de textos na internet feitos por
torcedores de verdade, então se você quiser chorar um pouco basta procurar por
eles.
De minha parte, aproveito
esta data para relembrar a carreira de Ayrton Senna antes de ele chegar à F1,
neste segundo episódio da série Origens, aqui no World of Motorsport.
O brasileiro deu os primeiros
passos na F-Ford
Ayrton Senna da Silva nasceu
no dia 21 de março de 1960, na Zona Norte de São Paulo, coincidentemente em uma
região próxima ao Circuito do Anhembi, que recebe a Indy neste fim de semana.
Ele era filho de um empresário da região e tinha dois irmãos. Viviane, a mais
velha, e Leandro, o caçula.
Quando criança, ele estudou
em algumas das escolas mais tradicionais da cidade, mas o boletim nunca era dos
melhores. O que ele gostava mesmo era de correr. Desde pequeno, Ayrton pôde
dirigir no sítio da família e logo ganhou um pequeno kart do pai, Milton.
As competições no kartismo
começaram em 1973, quando ele tinha 13 anos. Desde então, venceu praticamente
todos os campeonatos de que participou, menos o mundial. Essa, aliás, sempre
foi uma grande frustração do piloto. O brasileiro foi vice em 1979 e 1980,
quando perdeu para os holandeses Peter Koene e Peter de Bruijn,
respectivamente.
Frustrado com as derrotas,
Senna se mudou para a Inglaterra para correr de F-Ford 1600. Correndo com um
chassi Van Diemen, a primeira vitória não demorou muito para acontecer. Ela
veio no dia 15 de março de 1981, na terceira corrida do ano, em Brands Hatch. O
brasileiro ainda triunfou mais 11 vezes naquele ano para conquistar os dois
títulos da categoria. Ao todo foram 14 vitórias, cinco segundos lugares e três
poles em 20 corridas.
Surpreendentemente, mesmo com
esse bom resultado, o pai de Ayrton queria que ele voltasse ao Brasil para
comandar os negócios da família. O piloto acatou a decisão, mas recebeu uma
oferta para continuar na Inglaterra e andar na F-Ford 2000. Ele pensou no
futuro e resolveu retornar à ilha da Grã-Bretanha para competir. Para que ele
conseguisse morar sozinho na Europa, ainda arranjou patrocínio da Banerj e da
Pool.
Aliás, foi nesse momento que
ele passou a ser chamado de Ayrton Senna. Até o ano anterior, ele competia como
Ayrton Silva, mas como este é um sobrenome muito comum aqui no Brasil, resolveu
adotar o Senna para se diferenciar.
A tática deu certo. Senna
novamente conquistou os dois campeonatos de F-Ford que disputou, o Inglês e o
Europeu. Em 28 corridas em 1982, o brasileiro venceu 22, largou na pole em 18 e
marcou a volta mais rápida – que valia dois pontos – em outras 22. Entre os
dias 10 de julho e 12 de setembro, Ayrton não soube o que era perder. Correu
nove vezes e venceu todas.
Martin Brundle foi o maior
adversário na F3 Inglesa
Com a boa fase, Senna foi
chamado pela equipe West Surrey para disputar uma etapa extracampeonato da F3
Inglesa, em Thruxton, no dia 13 de novembro. O brasileiro assumiu o carro usado
por Enrique Mansilla na parte final da temporada, com o qual o argentino terminou
com o vice-campeonato. E Senna não fez feio. Largou na pole-position e venceu
de ponta a ponta, com 13s de vantagem para o segundo colocado.
Ayrton continuou na escuderia
inglesa para o ano seguinte, quando já começava como um dos principais
candidatos ao título. E ele correspondeu a todas as expectativas, vencendo as
nove primeiras corridas do campeonato (dez seguidas, contando com a de 1982) e
abrindo 34 pontos de vantagem.
O problema é que a má-fase
começou aí. Senna bateu na etapa de Silverstone, no dia 12 de junho, e ainda
ficou de fora em
Caldwell Park , na semana seguinte, devido a outro forte
acidente em um treino livre. O piloto ainda abandonaria as etapas de Snetterton
e outras duas em Oulton
Park , permitindo que Martin Brundle chegasse a Thruxton, na
última etapa do campeonato, na liderança da tabela.
Entretanto, na última prova
do ano, Senna esteve imbatível. O brasileiro marcou o tempo de 1min13s36 para
garantir a pole-position com uma vantagem de 0s3. Brundle, por sua vez, era
apenas o terceiro no grid, 0s5 atrás do brasileiro. Na corrida, as posições não
se alteraram e o futuro tricampeão recebeu a bandeira quadriculada com 6s de
vantagem. Senna terminou o ano com 132 pontos, nove a mais que o inglês, e
sagrou-se campeão.
Eu poderia tranquilamente ver
a vitória de Senna em Macau sentado nesse banquinho aí
Antes de o ano acabar, ainda
houve tempo para que Ayrton competisse em mais uma corrida. O piloto voltou à
equipe West Surrey para a disputa do tradicional GP de Macau. E aí foi mais um
passeio. Pilotando o carro de número 3, ele largou na pole, marcou a melhor
volta da prova e venceu de ponta a ponta, deixando Roberto Guerrero e Gerhard
Berger para trás. Por curiosidade, o grid ainda contou com Jean-Louis
Schlesser, com quem o brasileiro, digamos, se encontraria alguns anos depois.
Após a passagem de sucesso
pela F3, Senna testou por McLaren, Williams, Brabham e Toleman, na F1, fechando
contrato com a última. Brundle também conseguiu ir para a categoria principal,
sendo chamado pela Tyrrell. Depois disso, a história todo mundo conhece. O
brasileiro ganharia três títulos mundiais, faria história e se tornaria um dos
melhores do mundo.
Vendo hoje, é bastante
impressionante o desempenho de Senna nas categorias de base. Mesmo que a
qualidade do grid tenha sido um pouco menor, já que o mundo não era tão
globalizado naquela época, o brasileiro jamais teve adversários e colocou
recorde em cima de recorde por onde passou. Acho que é muito difícil encontrar
alguém com um desempenho parecido nos campeonatos menores. É quase impensável,
hoje, um garoto competir de F-Ford por dois anos e mais uma na F3 antes da F1.
É claro que Senna viveu uma época diferente, quando era permitido treinar, mas
mesmo assim foi uma trajetória deveras meteórica.
FONTE
Womotor
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