Foto: Autogramm
Ayrton Senna
A vítima da máquina
Piloto de fama internacional,
empresário, homem público, herói – Ayrton Senna teve, ao longo de sua carreira,
a vida esmiuçada por repórteres de todo o mundo. Há ainda alguma coisa a dizer
sobre ele que interesse a seus fãs? Há. E muita.
No seu livro Ayrton Senna – sua Vitória, seu legado,
que acaba de ser lançado no Brasil (Ed. Record), a jornalista alemã Karin Sturm
joga novas luzes sobre a fascinante personalidade do imbatível campeão da
Fórmula-1, morto no dia 1º de maio do ano passado em Ímola, Itália.
Especializada em Fórmula-1,
Karin acompanhou durante dez anos a carreira do piloto em pistas de todo o
mundo.
Seu livro – edição de luxo
imprensa na Alemanha em papel couchê
e com dezenas de fotos em cores – começa ali, onde acaba a vida de Senna. Ele
ficara bastante abalado com o acidente envolvendo seu amigo Rubens Barrichello
e com a morte de Roland Ratzenberger, na véspera, durante os treinos. Esteve
pessoalmente nos locais dos acidentes querendo saber, em primeira mão, como
tinham, de fato, acontecido. Os cartolas da Fórmula-1 não gostaram.
Para pressiona-lo a
enquadrar-se e a concentrar-se na corrida, os stewarts of the meeting, comissários da prova, lhe mandaram uma
advertência por escrito, avisando que lugar de piloto era no boxe. Cabia apenas
ao responsável pela segurança preocupar-se com acidentes. Senna era, de fato,
um piloto diferente dos outros.
“Além de dedicar-se à
velocidade, ele também sabia o que se passava fora do circo da Fórmula-1” , diz Karin. “Só aturava a
cartolagem porque não conseguia viver fora das pistas.” Numa profissão caracterizada
pela competição feroz, ele acabou conquistando a simpatia e o respeito de
rivais os quais deveria, conforme os padrões comportamentais da Fórmula-1,
apenas odiar.
Berger: “Ele estava acima da
gente”
É o caso de Gerhard Berger,
que assina o prefácio do livro. Escreve ele: “Seguramente há ainda hoje muitos
na Fórmula-1 que acham que poderiam ter derrotado Senna. Tudo que posso dizer
disso é: que pena, eles não têm idéia da distância a que estavam de Senna. Tive
a felicidade de conhece-lo suficientemente bem para fazer esta avaliação.”
“Ele estava simplesmente dois
ou três degraus acima de nós todos”, afirma em outro trecho Berger, com
surpreendente humildade.
Segundo Karin, Senna
desinteressou-se pela ex-namorada Xuxa porque ela deu declarações aos jornais
sobre o namoro dos dois: “Outros pilotos gostavam de falar sobre cada noite, em
cada cidade diferente, em uma garota diferente. Para Senna, era ruim quando
qualquer história dessas se espalhava.”
Outro potin diz respeito à modelo Marcella Prado, que anunciou, em 1993,
estar esperando um filho do piloto. Quando Senna soube da gravidez de Marcella,
comentou: “Não pode ser! Mas se for menino, pode se chamar Alain.” Referia-se
certamente, a Alain Prost, seu antigo desafeto na Fórmula-1, com o qual, aliás,
se reconciliaria pouco antes de morrer. Depois disso, Senna falou a sério com
seu amigo Gerd Krämer: “Se houvesse a menor possibilidade de ser meu filho, eu
faria os testes imediatamente. E, se fosse meu filho, é claro que o assumiria.
Mas não é o caso.”
Segundo Karin, a namorada que
Senna assumiu realmente foi Adriane Galisteu. Na véspera do acidente o piloto
telefonou para ela, de Ímola, e disse: “Estou com um pressentimento muito ruim
em relação a essa corrida, preferia não participar.” É o que todos gostariam
que tivesse acontecido.
Ayrton Senna só assumiu de verdade Adriane Galisteu
FONTE PESQUISADA
Ayrton Senna: A vítima da máquina. Manchete,
Rio de Janeiro, nº 2234, 28 de janeiro 1995.
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