Após Atormentar a Cabeça de Ayrton na Noite Anterior, Família Senna Custa a Acreditar na Morte do Piloto

Monumento em homenagem a Ayrton Senna no local de seu acidente, em Ímola na Itália

A família atormentou Ayrton Senna nos seus últimos dias de vida, sobretudo na noite anterior ao acidente fatal. O motivo: eles eram contra o casamento do campeão com sua namorada Adriane Galisteu.

O desentendimento de Ayrton e família teve início em fevereiro de 1994, quando o tricampeão os comunicou que iria viver com a namorada em Portugal, e ficaria um bom tempo sem vir ao Brasil visita-los. Avisou também que pretendia oficializar a união com a amada, ou seja, se casar com Adriane.

Ayrton iria pedir Adriane Galisteu em casamento

Para impedir os planos de Ayrton e Adriane Galisteu a família transformou a vida de Senna em um verdadeiro inferno e tiveram a brilhante ideia de armar contra o casal. A família enviou Leonardo Senna, irmão de Ayrton, ao Grande Prêmio de San Marino, em Ímola na Itália – corrida pelo qual Senna perderia a vida. Leonardo foi ao encontro do irmão com a missão da família de fazer Ayrton desistir de se casar com Adriane.

Leonardo amofinou seu irmão Ayrton na noite anterior de uma corrida de Formula 1 (GP de San Marino 1994) – algo que não se deve fazer jamais a um piloto antes de uma corrida automobilista, podendo até mesmo propiciar um acidente. No dia seguinte Leonardo e a família receberam a notícia da morte do campeão. 

Amofinar: aborrecer, afligir, angustiar, apoquentar, atormentar, torturar e tratear

Será que Leonardo Senna, – que discutiu com o irmão na noite antes do falecimento dele – e sua família tem uma parcela de culpa pela morte de Ayrton? Nós nunca saberemos, pois o acidente até hoje não foi totalmente esclarecido.

O que sabemos realmente é que Ayrton estava furioso com as atitudes e armações da família contra Adriane em seus últimos dias de vida:

Mais grave terá sido – principalmente para Ayrton – o fato da família ter mandado grampear os telefones de seu apartamento em São Paulo e de sua casa em Angra dos Reis. Isso o terá desgostado muito, a ponto de, segundo informações que tive, lhe terem provocado uma reação para depois de Imola, que jamais aconteceu. (Livro "Ayrton Senna do Brasil")

"Eu sei que ele estava muito chateado que sua família desaprovava Adriane. Eles nunca aceitaram ela, mas eu sempre senti que ela era a mulher certa para ele, que eles teriam se casado." (Jo Ramirez, amigo e ex-coordenardo técnico da McLaren)

Essa família do Ayrton deveria respeitar os sentimentos dele por Adriane. Senna era um homem de 34 anos, independente, experiente e vivido. Sabia muito bem o que estava fazendo. Para família não contava a felicidade de seu filho, dele ser feliz com a mulher que amava, que escolheu para dividir a vida? Ayrton só queria ficar com quem amava e ser feliz. Ele tinha esse direito.

Amigos falam sobre a felicidade de Ayrton ao lado de Adriane Galisteu:

“Alegre ele estava quando conheceu Adriane Galisteu. Ele ficou outra pessoa. Mais alegre, mais falante, mais solto. Dava para perceber uma diferença no Ayrton” – (Walderez Zanetti – amiga pessoal e cabeleireira de Ayrton durante 11 anos)

Assista mais depoimentos Ayrton e Adriane:

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Após Atormentar a Cabeça de Ayrton na Noite Anterior, Família Custa a Acreditar na Morte do Piloto

Será que a família tem remorso? Espero que sim. É o mínimo... depois de tudo que fizeram.

O que Bernie (chefão da F1) falou para Leonardo Senna (irmão de Ayrton)

Por Betise Assumpção

Betise Sport World - betisesportsworld.net

01 de maio de 2014

Hoje, eu vou falar sobre aquela reunião. No interior do motorhome da então FOCA,  em 01 de maio de 1994 , estava o Bernie , a Slavica ( sua então esposa) , o Leonardo e eu.

Leonardo e eu saímos dos boxes da Williams e caminhamos em direção a torre de comando do autodromo em busca de mais informações.  Quando nos aproximamos, Bernie estava saindo de lá. Ele olhou para nós e disse ao Leonardo , agarrando-o suavemente pelo braço e dirigindo -o para o motorhome.

“Eu preciso falar com você”

Eu traduzi  para o  Leo e caminhei junto com eles. Bernie virou para mim e disse .Voce não.”

Então eu expliquei. “O Leo não fala uma palavra de Inglês ” . Bernie balançou a cabeça e teve que aceitar , nos direcionando ao motorhome .

Quando entramos, Slavica já estava lá. Sozinha, muito abalada e chorando. Bernie se sentou no braço de uma poltrona;  nós dois no sofá em frente .

O Bernie disse que tinha notícias do Ayrton . Leo estava branco.

” Ele está morto ” , falou. Pensei por alguns segundos, “como eu posso traduzir isto  e dizer pro Leo de uma forma mais amena , considerando que ele só falou duas palavras ! ” .

Então eu me virei para o Leo e , da maneira mais gentil e carinhosa possível, eu falei : ”  Leo, eu sinto muito ter de te falar isto, mas ele está dizendo que o Ayrton está morto”

Leo ficou atordoado . Ele olhou para mim, depois para Bernie . Não disse uma palavra. Tive vontade de abraçá-lo. Ele começou a chorar. A soluçar. Ai o Bernie acrescentou :

“Mas nós só vamos anunciar mais tarde para não parar a corrida” . E eu traduzi para o Leo. Mesmo antes de eu terminar ele já estava descontrolado, chorando alto e tremendo. Eu realmente não sabia o que fazer. Eu nunca tinha visto uma dor tão crua.

Bernie levantou-se , pegou uma maçã e começou a conversar  com a Slavica, que chorava ainda mais alto. Levei alguns minutos para conseguir acalmar o  Leo. Ele ainda estava muito abalado e incapaz de dizer qualquer coisa quando eu lhe disse, mais uma vez da maneira mais gentil possível. – e segurando suas mãos nas minhas.

“Leo , eu realmente sinto muito. Nossa, de verdade. Nem sei mais o que dizer para você, mas uma coisa voce tem que fazer. Você precisa se recompor e ligar para seus pais no Brasil. Eles devem estar desesperados e não pode ser eu a lhes dar esta noticia. Eles precisam ouvir isso de você. Tenho certeza de que vai ser mais reconfortante para eles também ”

Expliquei isso ao Bernie e ele, imediatamente, ofereceu o telefone do motorhome. Leo fez a chamada.

Foi quando Martin Whitaker , o então assessor de Imprensa da FIA, entrou no motorhome.  Bernie e Martin conversaram por alguns minutos. Então Martin virou-se para mim e disse .

” O que eu disse na sala de imprensa é que Ayrton teve ferimentos na cabeça e foi levado para o hospital”

” O Bernie acaba de nos dizer que o Ayrton está morto “, eu respondi. Leo estava no telefone comunicando a sua família que o Ayrton tinha morrido , em lágrimas. E novamente muito abalado.

” Não, o que eu disse a imprensa é que ele teve ferimentos graves na cabeça ” , explicou Martin.

. ” Sim, eu sei disso, mas já sabemos que ele está morto ” , insisti , obviamente querendo dizer que ele não precisa nos dar o PR line ; que nós sabíamos a verdade. Martin fingiu não entender  e repetiu a mesma coisa.

Então, eu puxei-o para uma salinha menor na parte de trás do motorhome . Tínhamos trabalhado juntos uns anos antes , quando ele era o assessor de Imprensa da McLaren. Então eu pensei que poderia contar com o respeito dele .

“Martin , eu acho que você não entendeu  a delicadeza da situação. O Leo já contou pra família que o  Ayrton morreu. Eles já estão lidando com uma dor enorme. ”

” Betise , eu entendo isso. Mas eu disse à imprensa que ele tinha ferimentos na cabeça e foi para o hospital. Eu não disse  que ele está morto ”

” Sim, Martin, mas o que eu estou tentando dizer é que , se você insistir nesta postura, eu vou ter que sair desta sala , e ir dizer ao Leo que o Ayrton ainda está vivo e, consequentemente, dar a sua mãe e seu pai a esperança de que ele possa se recuperar. Uma esperança que não existe”

Martin foi categórico : ” Betise , ele não está morto. Esta é a informação que eu estou dando a todos. ” .

Saí da sala , contei pro Leo. Ele telefonou para o Brasil novamente e disse a sua mãe Neyde e pai  Milton . Passei as próximas cinco horas traduzindo , organizando, transmitindo recados e lidando com as esperanças e dores de Leo no hospital e da família no Brasil.  Só quando o Dr. Syd Watkins chegou ao hospital  ficou tudo esclarecido . Eu estava com a irmã do Ayrton no telefone me dizendo que eu deveria rezar, eu deveria ter esperança, Ayrton era forte. Eu simplesmente não conseguia faze-los compreender a gravidade da situação. Tirei o telefone da  orelha e disse pro  Syd. “É  a Viviane . Ela não acredita quando eu digo a ela o quão grave é o estado do Ayrton. Eu não sei mais o que dizer. Você poderia falar com eles. Tenho certeza que vão te escutar ” , eu disse . Syd olhou para mim. Ele estava visivelmente triste e com dor. ” Betise , não há esperança nenhuma. Ele já estava morto na pista” ( e passou a descrever alguns detalhes de suas lesões na cabeça , que eu não vou escrever aqui , em nome do bom gosto e em respeito à sua família e amigos próximos ) . Eu fiquei muda. Cabeça vazia. Simplesmente entreguei-lhe  o receptor.

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Leonardo chorou, se desesperou, ficou abalado e tudo mais pela morte de Ayrton, porém no outro dia se apossou de tudo que pertencia ao irmão

Leonardo armou com a família para separar seu irmão do amor de sua vida, Adriane Galisteu. Atormentou a cabeça do irmão. E por fim ficou com tudo que pertencia a ele.

Logo Após Morte de Ayrton Senna, o Irmão Leonardo Apossou-se de Seus Pertences Pessoais

Em uma reportagem do jornal o Globo é revelada uma confidencia de Adriane Galisteu, uma das poucas sobre a família Senna. Foi num jantar em homenagem a Luciano Pavarotti no começo de 1995, onde estavam presentes dezenas de convidados. Adriane comentou com uma amiga que Leonardo (irmão de Ayrton Senna) havia saído na capa da Revista Caras com uma roupa que ela deu a Ayrton de presente. 

Foto: Leonardo Senna sorridente na capa da revista Caras em 1995 pouco tempo depois da morte do irmão

Confira a reportagem do O GLOBO de 01 de Janeiro de 1995:

Leonardo se mudou para o apartamento do irmão nos Jardins/SP no dia seguinte da morte de Ayrton, além disso se apossou de objetos pessoais como roupas e dois carros. Lembrando que Leonardo ajudou a armar contra Adriane Galisteu, para separa-la do irmão dele, uma armação da parentada (parentes de Ayrton) para impedir que Ayrton pedisse a amada em casamento, o que aconteceria naquele mesmo dia do acidente que lhe custou a vida.

Revista Caras 30/12/1994: Leonardo Senna, O Honda de Ayrton:

O apartamento de São Paulo era a residência de Ayrton e Adriane no Brasil,  um ano antes do acidente ele havia fixado residência na mansão do Algarve em Portugal, onde vivia com sua amada, mas continuava com esse apartamento, assim como também um outro que possuía em Mônaco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGEL, Hildegard. Noite impecável na Gávea Pequena. O Globo, 28 de Janeiro de 1995, Matutina, Ela, p. 7.

Leonardo Senna O Honda de Ayrton. Revista Caras, São Paulo, nº 52, ano 1, Edição 60, Editora Abril, 30 de dezembro de 1994.

SANTOS, Francisco. Ayrton Senna do Brasil. 4ª Edição. São Paulo: EDIPROMO, novembro 1994.

ASSUMPÇÃO, Betise. SENNA: O QUE BERNIE FALOU PARA LEONARDO SENNA. Disponível em: <http://betisesportsworld.net/2014/05/01/senna-o-que-bernie-falou-para-leonardo-senna/>. Acesso em: 19 de março 2015.