segunda-feira, 19 de abril de 2021

Senna exclui Piquet dos favoritos

Foto ilustrativa

Ayrton Senna fez sua primeira coletiva desde que chegou em férias

SÃO PAULO – Ayrton Senna  finalmente concordou em falar sobre automobilismo, após mais de 2 meses de férias no Brasil. E na sua primeira coletiva disparou: a McLa­ren e a Ferrari são as grandes favoritas ao titulo, desprezando assim a Lotus, de Nélson piquet.

– A Ferrari terminou o campeonato melhor e deverá começar me­lhor. E claro que o regulamento irá equilibrar o desempenho dos carros aspirados com os de motor turbo. Mas tenho certeza. que os turbos ainda levarão vantagem e a Ferrari e a McLaren disputarão o título.

Para o piloto, "a Fórmula-1 é business, depois é que vem um pouqui­nho de esporte". Com  este raciocínio, explicou porque  não  está preocupado com o seu relacionamento com o bicampeão mundial Alain Prost na McLaren/Honda.

–Teoricamente o Prost, que é um dos melhores pilotos da F-1 – se não for o melhor – teria vantagens dentro da equipe por já estar la há mui­to tempo e por ser amigo de todo o pessoal. Mas, a F-1 é um mundo que tem que ser entendido pela ótica do dinheiro, dos interesses em jogo. E estes interesses exigem que eu e o Prost funcionemos como uma equi­pe, cujo objetivo é conseguir os me­lhores resultados, seja com um ou com o outro. E assim que tudo foi acertado, inclusive por contrato.

Embora considere a Ferrari e a McLaren favoritas, Senna prevê um campeonato mais disputado devido as mudanças de regulamento deste ano, como as limitações de combustível (150 litros) e potência do turbo (2,5 atmosferas).

Ayrton embarcará no começo da próxima semana para Europa, onde fará seu primeiro teste com a McLaren/Honda no dia 15 de fevereiro. Este não será o carro que irá participar do GP do Brasil:

– O novo carro só irá ficar pronto para os testes de pneus marcados para Jacarepaguá. Atê lá, vamos testar o carro que o Prost já usou no Estoril,sendo superado apenas em milésimos de segundo pela Ferrari de Berger. É impossível falar sobre um carro antes dele ficar pronto, mas, por este resultado, podemos esperar que ele seja competitivo.

A maior parte do tempo da entrevista de Ayrton foi usada pelo piloto para justificar seu afastamento da imprensa, que ficou patente neste período no Brasil quando ele se negou a falar sobre automobilismo:

– Quando eu comecei minha carreira, tinha contato com uns 10 jornalistas. Com o passar do tempo este número foi crescendo a ponto de eu não ter mais tempo para quase nada. Se eu fosse atender a todos, perderia todo o tempo que tenho para férias e não bastaria. Além disso, meu trabalho não se restringe às pistas, pois gasto muito tempo negociando contratos, como o que me tirou da Lotus. Eu já tinha tudo definido em abril passado, mas só pude anunciar minha ida para a McLaren depois que a Lotus divulgou a contratação de Piquet.

Ayrton explicou ainda que terminou a temporada completamente esgotado e pediu a Ron Dennis, proprietário da McLaren, para não participar dos testes já realizados:

– Desde o meio do ano eu não aguentava mais. Só ia contando o número de GPs que faltavam para eu correr. Eu não tive condições de ir ao teste de Estoril em dezembro, e nem em outro, secreto, que foi feito este ano. Felizmente, após dois me­ses e meio sem sentar num carro de corrida, estou pronto para recomeçar, concluiu o piloto.

Ron Dennis e Ayrton Senna em 1988


FONTE PESQUISADA

O GLOBO. Senna exclui Piquet dos favoritos. O Globo, 04 de Fevereiro de 1988, Matutina, Esportes, página 32.


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