O ano de 1994 foi marcado
pelo acidente fatal de Ayrton Senna no Grande Prêmio de San
Marino, em Ímola. O automobilismo perdia um dos maiores pilotos da história.
EXIBIÇÃO
27/03/1994 a 13/11/1994
27/03/1994 a 13/11/1994
A Rede
Globo transmitiu com exclusividade todas as provas do mundial, que começou
com o Grande Prêmio do Brasil. Nesse ano, novas regras foram instituídas para
tornar a disputa mais competitiva. Na tentativa de estabelecer equilíbrio entre
as equipes, a Federação Internacional Automobilística, a FIA, aboliu dos carros
inovações tecnológicas como suspensões ativas, freios ABS, controle de tração,
aceleradores e os câmbios automáticos.
Uma das novidades da Fórmula
1 foi a volta do reabastecimento dos carros durante a corrida. Por causa disso,
para evitar o risco de acidentes, foi necessário utilizar
nos boxes câmeras que corriam sobre trilhos energizados e que não
liberavam qualquer tipo de fagulha. O cinegrafista que operava essa câmera
precisava utilizar roupas especiais à prova de fogo.
Senna vai para a Williams
Depois de quase 10 anos (na
McLaren?), Ayrton Senna assinou contrato com a equipe Williams. Por
causa disso, Alain Prost, seu principal rival nas pistas, parou de competir.
Prost era campeão mundial na época, mas não admitiu correr na mesma equipe de
Senna.
O acidente que chocou o mundo
O ano de 1994 foi de tristeza
para o automobilismo nacional e mundial. No dia 1º de maio, no Grande Prêmio de
San Marino, em Ímola, na Itália, Ayrton Senna sofreu um acidente fatal na
sétima volta da corrida, na curva Tamburello. A Rede Globo transmitiu
toda a cobertura da morte e do sepultamento do piloto nos seus programas, com
destaque para o Fantástico e o Esporte Espetacular. Enquanto mostrou seu
talento nas pistas, de 1984 a
1994, Ayrton Senna manteve tamanha empatia com o povo, que o país parava para
assistir às suas manobras e se emocionar com suas vitórias. Os brasileiros
souberam da morte de Ayrton Senna ao vivo, exatamente em um domingo de corrida,
quando o piloto brigava volta a volta pela vitória. Nesse dia, o automobilismo
perdia um de seus maiores pilotos, e o Brasil, um ídolo.
O jornalista Ciro José recorda
que a equipe de engenharia da Globo montou toda a estrutura para a cobertura do
acidente em tempo recorde. “Quando aconteceu o acidente, percebemos que era
muito grave. Nós fomos buscar gente na RAI para ajudar porque
precisaríamos estar preparados. Tratamos de arrumar helicóptero, up-link em
frente do hospital para onde ele seria removido e ficamos em contato com o
pessoal que estava transmitindo a corrida. Então montamos todo o esquema
imediatamente, com essas facilidades. Dentro de um período razoável,
conseguimos colocar o up-link(talvez seja legal explicar o que é) na porta
do hospital, que deu chance para que nós entrássemos com o nosso
equipamento ao vivo de lá. Preparamos o cenário e entramos no Fantástico,
já com a notícia da morte do Senna. Se analisarmos do ponto de vista
jornalístico, foi uma coisa impressionante do aspecto de engenharia da Globo,
de preparar tudo. Acompanhamos todo o cortejo, do aeroporto até o sepultamento,
praticamente o tempo inteiro no ar. A engenharia da Globo conseguiu, num
período recorde, montar todo aquele esquema. Além das imagens de helicóptero,
você tinha imagens com câmeras e lentes especiais em alguns pontos da cidade de
São Paulo. Foi um negócio muito triste pelas circunstâncias, mas, ao mesmo
tempo, foi uma demonstração de uma capacidade ímpar da engenharia da Globo, com
rapidez e agilidade, de conseguir montar esses esquemas”
O GP de Ímola foi marcado por
uma série de acidentes. Nos treinos na sexta-feira, antes da prova, o piloto
brasileiro Rubens Barrichello chocou a sua Jordan em uma curva rápida. Outra
vítima foi o austríaco Roland Ratzenberger, que bateu em alta velocidade. O
piloto chegou a ser atendido pelos médicos, mas, quando chegou ao hospital de
Bologna, já estava morto. A série de acidentes provocou a discussão sobre a
segurança nos carros de corrida na FIA. Nessa temporada, o campeão foi o piloto
alemão Michael Schumacher.
GP DO BRASIL
A Rede
Globo acompanhou os detalhes da prova de Interlagos com 55 câmeras, no de
27 de março. A cobertura começou na sexta-feira com a apresentação do primeiro
treino oficial. No sábado foi exibido o último treino para definição
do grid de largada. Desde cedo, as equipes de jornalismo estavam no
autódromo para cobrir a chegada do público e os últimos acertos das equipes.
Uma hora antes do início do GP, foi apresentado um especial que mostrou os
detalhes da pista, um perfil das equipes e dos pilotos. Três brasileiros —
Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Christian Fittipali — participaram
da prova.
Durante a transmissão, dois
sinais diferentes foram enviados para o satélite. O primeiro era destinado ao
Brasil, e o segundo para os 38 países que acompanharam o GP do Brasil ao vivo,
sem as reportagens locais. Assim como em 1993, temas musicais especiais foram
preparados para acompanhar a cobertura. Ao longo da prova, dados como troca de
marchas e aceleração foram acompanhados pela Rede Globo com a apresentação de
gráficos na tela.
O GP do Brasil foi disputado
em 71 voltas de 4.325
metros cada, num total de 307.075 quilômetros .
O brasileiro Ayrton Senna largou na pole position, mas não terminou a
prova (por quê?). O vencedor foi o alemão Michael Schumacher, da Benetton.
A corrida teve a direção de Aloysio Legey, a narração deGalvão
Bueno, os comentários de Reginaldo
Leme e as reportagens de Roberto
Cabrini, Marcos
Uchoae Luís Fernando Lima. A prova foi organizada no Autódromo de
Interlagos, em São Paulo.
FONTES
Depoimento concedido ao
Memória Globo por Ciro José em
06/04/2001; BPRG, 1107; “Os brasileiros no GP Brasil”, O Globo,
31 mar 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário