sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pedro Lamy Fala da Ligação de Ayrton Senna Com Portugal e de sua Estreia na F1 há 20 anos Atrás

Pedro Lamy é um ídolo em Portugal, foi o primeiro piloto português a conquistar pontos na F1.

Pedro Lamy: "Ayrton Senna. Ajudou-me muito, porque tinha grande ligação a Portugal e queria ajudar os portugueses."


As memórias do piloto português, o amigo Ayrton Senna e uma F1 diferente...para melhor


12/09/2013  

Pedro Lamy, aos 41 anos, dando autógrafos na WEC

12 de setembro de 1993. Pedro Lamy alinhava naquela que seria a sua primeira participação num Grande Prémio de Fórmula 1. O palco foi o circuito de Monza, em Itália, a conhecida «catedral da velocidade». Aos 21 anos, o português realizava um sonho. Passaram outros 20 e Lamy acha que nem mudou assim tanta coisa.

Quanto atende o telefonema do Autoportal, Lamy assume que nem estava a par da efeméride. “Não reparei no calendário”, atira, entre risos. Depois fala do que mudou. “Tinha menos 20 anos...Mudou muita coisa no mundo, mas para mim só mudou a experiência. Tenho o dobro da idade. Continuo a correr e isso é o que importa”, explica.

Na rua, Lamy ainda hoje é lembrado como um ex-piloto de Fórmula 1. Mais até do que um piloto, aquilo que ainda é, pois compete no Mundial de Resistência.

“A Fórmula 1 foi um marco e foi o que me tornou mais conhecido, porque cheguei lá numa altura em que era uma competição muito seguida em Portugal. Continuam a colar-me à Fórmula 1, sobretudo as pessoas que estão menos a par dodesporto automóvel e não sabem o que faço” explica.

A entrada no «Circo» foi, acima de tudo, a realização de um sonho. “Qualquer jovem que compete em Fórmulas quer chegar ali. É o ponto alto. Objetivos? Em todas as corridas os pilotos entram para vencer. Eu nunca tive essa oportunidade na F1, infelizmente”, recorda.

Por isso não tem dúvidas que o melhor momento foi mesmo quando se sentou pela primeira vez num F1. Supera, inclusive, o ponto que conquistou em Adelaide, em 1995. O primeiro de um português. O pior momento também escolhe facilmente: “O acidente que me obrigou a parar um ano e meio.”

«F1 não foi o ponto mais alto da minha carreira»

A corrida de estreia não correu da melhor forma. Lamy alinhava pela Lotus-Ford, em substituição de Alessandro Zanardi. A qualificação correu mal, devido a problemas no carro. Partiria em último. A corrida estava a correr melhor, mas uma falha elétrica deixou-o apeado a três voltas do final. “Não foi uma estreia de sonho”, assume.

“Ainda hoje digo, e nem sempre me levam a sério, que a Fórmula 1 não foi o ponto alto da minha carreira. Foi um marco, claro. Foi o que me tornou mais conhecido. Mas pontos altos foram todos os títulos que conquistei. Estive em equipas oficiais da Mercedes, BMW, Ford ou Aston Martin e lutava por vitórias. Na F1 nunca tive essa oportunidade. Não posso dizer que foram os meus anos mais felizes porque não foram”, insiste.

Lamy também não tem dúvidas que, vinte anos mais tarde, a Fórmula 1 mudou...para melhor. “Agora há mais equipas a disputar o título. Há mais espetáculo, mesmo que as pessoas continuem agarradas ao passado”, frisa.

A falta de pilotos referência não é, também, algo que Lamy defenda. Acha que mudará no futuro. “No meu tempo, é verdade, havia o Ayrton Senna que as pessoas seguiam muito. E também o Prost. Mas havia quem se lembrasse do Niki Lauda, até do Fangio ou do Jackie Ickx. Hoje há outros pilotos, também com muita qualidade”, define.

«Amigos na Fórmula 1? Ayrton Senna!»

Pedro Lamy e veterano Ayrton Senna


Aos 41 anos, Lamy promete continuar a correr enquanto se sentir competitivo. Questionamos se a vida de piloto era assim tão boa. “É boa para quem gosta”, sorri. “Quem faz o que gosta, não fará nada melhor. Mas, sim, para alguns pilotos é muito boa. Para os que ganham muito dinheiro e têm muito conforto. Para a maioria, é difícil. É preciso muita luta para continuar a fazer-se o que se gosta”, destaca.

Mas não lamenta. A corrida aos patrocínios é dura, mas não é exclusivo do automobilismo. “Para qualquer jovem é mais difícil ter sucesso hoje em dia”. Nesse sentido, faz uma pausa nas memórias para lembrar a possível entrada de António Félix da Costa em 2014. “Estou a torcer por ele, claro. É um talento, está numa estrutura forte e tem tudo para correr bem”, destaca.

Voltando a si, Lamy acha que o tempo que passou no «Circo» foi “o suficiente”. “Não ia conseguir lutar por vitórias, achei melhor sair. Já tinha feito o que queria dentro do que me era possível”, explica.

Deixou a Fórmula 1 com 24 anos à procura de outras oportunidades. Deixou amigos. “Ainda hoje falo com o meu engenheiro da altura. Pilotos? Ayrton Senna. Ajudou-me muito, porque tinha grande ligação a Portugal e queria ajudar os portugueses. E também os meus colegas de equipa, claro”, recorda.

Vinte anos depois, em suma, Lamy não mudou muito. Continua com cara de miúdo. Mas de carros percebe ele.

João Tiago Figueiredo

FONTE

Auto Portal

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