Você conhece este senhor de
cara boa, dando suas braçadas enquanto sorri?
Para o banqueiro Walter
Moreira Salles, ele seria o Pelé dos negócios. Para o próprio Pelé, o
brasileiro mais fanático por esporte que ele conhece. Para o ex-piloto Emerson
Fittipaldi, um patrimônio nacional. Para Ayrton Senna, o amigo que o abrigava
nos bons e maus momentos e ao lado de quem viveu suas duas últimas semanas em
1994. Para Lázaro de Mello Brandão, um empresário versátil, propugnador de seus
ideais. Para Bebeto de Freitas, o sujeito que influenciou toda uma geração de
atletas e técnicos.
Assim o descreveu André
Viana, um dos pouquíssimos jornalistas que tiveram o privilégio de entrevistar
Antonio Carlos de Almeida Braga, esse simpático senhor de 83
anos conhecido como “Braguinha”, perfilado por ele em 2008 para a revista
“Private Brokers” (edição 19), que gentilmente cedeu à coluna esta rara imagem
feita pelo fotógrafo Kiko Ferrite.
Braguinha mereceria um estudo
detalhado. Mas não para entender as habilidades e o fair play que o ajudaram a
erguer o maior grupo segurador da América Latina, o Atlântica Boavista,
vendê-lo ao Bradesco e depois se tornar presidente e um dos principais
acionistas do então maior banco privado do Brasil. Nem tampouco para desvendar
como esse homem fez do vôlei brasileiro um dos primeiros sinais concretos de
que poderíamos, sim, ser protagonistas mundiais em frentes impensáveis. Ou como
o mesmo sujeito tornou-se um dos maiores apoiadores das mais diferentes figuras
e modalidades do esporte nacional como Ayrton Senna e Guga, para citar só dois.
A principal meta da tal junta
seria tentar isolar o gene capaz de fazer alguém que conquista dinheiro e
projeção social amanhecer um belo dia e decidir parar tudo aos 60 anos para
viver uma vida de sossego ao lado da mulher, da família e dos amigos. Mas
desfrutando também da atitude de focar sua fortuna e seu talento no
desenvolvimento de atletas em modalidades esportivas menos desenvolvidas.
Por incrível que possa
parecer, contam-se aos milhares as pessoas que conquistam e acumulam riquezas
enormes. Mas são pouquíssimas as que conseguem em algum momento se desprender
de uma espécie de, digamos, “síndrome do acúmulo”.
Braguinha sabe que a vida é
bem maior do que isso.
Refletindo sobre isso,
difícil não lembrar de uma das mais comentadas reflexões do líder espiritual do
Tibete e Prêmio Nobel da Paz, o Dalai Lama, que talvez consiga fechar sábia e
eficientemente a questão.
Perguntaram a ele:
– O que mais te surpreende na
humanidade?
E ele respondeu:
– Os homens… Porque perdem a
saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E,
por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que
acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem
morrer…
E morrem como se nunca
tivessem vivido.
FONTE PESQUISADA
LIMA, Paulo. Liquidez. Disponível em: <http://istoe.com.br/62015_LIQUIDEZ/>.
Acesso em: 09 de setembro 2016.
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