quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Conheça de onde veio idolatria por Senna no Japão e no quê ele se parecia com os japoneses


TÓQUIO (IPC Digital) – Até hoje Ayrton Senna é referência no Japão, quando perguntado aos japoneses.

Tamanha admiração de um país tão distante do Brasil é devido a três fatores, segundo profissionais japoneses ligados à Fórmula 1, que conviveram com o tricampeão brasileiro:

FATOR 1) Senna não era europeu, era alguém que vinha de fora, e isso era visto como um desafio, segundo o jornalista Masuhiro Owar;

FATOR 2) Os japoneses não gostam de gente política, como Prost, e Senna também não gostava.

FATOR 3) Senna chegou em um momento em que a F-1 estava crescendo, com o retorno do GP do Japão e o início das transmissões com a TV Fuji em 1987. E como não havia grandes pilotos, era preciso escolher um herói. Na época Senna estava pilotando para a Honda, foi fácil para os japoneses escolher.

Apesar da identificação ter sido fácil e rápida, o que começou como uma torcida acabou se tornando uma espécie de idolatria muito em função do jeito de ser do brasileiro, semelhante ao dos japoneses em alguns aspectos.

“Mesmo depois de 20 anos, não há ninguém como ele. Nossos heróis nunca foram fortes fisicamente, mas sim mentalmente. O judô tem como princípio fazer com que o mais fraco bata o mais forte. Nós somos assim: pessoas normais, mas fortes mentalmente. E apreciamos isso.”

O fotógrafo Fujio Hara concorda. “Ele era magro e as corridas não eram fáceis para ele fisicamente. Então ele sempre pesquisava o que poderia fazer para aguentar todo o fim de semana. Ele era muito forte nesse aspecto: sabia dividir a energia em cada sessão.”

Trabalhando com a montadora, o fotógrafo conseguiu um acesso especial ao tricampeão. E também despertou sua curiosidade. “Quando ele estava na pista, sabia quem era cada fotógrafo. E me perguntava por que eu ficava escondido lá no fundo, com uma lente maior que a dos outros. Eu gosto de tirar foto mais de longe para tirar fotos mais naturais, e ele dizia ‘você quer me pegar desprevenido!’. Mas sempre pedia para ver como tinham ficado as fotos”, conta.

“As pessoas na FIA não gostavam muito dele na época. Os japoneses sabiam que ele não se sentia bem com isso e ficavam do lado dele. Gostavam dele por sua maneira de ser, porque ele não estava satisfeito com aquilo, mas aguentava e dava sempre seu melhor, assim como os japoneses fazem. Eles gostam de gente que não reclama explicitamente, mas que se ‘vinga’ com resultados.”

Outra testemunha desta paixão é Sonia Ito, que mudou-se com a família de Portugal para o Japão em 1982 e, desde 1987, trabalha como tradutora em Grandes Prêmios. A profissional acredita, contudo, que não eram as palavras que aproximavam o piloto brasileiro dos japoneses.

“Vai além da barreira da linguagem, tem a ver com o jeito de ser. Tínhamos o Prost, que tinha muita garra e era muito bom, mas o Senna passava algo diferente e os japoneses sentiam isso. Eles são muito sensíveis, não falam muito, então esse tipo de comunicação sem palavras é importante para eles. Eles gostavam do Prost como piloto, mas nada como o Ayrton”, contou Sonia ao UOL Esporte.

“Ele sempre dava muita atenção aos jornalistas japoneses porque sabia que representava a Honda. As pessoas o amavam. Eles nunca tiveram esse tipo de paixão por outro piloto. O Michael [Schumacher] acabou ficando muito famoso também por aqui, mas o amor que eles têm pelo Ayrton é diferente, é como no Brasil.”

FONTE: UOL ESPORTE


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IPC.DIGITAL -  Conheça de onde veio idolatria por Senna no Japão e no quê ele se parecia com os japoneses. Disponível em: <https://ipc.digital/conheca-de-onde-veio-idolatria-por-senna-no-japao-e-no-que-ele-se-parecia-com-os-japoneses/>. Acesso em: 22 de outubro 2020. 

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