domingo, 18 de novembro de 2012

ADRIANE DIZ QUE FICOU SEM DINHEIRO APÓS A MORTE DE SENNA



ADRIANE DIZ QUE FICOU SEM DINHEIRO APÓS A MORTE DE SENNA

18 DE MAIO DE 1996 

ENTREVISTA A MICHEL PEYRARD/ PARIS MATCH  



Depois do desabafo de Viviane Senna, a reportagem da Paris Match 
procurou Adriane Galisteu para conhecer o outro lado da moeda. A 
modelo admitiu que não posaria nua se o piloto estivesse vivo e acu- 
sou o clã dos Senna de tentar controlar as amizades de seu integrante mais 
famoso. Reconheceu que ganhou notoriedade após a morte do ex-namora- 
do, mas justificou: "Consagramo-nos um ao outro durante 18 meses." 

PM - Você acaba de comprar um apartamento de 314 metros quadrados nos Jardins, área nobre de São Paulo. Pagou com o cachê recebido' da revista Playboy por posar nua ou com os dividendos do livro de confidências sobre sua relação com Ayrton Senna? 

Adriane Galisteu - O cachê da Playboy foi suficiente. Deu para com- 
prar o apartamento, mobiliar e morar. 

PM - Alguém tem o direito de censurá-la por ter utilizado a fama de 
Senna para ganhar dinheiro? 

Adriane Galisteu - Tenho consciência de ter ganho notoriedade após a morte do 
Ayrton. Mas sei também que devo muito ao meu trabalho. Sempre fui 
manequim e, simplesmente, parei de trabalhar quando começou minha 
relação com o Ayrton. Um ano antes do acidente, nós nos encontramos e 
eu estava de partida para as Bahamas, onde faria um filme pu- 
blicitário. Ele estava no Brasil por uns dias, pronto para voltar à 
Europa. Aí ele me disse: "Se continuar assim, nunca estaremos jun- 
tos." Então, eu decidi interromper meu trabalho. E, após a morte dele, 
me vi sem dinheiro. Teria sido indecente se, dois meses depois do desa- 
parecimento dele, eu posasse sorridente para fotos numa revista. Optei 
por escrever este livro, que foi uma ideia do (Antônio) Carlos de Almei- 
da Braga, um dos amigos mais próximos do Ayrton. O resto 
não é mais do que o meu trabalho. Nas páginas da Playboy, não 
há qualquer alusão ao Ayrton, assim como no contrato que acabo de assinar 
com uma editora brasileira. 

PM - Ayrton aprovaria a reportagem da Playboy? 

Adriane Galisteu - Provavelmente, não. Eu já havia posado para essa revista antes, 
mas as fotos não chegaram a ser publicadas. Ayrton conseguiu recu- 
perar os negativos com a direção. Eu não faria nada que pudesse 
desagradá-lo em vida, mas hoje eu tenho que seguir em frente. Tenho 
23 anos e não posso viver eternamente presa ao passado. 

PM - Você não fez nada especial para lembrar o último aniversário 
da morte dele? 

Adriane Galisteu - No céu não há calendário. são dois anos só para nós aqui na Terra. 
Mas eu rendo homenagens ao Ayrton diariamente, ao tocar um objeto, 
sentir um perfume ou ouvir uma música. Este aparelho de som, eu 
comprei para ele (aponta uma aparelhagem sofisticada) porque sabia 
que ele adorava o som. E ainda conservo pequenos objetos da nossa 
vida cotidiana. A escova de dentes dele, por exemplo, está aqui. 

PM - Você sofreu por ter sido rejeitada pela família de Ayrton? 

Adriane Galisteu - Eu os compreendo. Sei o que é perder uma pessoa querida e ago- 
ra imagino o que deve ser a perda de um filho. O trauma foi tão 
grande que eu posso compreender a atitude deles, mesmo que eu, provavelmente, reagisse de
forma diferente. Se algum dia eles quiserem reatar relações comigo, estou à disposição. 
Durante os 18 meses em que eu e o Ayrton estivemos juntos, mantive boas relações 
com a família. Nos encontrávamos frequentemente em Angra dos Reis 
ou em Tatuí. Eu me entendia muito bem com Leonardo, irmão dele, tinha 
muita simpatia pela Viviane. Mas com certeza, eles não são obrigados a 
me aceitar após a morte do Ayrton. Afinal de contas, nunca fomos casa- 
dos e a família Senna forma um clã muito fechado. Eles sempre vigiaram, 
de forma ciumenta, as amizades dos filhos. Em nossa relação, onde Ayrton 
e eu víamos uma soma, eles viam uma divisão. Eles imaginavam que ele não 
pretendesse casar comigo. Mas não é a família que pode decidir o que um 
homem de 34 anos fará de sua vida. Somente ele podia responder a essa 
questão. Só sei que nos consagramos totalmente um ao outro. É um fato: 
nós nos amamos e durante um ano e meio ele me fez muito feliz. E isso 
não pode ser mudado, quer o clã dos Senna deseje ou não. 



FONTE PESQUISADA

PEYRARD, Michel. Senna x Galisteu. Revista Manchete, Rio de Janeiro, Ano 45, Nº 2.302, Revista Semanal, 6 – 11. 18 de maio 1996.

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