CBN: Tem alguma coisa do Senna que você ainda não tenha falado?
Adriane Galisteu: É difícil porque eu escrevi logo na seqüência um livro, alias que foi idéia do Braguinha, que era o melhor amigo dele, que foi quem me salvou. Eu chamo o Braga de pai. Meu anjo da guarda. O doutor Antonio Carlos de Almeida Braga, foi sócio do Amador Aguiar durante muito tempo. Ele é um cara genial, trouxe o esporte para o Brasil. Ele é apaixonado por esporte. Ele era apaixonado pelo Ayrton, e o Ayrton por ele. Eu acabei conhecendo o Braguinha, antes de conhecer o Ayrton. Foi muito engraçado essa história, eu vou aproveitar pra contar. Eu estou lá trabalhando para variar, no autódromo segurando o guarda-chuva, com umas 5 modelos. E as pessoas sempre torcem o nariz para essa historia. É engraçado porque, as meninas estão lá trabalhando. Elas não estão fazendo outra coisa, pelo menos eu não estava. Pelo menos eu estava ali trabalhando, segurando o guarda-chuva mesmo e pensando no meu cachê. Eu precisava e muito. E aí esse Braguinha chegou para mim. Eu não tinha idéia de quem ele era e falou: “Garotinha, o Ayrton está pedindo o seu telefone”, Eu claro que ri. E falei: “Ta bom, deixa pra lá. O Ayrton deve estar me confundindo." Na minha cabeça: “Ele deve estar achando que estou aí para qualquer coisa...”, “Não, não, não é assim...”. E passou, e vi o Braguinha de novo. Ele é um senhor. Ele com muita dificuldade, porque ele tem dificuldade de andar. Ele chegou e falou: “Oh garota vai lá... Fala com o Ayrton...” Eu falei: “Eu vou lá falar com o Ayrton?”, “Esse senhor tá maluco...”. E fui escalada para segurar o guarda-chuva para ele (Ayrton). Eu nunca imaginei que tinha dedo do Braguinha, depois eu fui saber que claro que o Braguinha, escalou e eu fui...
CBN: O Braguinha escalava os guarda-chuvas... hahaha. A Escala dos guarda-chuvas era do Braguinha.
Adriane Galisteu: Eu não estava entendendo direito aquela situação. O Ayrton olhou para mim assim, e falou: “Eu queria falar com você.” Eu falei: “Então tem um senhor doido, um moço maluco”. Era um senhor, mas eu falei: “Tem um moço maluco falando que você queria meu telefone...” Ayrton: “Não peraí... Esse moço maluco é o Braguinha. Ele é meu melhor amigo. Você não sabe de quem você está falando, mas você vai conhecer ele melhor.” E ele entrou no carro e foi. E ele ganhou essa corrida.
Foi uma luta danada, eu me lembro dessa corrida. A Shell que era a empresa que fui contratada, falou: “Olha, como ele ganhou, as meninas vão a noite em um jantar que ele vai dar. Num determinado lugar em São Paulo. Nós fomos e lá estava o Braguinha. E com ele o Ayrton. Braguinha: “Eu te falei garota, agora vem aqui” E fui conversar com ele e entendi que o Braguinha era o melhor amigo e muitas vezes pai do Ayrton. Grande figura.
CBN: E aí tudo mudou?
Adriane Galisteu: Esse homem foi tudo na minha vida, ele e o Ayrton. O Braguinha continua sendo tudo na minha vida, que no pior momento depois da morte do Ayrton, foi ele que me estendeu as mãos. Foi na casa dele que eu fui morar de favor. Fiquei 1 ano morando em Portugal na casa dele. Ele que teve a idéia de lançar o livro junto com o Nizan Guanaes... Que eu não tinha nem ideia de quem era. Um dia chega o Nizan: “Eu vim aqui entender que livro você quer lançar.” Eu falei: “Eu nem sei escrever uma redação, vocês estão loucos. Como é que eu vou lançar um livro? Eles estão todos loucos”, eu falava. “Essas pessoas estão loucas.” No fundo, demorou para entender que aquilo era uma grande ajuda. E eu acabei fazendo tudo que o Braguinha mandou. E deu muito certo.
CBN: Você namorou com o Senna desde então até?
Adriane Galisteu: Até a morte dele. Morei com ele 1 ano e namorei com ele 6 meses.
CBN: Tem uma historia muito bacana. Não sei se a Adriane Sabe dessa historia.
CBN: Você fez uma Playboy em 1995/1996 a da Grécia?
Adriane Galisteu: A da Grécia foi em 1995. Mas eu tinha feito uma Playboy, porque eu ia viajar para Hong Kong. Para quem não sabe, trabalhar como modelo. Eu queria ir para lá de qualquer jeito. Eu não tinha dinheiro para passagem, a agencia não ia me mandar. E eu fiz essa foto. Eu me lembro que na época eu ganhei 10 mil reais pelas fotos.
CBN: Está tudo batendo. O Deco vai completar essa historia com uma entrevista que o Juca Kfouri deu para a gente. Que era da Playboy. A historia é demais. O Juca falou para a gente em um jantar que o Senna era completamente apaixonado por você. E falou assim... O Juca não tem meio termo. Se ele falou para mim ta falado. Falou que ele era diretor da Playboy na época. Que você tinha feito as fotos. O Senna ligou para ele de Portugal. E falou assim: “Juca, eu te pago 10 vezes mais do que vocês pagaram. Para você me mandar essas fotos de volta.” O Juca falou que não podia, já tinha feito as fotos. Senna falou que pagava quanto fosse. Juca colocou as fotos no envelope, não cobrou, e não saíram as fotos.
Adriane Galisteu: Na verdade essa historia tem mais uma coisinha. Quando eu comecei... Porque eu demorei muito tempo para entender que a gente estava namorando. Eu não queria acreditar. Eu falava isso para ele: “Você pode estar com qualquer mulher do mundo. O que é que você viu em mim? Eu sou pobre. Tenho uma vida muito difícil." Sabe quem tinha sido a namorada dele? A Cindy Crawford. A Xuxa namorou com ele, só para vocês entenderem a muito tempo atrás. A Cindy Crawford tinha sido a ex. A Xuxa namorou muito tempo antes disso. Eles se separaram em 1990. Já tava tipo 3 anos... Muito tempo. 1989 eles namoraram.”
CBN: Mas a Cindy Crawford não tem o Borogodó Brasileiro e a Xuxa vê doendes hahaha. O Senna não é bobo.
Adriane Galisteu: Bom não sei, mas ele podia ter a mulher que ele quisesse. Aí no primeiro momento que entendi que a gente estava namorando mesmo. Eu falei para ele: “Eu tenho uma coisa para te contar. Alias eu tenho várias... A história do meu irmão. A historia da minha vida, onde eu moro. E preciso te contar que já fiz umas fotos para a Playboy. Que não saíram ainda, mas é claro que vão aproveitar esse momento e vão colocar as fotos agora.” Aí ele ficou branco... Foi aí que contei para ele, ele ligou para o Juca. Ele trocou por uma entrevista central da Playboy. Ele tentou pagar e o Juca não aceitou. E pediu para que desse uma entrevista e ele deu.
CBN: Ótima historia. Essa historia é muito bacana.
CBN: Só para encerrar esse assunto na medida do possível. Poxa eu tinha tanta coisa para falar. Mas como você lidou com essa historia já que seu nome ficou como a menina que o Senna foi apaixonado. Próximo da garota que se aproveitou do Senna ou uma bobagem dessas.
Adriane Galisteu: A oportunista...
CBN: O amor que o Senna tinha por você era uma coisa que era muito pouco falada perto de “como essa garota se deu bem ao namorar o Senna” Algo assim. Eu queria que você comentasse sobre isso.
Adriane Galisteu: Você tem razão, você tem toda a razão. No que você está dizendo. Claro, o Ayrton era um cara tímido. Discreto. A gente não conseguia mostrar para as pessoas que a gente vivia uma relação de verdade. Tinha sempre uma piadinha, uma brincadeira. Ou uma sacanagem comigo, ou com ele. Mas ele não queria mostrar isso para as pessoas. E eu achava ótimo. E eu estava ali do lado dele. Parei de trabalhar. Comecei a trabalhar cedo, parei para poder acompanha-lo. E eu era muito feliz e tenho certeza que eu fiz ele muito feliz. Agora depois do acidente, eu ouvia tudo menos o meu nome. Eu não era chamada... Ninguém sabia meu nome. Adriane Galisteu não existia. “A oportunista, a viúva do Ayrton, não sei quem”... E eu consegui mudar, mostrando para as pessoas quem eu sou. Mostrando as minhas fragilidades, os meus erros, os meus acertos. Mas não tendo vergonha da minha historia. Fiz aquele livro com a maior verdade do mundo, falei: “preciso de dinheiro.” Fiz a minha primeira Playboy depois ganhando muito mais, foi o primeiro grande dinheiro que ganhei. Sem vergonha de dizer aquilo... Eu falei: “Olha, o Ayrton deixou um legado na minha historia que foi de amor. Mas não mudou minha conta bancaria, eu não ganhei presentes. Eu fui namorada dele, mulher dele. Mas eu não estava com ele por outros motivos. A minha vida continua cheia de conta para pagar. E alguém precisa me ajudar. Preciso de trabalho. Eu dei a volta falando a verdade. Olhando na cara das pessoas, indo para todos os programas que me chamavam para dar entrevista e aproveitava pra contar a minha historia. Eu falava: “Se coloquem no meu lugar... Parem de me chamar assim, vocês não me conhecem. Eu não matei o Ayrton." As vezes eu tinha essa sensação. Que as pessoas achavam que eu era culpada por tudo que estava acontecendo. E eu comecei a contar da minha vida, do meu trabalho, da minha historia com o Ayrton. Sem medo e sem vergonha de ser julgada. Foi a grande virada...”
CBN: De namorada do Senna para Adriane Galisteu
Adriane: Sim, as pessoas me apoiaram, ficaram do meu lado. O povo na rua começou a entender tudo aquilo. Porque o único canal que eu tinha era a televisão. E era quando eu olhava na cara das pessoas. Como eu estou fazendo aqui, com o microfone nas mãos. E falar: “gente entendam a minha historia. Antes de me julgar.” E eu consegui dar a volta sim.
Fonte: Entrevista para a radio CBN, programa fora de expediente 30/03/2012
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