Trechos de Livros que citam a reação de
Ayrton Senna depois de ouvir as fita com as gravações do grampo feito
pela família dele.
Livro de Adriane Galisteu - Caminho das
Borboletas Página: 191 de 1994
Soube depois, pelos amigos, pela imprensa,
que a prova de Ímola esteve por um fio. Ayrton deu declarações públicas
denunciando a insegurança do circuito e lamentando os acidentes. Mas ele era a
última pessoa do mundo a poder comandar uma operação-boicote. Tinha perdido as
duas primeiras provas, estava atrás de resultados, qualquer atitude sua poderia
ser entendida como um pretexto para ganhar tempo, para não competir. E, se
havia coisa no mundo que Ayrton não era, era frágil e covarde. Comigo, naquela
noite, às vésperas da tragédia, ele só repetiu seu constrangimento sintomático:
- É assim mesmo, esse pessoal é assim
mesmo - para logo mudar de assunto.
A caseira interrompeu para animá-lo com o
cardápio que ela preparava para a chegada. Típico da simplicidade dele: galinha
grelhada e legumes no vapor. Peguei de novo o telefone. Falamos de nós. De saudade e de amor.
Trocamos juras apaixonadas.
- Preciso lhe dar umas palmadas - disse ele.
- Palmadas? Por quê?
- Tenho muito a lhe dizer. A lhe propor. A
lhe oferecer - prosseguiu. - Devo estar aí às 20h30, por aí. Quero passar a
noite em claro. Vamos conversar até o amanhecer. Quero convencê-la de que sou,
disparado, o melhor homem de sua vida.
Ri, com aquele comentário inesperado.
- Você não conhece os outros... -
brinquei.
- Vou provar-lhe que sou o melhor.
Meu Deus, ele é o melhor homem de minha
vida. O único. Será que eu ainda não deixara isso claro para ele? Ele era uma
dádiva, um presente, um paraíso. Na nossa conversa noturna e meio bobalhona de
dois enamorados, nem de longe imaginei que houvesse espaço para a intriga ou o
veneno. De nossa parte, não havia. A paixão era nosso único alimento...
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Livro de Adriane Galisteu - Heroi Revelado
Página: 527 de 1999
A PERDA
Foi Ayrton quem tomou a iniciativa de
comentar com Braguinha, na manhã de domingo, no saguão do hotel Castello,
depois do café da manhã, as gravações que ouvira na noite anterior. De acordo
com Braguinha, Senna demonstrou uma mistura de "contrariedade e
resignação":
- Vou dar umas palmadas nela pra ela parar
de ficar dizendo bobagens.
Para Braguinha, Ayrton deu sinais de que
absorvera o episódio com serenidade. Senna teria ficado muito mais chateado, naquele mesmo
saguão, com Ron Dennis, que não lhe devolveu um aceno:
- Puxa vida, trabalhei anos com esse cara
e ele finge que não me conhece.
Nove anos depois, Ron Dennis confirmou a
intenção:
- Foi frieza. Não fui rude com ele, mas
aquela frieza estava mesmo em mim.
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No livro de Francisco Santos mostra que
Ayrton ficou indignado com a família por ter mandado grampear seu telefone.
Trecho do Prefácio de Francisco
Santos no livro “Ayrton Senna Saudade – O que faltava saber” de 1999
Uma opção: não tocar em alguns temas
Não posso censurar alguém como Américo
Jacoto Júnior, cuja amizade com Ayrton já foi tão mal-compreendida durante a
vida de Ayrton, e que agora prefere cortar alguns momentos muito interessantes
da nossa conversa, nas referências a reações de familiares de Ayrton a naturais
sentimentos seus, ou ainda, nas revelações sobre Adriane Galisteu. Nada mais
seriam do que uma confirmação de que Ayrton realmente amava Adriane e que ela
não era “mais uma garotinha” na vida dele, como ele falou para várias pessoas
mais chegadas.
Não que eu pretenda de alguma tocar em
casos como esses e criar mais polemica.
Não foco, em nada, o namoro de Ayrton com
Adriane, pois, como ela me falou ao evitar os meus pedidos de conversa para
este livro “já foi tudo esclarecido no meu livro”. Não abro a ferida dos telefones grampeados
pela família Senna e a gravação de Adriane com seus ex-namorado César. Depois
de debater isso com outros pessoas e com Adriane em outubro de 1994 na
Alemanha, quando a levei a uma entrevista na RTL, parece-me que essas conversas
não teriam passado de uma molecagem entre amigos e nada tiveram para manchar o
amor de Ayrton.
Mais grave terá sido – principalmente para
Ayrton – o fato da família ter mandado grampear os telefones de seu apartamento
em São Paulo e de sua casa em Angra dos Reis. Isso o terá desgostado muito, a
ponto de, segundo informações que tive, lhe terem provocado uma reação para
depois de Imola, que jamais aconteceu.
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Também na Revista Veja de 14/04/2004
Edição 1849 Ano 37 Nº 15 fala sobre as gravações
No grampo feito no apartamento de Senna em
São Paulo, o antigo namorado de Adriane zombava do piloto, dizendo que era
melhor do que Ayrton na cama. Uma besteira. Nada na fita sugeria que Adriane estivesse traindo
Senna ou mesmo que tivesse concordado com o comentário machista do ex-namoro.
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FONTE PESQUISADA
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2004.
SANTOS, Francisco. Ayrton Senna Saudade.
Edição Brasileira. São Paulo: EDIPROMO, 1999.
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