quarta-feira, 20 de março de 2013

Grampos no Telefone de Ayrton Senna




Trechos de Livros que citam a reação de Ayrton Senna depois de ouvir as fita com as gravações do grampo feito pela família dele. 

Livro de Adriane Galisteu - Caminho das Borboletas Página: 191 de 1994

Soube depois, pelos amigos, pela imprensa, que a prova de Ímola esteve por um fio. Ayrton deu declarações públicas denunciando a insegurança do circuito e lamentando os acidentes. Mas ele era a última pessoa do mundo a poder comandar uma operação-boicote. Tinha perdido as duas primeiras provas, estava atrás de resultados, qualquer atitude sua poderia ser entendida como um pretexto para ganhar tempo, para não competir. E, se havia coisa no mundo que Ayrton não era, era frágil e covarde. Comigo, naquela noite, às vésperas da tragédia, ele só repetiu seu constrangimento sintomático:
- É assim mesmo, esse pessoal é assim mesmo - para logo mudar de assunto.
A caseira interrompeu para animá-lo com o cardápio que ela preparava para a chegada. Típico da simplicidade dele: galinha grelhada e legumes no vapor. Peguei de novo o telefone. Falamos de nós. De saudade e de amor. Trocamos juras apaixonadas.
- Preciso lhe dar umas palmadas - disse ele.
- Palmadas? Por quê?
- Tenho muito a lhe dizer. A lhe propor. A lhe oferecer - prosseguiu. - Devo estar aí às 20h30, por aí. Quero passar a noite em claro. Vamos conversar até o amanhecer. Quero convencê-la de que sou, disparado, o melhor homem de sua vida.
Ri, com aquele comentário inesperado.
- Você não conhece os outros... - brinquei.
- Vou provar-lhe que sou o melhor.

Meu Deus, ele é o melhor homem de minha vida. O único. Será que eu ainda não deixara isso claro para ele? Ele era uma dádiva, um presente, um paraíso. Na nossa conversa noturna e meio bobalhona de dois enamorados, nem de longe imaginei que houvesse espaço para a intriga ou o veneno. De nossa parte, não havia. A paixão era nosso único alimento... 



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Livro de Adriane Galisteu - Heroi Revelado Página: 527 de 1999

A PERDA

Foi Ayrton quem tomou a iniciativa de comentar com Braguinha, na manhã de domingo, no saguão do hotel Castello, depois do café da manhã, as gravações que ouvira na noite anterior. De acordo com Braguinha, Senna demonstrou uma mistura de "contrariedade e resignação":
- Vou dar umas palmadas nela pra ela parar de ficar dizendo bobagens.
Para Braguinha, Ayrton deu sinais de que absorvera o episódio com serenidade. Senna teria ficado muito mais chateado, naquele mesmo saguão, com Ron Dennis, que não lhe devolveu um aceno:
- Puxa vida, trabalhei anos com esse cara e ele finge que não me conhece.
Nove anos depois, Ron Dennis confirmou a intenção:
- Foi frieza. Não fui rude com ele, mas aquela frieza estava mesmo em mim.



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No livro de Francisco Santos mostra que Ayrton ficou indignado com a família por ter mandado grampear seu telefone.

Trecho do Prefácio de Francisco Santos no livro “Ayrton Senna Saudade – O que faltava saber” de 1999

Uma opção: não tocar em alguns temas

Não posso censurar alguém como Américo Jacoto Júnior, cuja amizade com Ayrton já foi tão mal-compreendida durante a vida de Ayrton, e que agora prefere cortar alguns momentos muito interessantes da nossa conversa, nas referências a reações de familiares de Ayrton a naturais sentimentos seus, ou ainda, nas revelações sobre Adriane Galisteu. Nada mais seriam do que uma confirmação de que Ayrton realmente amava Adriane e que ela não era “mais uma garotinha” na vida dele, como ele falou para várias pessoas mais chegadas.
Não que eu pretenda de alguma tocar em casos como esses e criar mais polemica.
Não foco, em nada, o namoro de Ayrton com Adriane, pois, como ela me falou ao evitar os meus pedidos de conversa para este livro “já foi tudo esclarecido no meu livro”. Não abro a ferida dos telefones grampeados pela família Senna e a gravação de Adriane com seus ex-namorado César. Depois de debater isso com outros pessoas e com Adriane em outubro de 1994 na Alemanha, quando a levei a uma entrevista na RTL, parece-me que essas conversas não teriam passado de uma molecagem entre amigos e nada tiveram para manchar o amor de Ayrton.
Mais grave terá sido – principalmente para Ayrton – o fato da família ter mandado grampear os telefones de seu apartamento em São Paulo e de sua casa em Angra dos Reis. Isso o terá desgostado muito, a ponto de, segundo informações que tive, lhe terem provocado uma reação para depois de Imola, que jamais aconteceu.



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Também na Revista Veja de 14/04/2004 Edição 1849 Ano 37 Nº 15 fala sobre as gravações

No grampo feito no apartamento de Senna em São Paulo, o antigo namorado de Adriane zombava do piloto, dizendo que era melhor do que Ayrton na cama. Uma besteira. Nada na fita sugeria que Adriane estivesse traindo Senna ou mesmo que tivesse concordado com o comentário machista do ex-namoro.



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FONTE PESQUISADA

GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A., novembro de 1994. 

RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004.

SANTOS, Francisco. Ayrton Senna Saudade. Edição Brasileira. São Paulo: EDIPROMO, 1999.

LIMA, João Gabril de. Os segredos de Senna. Veja, São Paulo, edição 1849, ano 37, nº 15, p.70-77. 14 de Abril 2004.
























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