segunda-feira, 15 de abril de 2013

Fãs Japoneses - Ayrton Senna no Japão - Ayrton e o Povo Japonês

Foto: Reprodução Site forum.motorionline.com


Os fãs japoneses, ao contrário dos exigentes brasileiros, não davam a mínima para aquele começo difícil de campeonato. Assim como o presidente do fã-clube Ayrton Senna do JapãoTatsuya Hiraishi, muitos não entendiam de Fórmula 1. Também era esmagadora, de acordo com o próprio Hiraishi, a proporção de sócios do sexo feminino cujo interesse pelo novo sistema fly-by-wire era mínimo ou inexistente. Eram mulheres entre 25 e 40 anos, com poder aquisitivo suficiente para pagar ingressos que, na sua versão mais barata, custavam cerca de 150 dólares.
Para Hiraishi, Senna era um fenômeno por ser bonito, por ter uma grande identidade com o que ele chamou de "espírito japonês", mistura de dedicação e seriedade, e por ser muito atencioso com os fãs. Amar Senna era ir ao aeroporto para levar e trazer o ídolo, comprar, se desse, um carro idêntico ao Honda NSX de 80 mil dólares que ele tinha, escrever cartas para ele, fazer desenhos inspirados no herói, comportar-se como paparazzi e fotografar tudo o que ele tocasse ou usasse, fosse um banco de madeira do autódromo de Suzuka ou uma suíte do hotel Sheraton, em Tóquio. Amar Senna era, sobretudo, ter a disposição de pagar até 3.500 dólares por uma credencial VIP, com validade para três dias, no paddock da Fórmula 1.
Adilson Carvalho de Almeida, presidente da Torcida Ayrton Senna, nunca teve tratamento igual: Senna se reuniu cinco vezes exclusivamente com o fã-clube presidido por Hiraishi, em salas emprestadas e decoradas com fotos e a bandeira do Brasil. A última dessas reuniões aconteceu no circuito de Aida, semanas antes da tragédia de Imola. Nesse dia, constrangido por deixar os fãs esperando cerca de cinco horas, Senna pediu até desculpas e deu autógrafos para cerca de 100 pessoas, entre sócios do fã-clube e penetras. Hiraishi também organizou uma ida de 20 fãs ao GP de Mônaco de 1992, no qual Ayrton os recebeu com muita paciência, chegando a leva-los ao motohome da McLaren para uma conversa mais tranqüila.
Sempre que podia, Ayrton tentava retribuir a adoração dos fãs japoneses. E a medida de sua atenção foi a forma como ele recebeu, em São Paulo, naquela temporada de 1992, Nobu Kasai e Hirofumi Natsumo, os executivos da Fuji TV responsáveis pela produção da cobertura de Fórmula 1 para o Japão.
Era a semana do GP do Brasil. Um helicóptero pousou no hotel de São Paulo onde Natsumo e Kasai estavam hospedados, pilotado pelo próprio Ayrton, para levá-los ao seu escritório no bairro de Santana. A pauta da reunião era a participação de Ayrton num especial que seria exibido às vésperas do GP de Mônaco daquele ano. E Senna, o mesmo garoto-propaganda que costumava levar John Hogan, da Philip Morris, à loucura, se comportou de forma totalmente diferente com os executivos da Fuji TV:
- O que vocês querem que eu faça? Nas palavras de Natsumo:
"Ayrton sabia que a Honda estava por trás daquele especial e, por isso, queria se adequar a tudo que os japoneses quisessem ver ou ouvir.”
Pauta definida, Senna acertou a participação em cinco programas para a Fuji TV por 15 milhões de ienes, o equivalente, na época, a 125 mil dólares.
Feito o negócio, teve início um privilégio que poucos tiveram: o helicóptero seguiu para a fazenda de Tatuí, onde os dois executivos foram convidados a trocar seus ternos por camisetas e bermudas cedidas por Ayrton. Meio apertados no figurino de Senna, Natsumo e Kasai foram pescar com ele no lago da fazenda.
O peixe foi assado e servido no jantar. Ayrton, no que Natsumo considerou, 11 anos depois, "um gesto supremo de cortesia", tirou todos os espinhos dos pedaços servidos aos dois convidados. Para Natsumo, o dia foi "inesquecível", a não ser por uma ressalva, feita com resignado bom humor:
"Só o peixe era muito ruim.”

Uma vingança involuntária, diriam os íntimos de Senna. Ele nunca fora um apreciador das sessões de peixe cru que teve de saborear, sorridente, com os amigos do Japão.

FONTE: Livro "Ayrton, o herói revelado"



FOTOS SENNA NO JAPÃO

Foto: Reprodução TV Japonesa

Com engenheiros japoneses
Foto: www.research-racing.de

httpwww.senna-web.com


FONTE PESQUISADA

RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004.

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