quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ayrton Senna na Véspera de Sua Morte Pede Mais Segurança na F1

Morte de Ayrton Senna acabou salvando a vida de muitos pilotos da Fórmula 1

Há 19 anos, o esporte perdia um dos seus maiores ídolos; jornalista relembra o dia da triste tragédia

Livio Oricchio - O Estado de S. Paulo
01 de maio de 2013 | 11h 35

Ayrton Senna conversa com Niki Lauda depois do treino livre para o GP de Ímola 30 de Abril de 1994
Foto: Rainer W. Schlegelmilch/Getty Images

SÃO PAULO - Há exatos 19 anos registrei em minha memória uma experiência que jamais será esquecida. Vi Niki Lauda dizendo, em tom de cobrança, a Ayrton Senna, pouco antes da largada do GP de San Marino de 1994, em Ímola: "Você tem de tomar a iniciativa, só você tem força para liderar um movimento desses".


Lauda, campeão do mundo em 1975, 1977 e 1984, assessor do presidente da Ferrari e seu amigo, Luca di Montezemolo, já havia conversado com Ayrton sobre a necessidade de recriar a associação dos pilotos (GPDA) a fim de cobrar maior segurança na Fórmula 1. Naquele instante, pouco depois das 13 horas do dia 1.º de maio, todos se preparavam para a largada da corrida, a terceira da temporada, profundamente chocados.
No dia anterior o austríaco Roland Ratzenberger falecera em decorrência do violento choque de seu Simtek no muro da curva Villeneuve. E sexta-feira Rubens Barrichello, da Jordan, havia sofrido terrível acidente também, na Variante Baixa, mas sobrevivera apenas com fratura no nariz e leves lesões generalizadas.
Ayrton ouviu Lauda e, sério, lhe lembrou que na reunião programada para quarta-feira os dois iriam discutir a questão. Desde a etapa anterior, em Aida, no Japão, Ayrton nos dizia que aqueles carros estavam "incrivelmente nervosos". A FIA proibiu quase todos os recursos eletrônicos em 1994 e não reduziu a potência dos motores.
Recursos como a suspensão ativa, responsável por garantir grande geração de pressão aerodinâmica, e o controle de tração, importante para manter a dirigibilidade do carro nas saídas de curva, não mais podiam ser utilizados. "Está claro para todo mundo que esses carros são difíceis de pilotar e é muito fácil o piloto perder seu controle", comentou Lauda com os jornalistas. Eu estava dentre eles.
Ayrton trazia o mesmo semblante do primeiro dia no autódromo Enzo e Dino Ferrari, quinta-feira: tenso. Nós os esperávamos, no início da tarde, para entrevistá-lo e, quando chegou, seu estado de espírito era evidente. Estava finalmente na equipe Williams, "a de outro planeta", como a definia, time oficial da Renault, com seu motor V-10, e depois de duas provas não somara nenhum ponto.
Já Michael Schumacher, da Benetton, escuderia oficial da Ford com seu motor V-8 apenas, vencera as duas etapas anteriores, no Brasil e em Aida. Para complicar seu quadro emocional, o amigo Rubinho dera um susto em todos, na primeira classificação, sexta-feira - eu estava no Hospital Maggiore de Bolonha quando Ayrton foi visitá-lo à noite - e no sábado Ratzemberger morreu.

FONTE PESQUISADA

Oricchio, Lívio. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,morte-de-ayrton-senna-acabou-salvando-a-vida-de-muitos-pilotos-da-formula-1,1027408,0.htm>. Acesso em: 01 de maio 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário