Ayrton voltou do circuito de Spa-Francorchamps bufando com o
seu quarto lugar, sentindo o campeonato escorrer-lhe por entre os dedos.
No aeroporto, me, perguntou meio brusco:
- E a chave da lata de sardinha, onde está?
- Lata de sardinha é a vó - respondi.
Ele literalmente fugiu da imprensa, no meu Fiat. Uma dessas
repórteres ainda quis persegui-lo na Marginal, mas alguém se esqueceu de que o
nome dele era Ayrton Senna.
Meu carro padecia nas mãos dele. Ele tomou gosto em
pilotá-lo na cidade. Acelerava fundo, só para me provocar. Na verdade, ele não
era Ayrton Senna no trânsito, no sentido de que respeitava os sinais e sabia
onde dava para correr e onde definitivamente não dava. Só de vez em quando
tinha a tentação de entrar por aquela pista exclusiva para ônibus, vazia, duas
da manhã, na Avenida 9 de Julho, e pisar como se estivesse na sua McLaren. Era
vrrummmmmmmm - sumia.
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