"Miltão", como sempre foi tratado pelos amigos e
pela família, incluindo a mulher, dona Neyde, gostava de carros e de corridas.
Por mais que gostasse, no entanto, é possível afirmar que nunca passou por sua
cabeça que Ayrton pudesse se tornar piloto de competição.
Nem no âmbito sul-americano o automobilismo brasileiro era
uma força. As poucas corridas, naquele início dos anos 60, eram muito perigosas
e às vezes fatais, para pilotos e espectadores, principalmente quando
disputadas em circuitos de rua, como os de Piracicaba, Petrópolis e Rio de
Janeiro.
Um retrato da época: num fim de semana de outubro de 1964,
no circuito da Barra da Tijuca, houve um episódio que muitos do esporte
consideram um acontecimento único no automobilismo mundial: um mesmo carro, uma
Alfa-Giulia, matou duas pessoas, na mesma corrida, em dois momentos diferentes,
com dois pilotos diferentes ao volante.
No primeiro acidente, o piloto Mário Oliveti atropelou dois
guardas da Polícia Militar, um dos quais morreria dias depois. Depois, Carlos
Augusto Lamego assumiu a direção da mesma Alfa-Giulia para concluir a corrida,
mesmo não estando inscrito na prova. Derrapou, perdeu o controle do carro e foi
em direção aos espectadores. Uma jovem morreu na hora.
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