terça-feira, 5 de novembro de 2013

Ayrton, O Herói Revelado: Uma Biografia “Chapa Branca” Não Autorizada

do autor do Blog

Na época do procure saber, que biografias autorizadas e biografias não autorizadas viraram pauta, vamos falar sobre uma biografia não-autorizada de Ayrton Senna, que mais parece chapa branca.



O livro é de autoria de Ernesto Rodrigues, um jornalista que trabalhou muitos anos na TV Globo e hoje é da TV Cultura, uma emissora subsidiaria dessa primeira. Você pode ler a trajetória da carreira dele aqui.

Ernesto Rodrigues


O livro é muito bom até certo ponto e confesso que me ajudou muito a decifrar alguns pontos da história de Ayrton Senna. Porém é muito codificado, principalmente passagens que envolvam assuntos delicados da vida de Ayrton, como por exemplo a humilhação que Adriane Galisteu vivenciou no funeral dele, ele não deixa claro, e um fã que não conhece a história de Ayrton Senna não consegue entender algumas partes do livro. Além disso o livro é incompleto.

O autor deixou muitas questões no ar que poderiam ter sido esclarecidas usando as mais de 200 entrevistas que ele diz que fez. O objetivo dele era claro: fazer com que o livro fosse um sucesso usando táticas e artimanhas de fofoqueiros de celebridades, como por exemplo criar polêmica e deixar no ar a questão, sem concluí-la no livro.

Vou citar alguns exemplos:

Ele começa o livro falando sobre a fita de áudio (A família Senna grampeou o telefone do casal, Senna e Galisteu, para descobrir algo comprometedor sobre Adriane e não descobriram absolutamente nada.) Dá a entender que ele vai esclarecer tudo, mas não, ele não o faz, deixando incompleto. E na Revista Veja ele esclarece:

Na véspera da corrida fatídica, Senna teve um dissabor de outra ordem. Seu irmão, Leonardo, levou para ele uma fita cassete no quarto do hotel. Nela, havia a gravação de uma conversa telefônica de Adriane Galisteu com um antigo namorado. A quinta e última mulher da vida de Senna foi, segundo seus amigos, a que mais lhe fez bem. Com Adriane, o piloto começou a aproveitar a vida como nunca antes havia feito, além de se tornar mais afável e bem-humorado. Ele pensava em se casar com Adriane. "O Ayrton era muito sério, ele sempre namorava para casar", diz o amigo de infância Alfredo Popesco, hoje trabalhando numa concessionária da família Senna. No grampo feito no apartamento de Senna em São Paulo, o antigo namorado de Adriane zombava do piloto, dizendo que era melhor do que Ayrton na cama. Uma besteira. Braguinha afirmou que Nada na fita sugeria que Adriane estivesse traindo Senna ou mesmo que tivesse concordado com o comentário machista do ex-namorado.

LIMA, João Gabril de. Os segredos de Senna. Veja, São Paulo, edição 1849, ano 37, nº 15, p.70-77. 14 de Abril 2004.

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Porque Ernesto Rodrigues não colocou essa informação no livro, explicando tudo? E quem foi o autor desse ato imoral? Só fala que o irmão levou, mas não pesquisou os fatos e chegou ao autor. Que foi revelado no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO:

O autor foi Seu Milton da Silva, pai de Ayrton Senna, que estava fazendo de tudo para separar o filho da nora, Adriane Galisteu.

E como chegou-se a essa conclusão:

É que desde a morte de Ayrton Senna, estúdios de Hollywood anseiam fazer uma super produção cinematográfica sobre ele, mas nunca chegaram a um acordo com a família. Já haviam pesquisado toda a história, inclusive utilizou o livro de Adriane Galisteu, “O caminho das borboletas” e queriam comprar os direitos autorais desse livro de Adriane, e de outros livros sobre Senna.

Foram entrevistadas muitas pessoas para o filme, e chegaram no nome de Milton da Silva, o pai de Ayrton Senna, foi quem grampeou o telefone do casal no apartamento onde viviam no Brasil, em São Paulo. O objetivo era separá-los, pois o filho queria casar com namorada.

Leiam o trecho da sinopse do filme que revela isso, o filme foi vetado pela família do piloto:

Inicialmente retratado como um piloto problemático e encrenqueiro (apesar de talentoso), o personagem Ayrton Senna vai tornando-se, ao longo da trama, um homem mais responsável e calmo - e que se apaixona por Adriane por identificar-se com as origens humildes desta (e por julgar que ela é a primeira mulher a não ter nenhum interesse em sua fama ou riqueza). Já a família Senna recebe um tratamento menos `sensível`: por exemplo, o pai do piloto, Milton, é descrito de maneira especialmente cruel, como um sujeito dominador que controla a carreira do filho com severidade (e que, aliás, culpa o envolvimento deste com Galisteu pelo declínio em seu rendimento). Ele chega a grampear o telefone da modelo a fim de tentar descobrir algo em seu passado que faça o filho desistir do relacionamento.

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Outro campo também é justamente sobre o pai de Ayrton Senna. Ernesto Rodrigues não fala claramente sobre essa personalidade dominadora e cruel do pai dele. Ele até que coloca alguns trechos no livro que nos levam a chegar a esse entendimento, mas podia ter sido mais claro.

Tem um ponto positivo, ele explicou muito bem a pressão que o pai, Milton da Silva, fazia sobre a vida do filho, querendo controlar a vida pessoal e profissional de Ayrton. O autor deixou bem claro isso. 

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Mais informações sobre Milton da Silva, o pai de Ayrton Senna vocês podem ver aqui

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Outra questão é esse embate da Xuxa com Adriane Galisteu, ou melhor, essa forçação de barra em relação a Xuxa, que já não estava com Ayrton Senna há 4 anos quando ele veio a falecer. Ele deixou isso ainda em pauta, quando na verdade Xuxa já não fazia mais parte dos planos de Ayrton Senna a muito tempo, até porque, Ayrton iria pedir Adriane Galisteu em casamento. O autor colocou a Xuxa como que ela ainda estivesse no páreo, criou uma disputa no livro pelo coração de Ayrton Senna e ainda colocou outras ex dele no meio. Tudo para criar polêmica. Em muitas entrevistas dadas para ele, haviam a resposta, ele poderia ter liquidado facilmente essas especulações. Mas não, ele colocou mais “lenha na fogueira”. Uns dos que, até onde sei, deram entrevistas chave, esclarecendo tudo, foram Alfredo Popesco e Jo Ramirez. Ambos amigos íntimos de Ayrton Senna.

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Viviane Senna, a que poderia ter vetado o livro, já que ela é a guardiã do mito (Ayrton Senna), essa teve um tratamento especial na obra de Ernesto Rodrigues. Não mencionou nada que a comprometesse, e nessa história ela tem um papel tão importante, não de irmã do Senna, claro, mas sim de carrasca da mulher que o irmão amava.  

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Mas de um modo geral eu gostei do livro, e das partes sobre Adriane Galisteu. Deu para entender que ela era a mulher da vida de Ayrton Senna.

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E porque esse livro biográfico foi tão codificado, e não pôde falar abertamente de todas esses assuntos mais delicados?

É devido a esse vinculo do Ernesto Rodrigues com a TV Globo, onde inclusive começou a carreira, isso prejudicou a obra, e o jornalista acabou não sendo fiel a história de Ayrton Senna, principalmente nesses pontos delicados como citado anteriormente.

Lembrando também que Xuxa tem contrato com a TV Globo há muitos anos, antes até mesmo de ter tido um relacionamento com Ayrton Senna. E o interesse da emissora sempre foi deixá-la como a "viuvinha" do Senna que também tem sua imagem atada a Globo (falaremos disso em seguida). E Xuxa é o medalhão (tá mais para "elefante branco") da emissora. Então o autor não quis contrariá-los.

Outro ponto também é a família do Ayrton, que tem também um vinculo (de imagem do piloto) com a mesma emissora. Ernesto não quis ter nenhum tipo de problema com os parentes de Senna, para que seu livro fosse lançado tranquilamente no mercado. Mesmo procedimento tomado no lançamento do livro de João Havelange. Que também é de sua autoria.

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O método utilizado por ele para escrever o livro, não deixando de fora esses complicados assuntos, foi deixá-los no ar, para que o leitor interpretasse. Também visando não fugir da ética jornalística, já que o mesmo é um jornalista.

O objetivo de Ernesto Rodrigues não foi explicar esses temas, e sim falar sobre a polêmica de Senna com o Piquet, esclarecer os boatos sobre sexualidade envolvendo o nome de Senna. Ele preferiu explicar histórias das ex de Ayrton como Xuxa, do que esclarecer tudo sobre por exemplo: “Porque a família de Ayrton Senna estava tão interessados em separá-los?” Hoje sabemos o motivo, que era o pedido de casamento que Ayrton faria a Adriane.

A família do Ayrton gostou de como o Ernesto fez o livro e abordou a história. Não falou nada demais deles, não aclarou sobre o que fizeram com Adriane Galisteu. A família saiu no lucro, embora o autor tenha falado algumas coisas, que foram boas sobre a Adriane, ele deixou a desejar. 

Ele tinha em mãos muitos depoimentos, mas infelizmente fez o livro de acordo com os interesses dele. Ainda usou a Adriane Galisteu como pessoa publica, gerando polêmica com o nome dela.

Adriane optou por não dar depoimentos para o livro. E ela agiu certo...

Ernesto Rodrigues, o do meio, dentro do Instituto Ayrton Senna, presidido por Viviane Senna, depois de ter escrito uma biografia chapa branca sobre o piloto


Um livro muito bom que explica tudo da vida de Ayrton Senna, até mesmo os assuntos mais delicados e não é chapa branca é "The life of Senna" de Tom Rubython. Mas também nem é brasileiro. 

Leia também:

Juca Kfouri Critica Autor de Biografia de Ayrton Senna, Ernesto Rodrigues

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