segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Quando a carreira de Ayrton Senna ficou por uma “fita”



POR - RIANOV - 19 OUT, 2011 - 14:03

A vida por um fio. Essa expressão quase sempre se encaixou perfeitamente em Ayrton Senna. Mas no episódio de contamos a seguir, ela ficaria mais literal se fosse por uma fita.

Não é de hoje que as equipes tentam burlar regulamentos para dar o pulo do gato. Foi o que a equipe de Dick Bennetts fez na última e derradeira prova da Fórmula 3 Inglesa de 1983.

Em Thruxton, a equipe de Ayrton tampou a entrada de ar do radiador de óleo para que a temperatura do motor chegasse mais rapidamente ao nível ideal. O que normalmente levava entre seis e sete voltas na fria Inglaterra, com o “advento” passou a levar apenas uma ou duas voltas.



Mas havia um pelo neste ovo. O carro não poderia correr toda a prova com a entrada deste radiador tampada por um motivo óbvio: a temperatura chegaria a níveis estratosféricos até que o motor explodisse.

Competitivo e ambicioso ao extremo, Ayrton aceitou a proposta, ainda mais porque na semana anterior à prova conseguiu um laudo da Toyota mostrando que o motor de Martin Brundle, seu arquirrival na categoria, tinha mais cavalos que o seu.

A questão seria como remover essa fita do radiador. Ele não podia parar o carro para retirar, então começou a pensar em uma maneira de fazer isso em movimento, puxando a fita com o braço pelo lado de fora.

Para dar aquela contextualizada, Senna estava um ponto atrás de Brundle no campeonato. Pela questão dos descartes, Senna levava vantagem, mas não poderia ver Brundle vencer, pois assim perderia o título.

O brasileiro sacou a pole no treino classificatório e largou na frente. Na volta dois, a temperatura do motor já chegava ao ideal, permitindo um regime de giros mais rígido e elevado. Mas a fita precisaria ser removida o quanto antes para evitar o superaquecimento do motor.

A tarefa, a priori, não parecia tão difícil, mas quando Senna pôs sua mão para retirá-la se apavorou. O pedaço de fita que ele tinha deixado para fora colou na carenagem de seu Ralt, e seu braço não a alcançava.



Senna se esticava, mas nada. A única opção que ele teria era de abrir o cinto, se projetar para fora do carro e tentar achar a fita. Tudo isso com a prova em andamento!

Martin Brundle brigava com unhas e dentes contra Davy Jones pela segunda posição, ou seja, Ayrton não poderia dar mole. A única chance de tempo hábil para fazer isso seria a reta do circuito. Teria que dar, pois era tudo ou nada para Ayrton. Tudo poderia ir por água abaixo com aquela fita.

Vai ter que ser na reta, antes da chicane, e tem que dar certo, se não é o fim da corrida, do campeonato, do sonho de chegar à Fórmula 1, de tudo.

Assim que Senna entrou na reta, bateu no cinto, e se pendurou para fora do carro. Com as pontas dos dedos foi descolando a fita até que conseguisse puxar tudo. E assim o fez. Mas o fez na tábua da beirada e depois do Deus me livre. Chegou a pensar que não daria tempo de frear.

Quando vi, já tinha chegado a curva. De repente, não era mais parte do carro. Fiquei completamente solto.

Felizmente Senna conseguiu fazer a chicane e se concentrou no restante da prova. Liderando de ponta a ponta, venceu e foi campeão da Fórmula 3 Inglesa de 1983. E durante a premiação de pódio, a confirmação de uma notícia esperada: a McLaren Tag Porsche convidava-o (juntamente com Martin Brundle e Stefan Bellof) para testar o carro da equipe na Fórmula 1.

Essa é uma das histórias mais controversas envolvendo o nome de Ayrton. Revirando minhas revistas antigas encontrei a inglesa Autosport que relata o fato. Não que ela nunca errou, mas sua história de notoriedade e isenção no esporte corroboram.

FONTE

Jalopnik


Nenhum comentário:

Postar um comentário