terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Trechos Do Relato Da Inspeção Rural Feita Na Fazenda Do Pai De Ayrton Senna, Campo Belo, Anexa Ao Processo De Trabalho Escravo

Fazenda do Pai de Ayrton Senna mantinha 82 trabalhadores como escravos




Foto: Reprodução

RELATO DA SITUAÇÃO DEGRADANTE DOS TRABALHADORES NA FAZENDA DE SEU MILTON DA SILVA, PAI DE AYRTON SENNA:


Devido à distância entre os alojamentos e os sanitários e por causa do medo de ataque de cobras, os trabalhadores ou improvisavam recipientes para fazer suas necessidades fisiológicas dentro do alojamento ou eram obrigados a esperar que o dia amanhecesse. Na outra, local para banho, o chão era de piso irregular e as paredes imundas e cheias de limo. Não havia iluminação nem local onde os obreiros pudessem dependurar suas roupas. Tampouco havia portas, deixando os trabalhadores expostos durante o banho. (destaque nosso).

Durante verificação nas frentes de trabalho a equipe fiscal verificou que uma cobra, identificada como cascavel, por conta do chocalho na extremidade do corpo, havia sido morta recentemente pelos trabalhadores. Quando a equipe encontrava-se, já, inspecionando a área de vivência foi encontrada, no local, e morta mais uma cobra, identificada, pelos trabalhadores, como jararaca.

Entre as duas edificações que serviam de alojamento encontrava-se o local para tomada de refeições. (....)Não havia recipiente para lixo ou lavatórios que permitissem a higienização das mãos. O local para preparo dos alimentos era totalmente inadequado. A edificação encontrava-se extremamente suja; as paredes, deterioradas, além de sujas apresentavam buracos e remendos. As janelas e portas de ferro encontravam-se enferrujadas. Não havia iluminação apropriada e o calor no ambiente era extremo. Os trabalhadores responsáveis pela manipulação dos alimentos não usavam equipamento de proteção. Os alimentos eram manipulados sem qualquer cuidado ou higiene. Os utensílios de cozinha encontravam-se espalhados, amontoados pelos cantos e no chão. (....)O almoço e o jantar eram preparados a um só tempo, pela manhã, e os alimentos preparados ficavam nas próprias panelas, em temperatura ambiente alta, sujeitos à deterioração. Uma das conseqüências dessa situação é que a comida oferecida aos trabalhadores não tinha qualidade. Ainda, era oferecida a refeição colocada nos recipientes dos trabalhadores pelos próprios responsáveis pelo preparo dos alimentos, e entregue aos trabalhadores sem possibilidade de comer mais do que o servido. O empregador não oferecia marmitas ou pratos. As refeições eram servidas em recipientes diversos, de propriedade dos próprios trabalhadores. Como nem todos os trabalhadores possuiam recipiente para receber o alimento, muitos tinham que esperar que os demais terminassem de comer para que pudessem, então, pedir emprestada a “marmita” para tomar a refeição. Muitas “marmitas” eram improvisadas com garrafas de refrigerante tipo “pet”, cortadas”. (destaque nosso)

"As lavouras recebiam pulverização mecânica de agrotóxicos, inclusive através de aviões, e os trabalhadores, muitas vezes, não eram avisados sobre o horário da pulverização. Em verdade, enquanto a equipe do GEFM permaneceu na fazenda verificou-se o abastecimento do avião, bem como o sobrevôo para pulverização. O resultado é que ficavam impossibilitados de afastar-se dos locais aspergidos em tempo de não serem contaminados. Ressalte-se que não havia qualquer sinalização das áreas pulverizadas – o que se aferisse se era respeitado o período de reentrada. De fato, alguns trabalhadores queixaram-se de incômodos na garganta, mal-estar e cansaço respiratório, atribuídos, por eles, ao contato com o agrotóxico. Mencione-se que o empregador não fornecia aos trabalhadores qualquer informação ou treinamento sobre agrotóxicos.
Muitos laboravam com vestimentas inadequadas e desprotegidas dos riscos a que eram expostos, como radiação ultravioleta, calor excessivo, acidentes com animais peçonhentos, risco de contaminação por agrotóxicos. Diversos trabalhadores foram encontrados pela equipe fiscal, em plena atividade laboral, descalços ou com sandálias tipo “havaianas”, sem luvas, botinas, chapéu ou
qualquer outro equipamento de proteção”

BAIXE O PROCESSO AQUI:

http://congressoemfoco.uol.com.br/UserFiles/Image/ACP-dano_moral.campo_aberto.doc


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