quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os 20 anos da Audi no Brasil

Há duas décadas, a história da marca no País começava sob comando do piloto Ayrton Senna

Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC

A história começou em 1994. Uma noite de gala para 3.000 convidados no hangar da Varig, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Tratava-se da festa de lançamento da Audi no Brasil. Num avião cargueiro chegava o 80 Cabriolet. A bordo, o apresentador Jô Soares e o tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna. Sim, o piloto foi o responsável pela chegada da marca ao País por meio da empresa Senna Import.

Senna acompanhado de Jô Soares na chega da Audi ao Brasil (Foto: Nario Barbosa/DGABC)

Lá em 1991, após a abertura das importações (feito do então presidente da República Fernando Collor, em 1990), a Volkswagen passou a demonstrar interesse em trazer sua subsidiária ao País. Depois, temendo a falta de interesse por parte do público, a gigante alemã desistiu da ideia.

Anos mais tarde, os irmãos Ayrton e Leonardo Senna saíram em busca da possibilidade de tornar a Audi uma realidade no Brasil. E conseguiram o feito junto à sede da marca em Ingosltadt, na Alemanha.

E foi em novembro de 1993 que o piloto assinou o contrato de importação com a Audi AG, iniciando assim a parceria. No ano seguinte, passaram a ser vendidos os modelos 80, 100 e os esportivos S2 e S4. A título de curiosidade, este último, custava US$ 100 mil e passou a ser usado por Senna no dia a dia. Até hoje a station wagon está em poder da família.

Audi 80 Cabriolet Foto: Nário Barbosa/DGABC

RUMOS

Mas o piloto ficou apenas um mês no comando da Audi no Brasil, pois perdeu a vida durante o GP de San Marino (Itália), no dia 1º de maio de 1994. De imediato, havia especulações afirmando o fim da Audi. Mas, dois meses depois, Leonardo Senna retomou a frente do negócio e tratou de pensar em estratégias para bater de frente com BMW e Mercedes-Benz, já consolidadas por aqui.

Além das oito concessionárias espalhadas pelos principais mercados do País, e dos merchandisings em novelas (até então não eram pagos e tampouco monopolizados como hoje em dia), a Senna Import viu o Salão de São Paulo como a menina dos olhos.

“Naquela época mandei alugar os principais outdoors de São Paulo (cerca de 1.000, no total) para que todo mundo que transitasse pela cidade tivesse contato com a Audi”, explica Leonardo Senna. Em outubro, o Salão do Automóvel contou com a participação da Audi, já instalada oficialmente no Brasil. No estande, modelos como A8 (primeiro carro de produção feito totalmente em alumínio), RS2 (perua que originou a derivação RS) e o conceito Avus.

“Lembro que, na época, tivemos a ideia de colocar o carro no Vale do Anhangabaú ao longo dos quatro dias que precediam o salão. Foi um verdadeiro show! A ação parou o local, e o carro foi notícia nos principais meios de comunicação do País”, descreve Leonardo.



MUDANÇAS

“A ideia inicial da Audi era um contrato de cinco anos com a Senna Import. Porém, com sucessos no portfólio, como A3, A4 e TT, a marca obteve tão boa aceitação por aqui (vendeu mais que a concorrência entre 1996 e 1998) que a matriz preferiu nacionalizar o hatch. O mesmo passou a ser produzido na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, em conjunto com o Volkswagen Golf no ano de 1999”, descreve Charles Marzanasco, que era assessor de Ayrton Senna e se mantém na comunicação da Audi até os dias atuais.

Na época, foi criada a Audi Senna Ltda. Uma junção entre a Audi e o Grupo Senna – uma divisão de 51% e 49%, respectivamente. Parceria descontinuada em 2005, com a concepção da Audi Brasil Distribuidora de Veículos Ltda.

No entanto, a pergunta que não quer calar é: por que, com tanto sucesso, o A3 parou de ser feito aqui em 2006? Basicamente, porque a Audi renovou o modelo na Europa e, como era economicamente impossível produzi-lo no País, a marca não achava vantajoso vender um produto defasado no Brasil – assim como a Volks fez por anos e anos com o Golf.

Ainda em 2006, começa a importação do A3 Sportback. Em paralelo, a comercialização do primeiro SUV da marca das quatro argolas, o Q7. 

Por fim, chegando aos dias atuais, a Audi AG anunciou (no ano passado) a instalação de uma fábrica em São José dos Pinhais (Paraná) para produção dos modelos A3 Sedan e Q3, que serão vendidos, respectivamente, em 2015 e 2016.

Uma trajetória rica de curiosidades e eventos grandiosos

Com a intenção de expandir os negócios da família Senna, os irmãos Ayrton e Leonardo, em conversa com um amigo em comum (que trabalhava na Volkswagen), tomaram conhecimento da Audi. “No começo, a marca era completamente desconhecida, tanto que tomamos contato com os produtos por meio de catálogos. A partir daí aconteceram as reuniões na sede da Audi (na Alemanha), onde o próprio Ayrton negociou desde os preços até características de produtos, como inclusão de banco de couro e equipamentos de segurança, por exemplo”, conta Leonardo.

Um dia depois do lançamento da Audi no Brasil (1994), foi organizado um test-drive no autódromo de Interlagos, em São Paulo, onde o próprio Senna pilotava os carros junto com cerca de 80 jornalistas convidados. “Durante o evento, o Senna deu carona para uma equipe de televisão mostrando, a bordo de um Audi, como escapou na pista um dia antes com o bólido da Williams. Isso rendeu uma mídia e tanto para a marca”, relembra Charles Marzanasco, assessor de imprensa da Audi, que na época prestava serviço para Ayrton. Vale recordar que durante a prova, Senna brigava pela liderança do GP do Brasil com Michael Schumacher, da Benetton, quando derrapou na subida da junção, abandonando a prova. 

Test-drive da Audi em Interlagos 1994
Foto: www.dgabc.com.br


Em 1995, o Audi A6 ganhou o prêmio de importado mais seguro dos Estados Unidos. Com a falta de lançamentos naquele ano, a ideia foi fazer um crash-test ao vivo durante o Salão do Automóvel de São Paulo com o modelo. Algo hollywoodiano, com transmissão ao vivo por meio de imagens captadas por dois helicópteros. E o carro foi exposto batido no salão – que ainda era anual naquela época.
O Audi A4 substituiu o 80 no Brasil. Para divulgar o modelo, a marca negociou a participação em novelas e seriados da TV brasileira. Para exemplificar, o sedã foi utilizado pelos personagens Carlos Moretti (José Mayer), em História de Amor, de 1995, e Maria Eduarda (Gabriela Duarte), em Por Amor, 1997.

Um ano depois, as mentes brilhantes que comandavam a Audi tornaram realidade a chegada do TT. Mas o evento ficou bem longe do básico. O cupê de linhas marcantes chegou carregado por um helicóptero e, literalmente, aterrissou no Brasil ali mesmo, no Sambódromo do Anhembi.



Em 2003, uma balsa ficou atracada na paradisíaca Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A bordo, todo o portfólio da marca. “Foi uma espécie de Salão do Automóvel sobre a água”, brinca Marzanasco.

Em 2011, foi a vez de o R8 GT brilhar. A Audi proporcionou uma espécie de ‘brincadeira’, onde a meta era cravar a mais alta velocidade entre os 50 jornalistas presentes no evento. O ponteiro do velocímetro de um dos carros bateu nos 326 km/h. A sede do evento foi a pista da Embraer (de 100 metros de largura e cinco quilômetros de extensão), em Gavião Peixoto, interior de São Paulo.

Por fim, a última tacada de mestre foi permitir ao público dirigir (nas imediações do Anhembi) o R8 Spyder durante o Salão do Automóvel de São Paulo de 2012. A procura foi tanta que até o jogador Neymar, na época estrela do Santos e da Seleção Brasileira, quis dar uma voltinha com o conversível. A mídia espontânea (desta vez, nada foi criado) rendeu milhões de notas, matérias e artigos sobre a marca pelo Brasil afora.


FONTE PESQUISADA

AQUINO, Vagner. Os 20 anos da Audi no Brasil. Disponível em: <http://www.automoveisdgabc.com.br/Noticia/512984/os-20-anos-da-audi-no-brasil?referencia=www.dgabc.com.br#>. Acesso em: 27 de fevereiro 2014.


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