Há duas décadas, a história
da marca no País começava sob comando do piloto Ayrton Senna
Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
Do Diário do Grande ABC
A história começou em 1994.
Uma noite de gala para 3.000 convidados no hangar da Varig, no aeroporto de
Congonhas, em São Paulo. Tratava-se da festa de lançamento da Audi no
Brasil. Num avião cargueiro chegava o 80 Cabriolet. A bordo, o
apresentador Jô Soares e o tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna. Sim, o
piloto foi o responsável pela chegada da marca ao País por meio da empresa
Senna Import.
Senna acompanhado de Jô Soares na chega da Audi ao Brasil
(Foto: Nario Barbosa/DGABC)
Lá em 1991, após a abertura
das importações (feito do então presidente da República Fernando Collor, em
1990), a Volkswagen passou a demonstrar interesse em trazer sua subsidiária ao
País. Depois, temendo a falta de interesse por parte do público, a gigante
alemã desistiu da ideia.
Anos mais tarde, os irmãos
Ayrton e Leonardo Senna saíram em busca da possibilidade de tornar a Audi uma
realidade no Brasil. E conseguiram o feito junto à sede da marca em Ingosltadt,
na Alemanha.
E foi em novembro de 1993 que
o piloto assinou o contrato de importação com a Audi AG, iniciando assim a
parceria. No ano seguinte, passaram a ser vendidos os modelos 80, 100 e os
esportivos S2 e S4. A título de curiosidade, este último, custava US$ 100 mil e
passou a ser usado por Senna no dia a dia. Até hoje a station wagon está em
poder da família.
Audi 80 Cabriolet Foto: Nário Barbosa/DGABC
RUMOS
Mas o piloto ficou apenas um
mês no comando da Audi no Brasil, pois perdeu a vida durante o GP de San Marino
(Itália), no dia 1º de maio de 1994. De imediato, havia especulações afirmando
o fim da Audi. Mas, dois meses depois, Leonardo Senna retomou a frente do
negócio e tratou de pensar em estratégias para bater de frente com BMW e
Mercedes-Benz, já consolidadas por aqui.
Além das oito concessionárias
espalhadas pelos principais mercados do País, e dos merchandisings em novelas
(até então não eram pagos e tampouco monopolizados como hoje em dia), a Senna
Import viu o Salão de São Paulo como a menina dos olhos.
“Naquela época mandei alugar
os principais outdoors de São Paulo (cerca de 1.000, no total) para que todo
mundo que transitasse pela cidade tivesse contato com a Audi”, explica Leonardo
Senna. Em outubro, o Salão do Automóvel contou com a participação da
Audi, já instalada oficialmente no Brasil. No estande, modelos como A8
(primeiro carro de produção feito totalmente em alumínio), RS2 (perua que originou
a derivação RS) e o conceito Avus.
“Lembro que, na época,
tivemos a ideia de colocar o carro no Vale do Anhangabaú ao longo dos quatro
dias que precediam o salão. Foi um verdadeiro show! A ação parou o local, e o
carro foi notícia nos principais meios de comunicação do País”, descreve
Leonardo.
MUDANÇAS
“A ideia inicial da Audi era
um contrato de cinco anos com a Senna Import. Porém, com sucessos no portfólio,
como A3, A4 e TT, a marca obteve tão boa aceitação por aqui (vendeu mais que a
concorrência entre 1996 e 1998) que a matriz preferiu nacionalizar o hatch. O
mesmo passou a ser produzido na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, em
conjunto com o Volkswagen Golf no ano de 1999” , descreve Charles Marzanasco, que era
assessor de Ayrton Senna e se mantém na comunicação da Audi até os dias atuais.
Na época, foi criada
a Audi Senna Ltda. Uma junção entre a Audi e o Grupo Senna – uma divisão
de 51% e 49%, respectivamente. Parceria descontinuada em 2005, com a concepção
da Audi Brasil Distribuidora de Veículos Ltda.
No entanto, a pergunta que
não quer calar é: por que, com tanto sucesso, o A3 parou de ser feito aqui em
2006? Basicamente, porque a Audi renovou o modelo na Europa e, como era
economicamente impossível produzi-lo no País, a marca não achava vantajoso
vender um produto defasado no Brasil – assim como a Volks fez por anos e anos
com o Golf.
Ainda em 2006, começa a
importação do A3 Sportback. Em paralelo, a comercialização do primeiro SUV da
marca das quatro argolas, o Q7.
Por fim, chegando aos dias
atuais, a Audi AG anunciou (no ano passado) a instalação de uma fábrica em São
José dos Pinhais (Paraná) para produção dos modelos A3 Sedan e Q3, que serão
vendidos, respectivamente, em 2015 e 2016.
Uma trajetória rica de curiosidades e
eventos grandiosos
Com a intenção de expandir os
negócios da família Senna, os irmãos Ayrton e Leonardo, em conversa com um
amigo em comum (que trabalhava na Volkswagen), tomaram conhecimento da Audi.
“No começo, a marca era completamente desconhecida, tanto que tomamos contato
com os produtos por meio de catálogos. A partir daí aconteceram as reuniões na
sede da Audi (na Alemanha), onde o próprio Ayrton negociou desde os preços até
características de produtos, como inclusão de banco de couro e equipamentos de
segurança, por exemplo”, conta Leonardo.
Um dia depois do lançamento
da Audi no Brasil (1994), foi organizado um test-drive no autódromo de
Interlagos, em São Paulo, onde o próprio Senna pilotava os carros junto com
cerca de 80 jornalistas convidados. “Durante o evento, o Senna deu carona para
uma equipe de televisão mostrando, a bordo de um Audi, como escapou na pista um
dia antes com o bólido da Williams. Isso rendeu uma mídia e tanto para a
marca”, relembra Charles Marzanasco, assessor de imprensa da Audi, que na época
prestava serviço para Ayrton. Vale recordar que durante a prova, Senna brigava
pela liderança do GP do Brasil com Michael Schumacher, da Benetton, quando
derrapou na subida da junção, abandonando a prova.
Test-drive da Audi em Interlagos 1994
Foto: www.dgabc.com.br
Em 1995, o Audi A6 ganhou o
prêmio de importado mais seguro dos Estados Unidos. Com a falta de lançamentos
naquele ano, a ideia foi fazer um crash-test ao vivo durante o Salão do
Automóvel de São Paulo com o modelo. Algo hollywoodiano, com transmissão ao
vivo por meio de imagens captadas por dois helicópteros. E o carro foi exposto
batido no salão – que ainda era anual naquela época.
O Audi A4 substituiu o 80 no
Brasil. Para divulgar o modelo, a marca negociou a participação em novelas e
seriados da TV brasileira. Para exemplificar, o sedã foi utilizado pelos
personagens Carlos Moretti (José Mayer), em História de Amor, de 1995, e Maria
Eduarda (Gabriela Duarte), em Por Amor, 1997.
Um ano depois, as mentes
brilhantes que comandavam a Audi tornaram realidade a chegada do TT. Mas o
evento ficou bem longe do básico. O cupê de linhas marcantes chegou carregado
por um helicóptero e, literalmente, aterrissou no Brasil ali mesmo, no
Sambódromo do Anhembi.
Em 2003, uma balsa ficou
atracada na paradisíaca Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A bordo, todo o
portfólio da marca. “Foi uma espécie de Salão do Automóvel sobre a água”,
brinca Marzanasco.
Em 2011, foi a vez de o R8 GT
brilhar. A Audi proporcionou uma espécie de ‘brincadeira’, onde a meta era
cravar a mais alta velocidade entre os 50 jornalistas presentes no evento. O
ponteiro do velocímetro de um dos carros bateu nos 326 km/h . A sede do evento
foi a pista da Embraer (de 100
metros de largura e cinco quilômetros de extensão), em
Gavião Peixoto, interior de São Paulo.
Por fim, a última tacada de
mestre foi permitir ao público dirigir (nas imediações do Anhembi) o R8 Spyder
durante o Salão do Automóvel de São Paulo de 2012. A procura foi tanta
que até o jogador Neymar, na época estrela do Santos e da Seleção Brasileira,
quis dar uma voltinha com o conversível. A mídia espontânea (desta vez, nada
foi criado) rendeu milhões de notas, matérias e artigos sobre a marca pelo
Brasil afora.
FONTE PESQUISADA
AQUINO, Vagner. Os 20 anos da Audi no
Brasil. Disponível em: <http://www.automoveisdgabc.com.br/Noticia/512984/os-20-anos-da-audi-no-brasil?referencia=www.dgabc.com.br#>.
Acesso em: 27 de fevereiro 2014.
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