segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Senna Foi De Barbada A Decepção Em Seu Último GP Do Brasil



03/11/2014 09h00min
São Paulo (SP)
gazetaesportiva.net

O Grande Prêmio do Brasil abriu a temporada de 1994 da Fórmula 1. A expectativa pelo desempenho de Ayrton Senna em sua estreia pela Williams era grande por causa do domínio da escuderia britânica nos dois anos anteriores do Mundial. Tanto que, após o brasileiro garantir a pole position, A Gazeta Esportiva celebrava em sua manchete – “A união do melhor carro com o melhor piloto não deixa dúvidas: o título deste ano já tem dono”.

Mas o desempenho de Senna no que seria sua última corrida diante do público brasileiro não foi como o jornal previra, nem como a torcida esperara. O tricampeão mundial esfriou o ânimo do público ao cometer um erro e rodar na 56ª de 71 voltas, abandonando o GP do Brasil. Pouco mais de um mês depois, morreu em um acidente no GP de Ímola, terceira etapa do campeonato.

Reprodução/A Gazeta Esportiva
Ayrton Senna andou na frente nos treinos e era considerado favorito para a prova de Interlagos em 1994

O otimismo para a temporada vinha pela mudança de equipe. Campeão do Mundial com a McLaren em 1988, 1990 e 1991, Senna deixara o time para correr pela Williams, dominante em 1992 e 1993. Na segunda-feira que antecedeu o GP do Brasil, 21 de março, seu aniversário, o piloto vistoriou as obras realizadas em Interlagos ao lado do então prefeito Paulo Maluf. Ouviu do político que as reformas eram um presente pelos 34 anos de idade e que no domingo seria sua vez de presentear a torcida.

No primeiro treino, na sexta-feira, ocorreu “o que todo o mundo esperava”, segundo A Gazeta Esportiva: Senna andou na frente, com o jovem Michael Schumacher na segunda colocação. O acontecimento extraordinário do dia em Interlagos foi a expulsão do diretor e ator José Mojica. Interpretando o personagem Zé do Caixão, ele entrevistava os bombeiros do autódromo quando sua credencial foi tomada pela organização da F-1. A justificativa relatada ao periódico foi que “ele não era uma pessoa normal, que parecia um demônio e que o autódromo era um lugar de trabalho”.

O bom trabalho de Senna no treino classificatório de sábado só fez aumentar a euforia da torcida brasileira, que no dia da prova pagava aos cambistas até US$ 400 por ingresso, cotado nas bilheterias originalmente a CR$ 110 URVs (moeda da época). Pilotando a Williams número 2, ele garantiu a pole position para o GP do Brasil. Na capa de sua edição de 27 de março, data da corrida, A Gazeta Esportiva já tinha certeza do resultado, “Senna: uma barbada”.

A expectativa da torcida e do piloto brasileiro não se confirmou. O novo contratado da Williams já tinha até planejado a comemoração. Preocupado porque as emissoras de televisão não queriam dar publicidade gratuita ao personagem Senninha, produto no qual investira US$ 2 milhões do próprio bolso, Ayrton Senna pedira ao desenhista Ridaut Dias Júnior para pintar um bandeirão com a ilustração. Era cruzar a linha de chegada, levar o carro à reta e brincar com o público para fazer com que a versão para quadrinhos do piloto fosse focalizada pelas câmeras de TV.

Mas Schumacher, com a Benetton, deixou Senna para trás e assumiu a primeira colocação da corrida. O brasileiro aumentou o ritmo na parte final de prova, tentando alcançar o rival alemão e acabou cometendo um erro quando passava na Curva da Junção pela 56ª vez. Rodou 90º e ficou parado na pista, abandonando a prova em Interlagos.

Senna admitiu o erro. Acelerou cedo demais na entrada da curva e derrapou. Com o carro parado, não conseguiu colocar a marcha certa, tentou sair em terceira ou quarta e o motor morreu. O brasileiro assistiu ao restante da prova ainda na parte interna do circuito e só retornou aos boxes depois da bandeirada final. “Foi uma pena porque o segundo lugar era garantido”, afirmou o piloto.

O resultado da corrida, de acordo com o periódico, foi “um banho de água fria na legião de fãs”, mas nem todos os brasileiros deixaram Interlagos decepcionados. Em sua segunda temporada na Fórmula 1, o jovem Rubens Barrichello levou a Jordan ao quarto lugar – foi superado por Schumacher, Damon Hill e Jean Alesi - e facilmente classificou o domingo de 27 de março. “O dia mais feliz da minha vida”, disse, a um mês da morte de Ayrton Senna.

Reprodução/A Gazeta Esportiva
Brasileiro rodou na 56ª volta e acabou abandonando sua última prova diante do público brasileiro



FONTE PESQUISADA

Senna foi de barbada a decepção em seu último GP do Brasil. Disponível em: <http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2014/11/formula-1/senna-foi-de-barbada-a-decepcao-em-seu-ultimo-gp-do-brasil.html?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter>. Acesso em: 03 de novembro 2014.










 




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