Trecho extraído do Livro “Caminho das Borboletas” de
Adriane Galisteu
Isabel ou simplesmente "Bel", uma das "secretárias do lar" de Ayrton Senna, governanta do apartamento do campeão em Mônaco
Ele tinha um apartamento em
Mônaco - pequeno, muito bem decorado, na medida para quem passava ali apenas
uma semana por ano, a semana do GP Diferente de outros tempos, em que chegou a
ser proprietário de um apartamento enorme, praticamente seu QG (Quartel General) europeu até o
dia em que se converteu às delícias de Portugal, de Sintra e do Algarve;
passou-o nos dólares e partiu em direção ao sol. De uma coisa, porém, ele fazia
questão, fosse o lugar grande ou pequeno, freqüentasse-o ele muito ou pouco
tempo. A casa tinha de estar funcionando, à sua chegada. E, em Mônaco, a
perfeição tinha um nome: Isabel, a cozinheira-arrumadeira-faz-tudo portuguesa.
Ela me conquistou de cara:
- Bem que a Maria (caseira de
Angra) me disse que você é linda.
Naquele momento, tomei
contato com o circuito casamenteiro que operava aos sussuros entre as várias
casas do Ayrton, a Isabel, a Maria (de Sintra), a Maria (de Angra), a Juraci
(do Algarve), todas mobilizadas em sua missão de Santo Antônio: uma mulher
faria muito bem ao campeão. Percebi que as alegres alcoviteiras começavam a
botar suas fichas - e, desconfio, até suas rezas - em mim.
As secretarias do lar de Ayrton torciam pelo casal
- Você faz bem ao garoto -
diria, na despedida, a Isabel. Quantas vezes mais eu não ouviria essa mesma
frase, dita pelas pessoas mais diferentes, dita até por ele mesmo? Bom que
tenha sido assim; pena que não seja mais. Paredes com cheiro de tinta nova e o
carpete imaculado sugeriam o capricho para a recepção anual ao príncipe
Ayrton. Para mim, marinheira de primeira viagem, tudo significava uma
descoberta - menos o que eu lhe oferecer.
FONTE PESQUISADA
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
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