Empresário rico “metido a
besta” faz pouco caso de amigos pobres de Ayrton Senna e ele dá o troco
Trecho retirado do livro "Ayrton, o herói revelado":
Nas noites de Angra e
redondezas, em festas em que os amigos Alfredo, Júnior e Christiano não entravam,
Ayrton não ficava. Esta era a senha para entender como ele circulava naquele
reduto da elite do Rio e de São Paulo. E Ayrton exercia o critério sem
estardalhaço, discretamente, às vezes se permitindo uma ironia ou uma pequena
molecagem com o anfitrião mal-educado com seus amigos.
A lealdade àquela turma dos
tempos de Santana e do Tremembé levou Senna a uma atitude dura com um
empresário paulista que convidara para passar uma noite na casa de Angra. O
convidado, cujo nome Alfredo não revelou nem dez anos depois, chegou num final
da tarde num iate de 32 pés
de comprimento.
Assim que o marinheiro jogou
as cordas, ele começou a tratar Alfredo e Matheus, o administrador da casa,
como se fossem seus serviçais:
- Pega a mala, leva pra
dentro e chama o Ayrton pra mim!
Matheus, conhecendo os
hábitos do patrão, tentou argumentar:
- Mas ele está dormindo.
- Acorda ele, vai!
Matheus, mais uma vez, disse
que não podia atender ao pedido. E o convidado acabou ficando bravo:
- Acorda que eu estou
mandando!
Alfredo, nesse momento,
resolveu ir até o quarto de Senna. Acordou o amigo e fez um relato do que
acontecera na frente da casa, acrescentando, reconheceu, "um
veneninho" que não explicou qual foi. Ayrton ficou mais acordado do que
nunca. Foi até o barco, cumprimentou o empresário e chamou:
- Alfredão, vem cá. Esse aqui
é o Alfredo, um grande amigo de infância. Logo em seguida, apresentou Matheus
como o administrador da casa de Angra. O empresário entendeu o recado e, quando
começou a se desculpar, foi interrompido pela despedida de Senna:
- Me desculpe, a gente
combinou, mas eu vou ter que dormir. Ao caminhar de volta em direção à casa,
Ayrton ainda cochichou para Alfredo:
- Não leve as malas dele de volta.
"Se fosse uma pessoa rica perguntar por ele, ele não estava para essa pessoa. Se fosse uma pessoa pobre trabalhadora, ele estava disponível para falar com essa pessoa", conta o português Felisberto, que trabalhou como jardineiro na mansão que Senna tinha em Portugal.
- Não leve as malas dele de volta.
Senna não abandonou ou trocou seus velhos amigos, mesmo depois da fama e fortuna, assista o relato deles nesse vídeo:
"Se fosse uma pessoa rica perguntar por ele, ele não estava para essa pessoa. Se fosse uma pessoa pobre trabalhadora, ele estava disponível para falar com essa pessoa", conta o português Felisberto, que trabalhou como jardineiro na mansão que Senna tinha em Portugal.
Assista o depoimento de Felisberto sobre seu antigo patrão no vídeo:
FONTE PESQUISADA
RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2004.
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