quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Acidente de Ayrton Senna Não Seria Fatal na F-1 de Hoje, Dizem Especialistas

Edgard Matsuki - Portal EBC
EBC - ebc.com.br
30.04.2014 - 18h37 | Atualizado em 02.05.2014 - 12h01

Senna conquista sua primeira vitória na Fórmula em Estoril, Portugal (Angelo Orsi/Instituto Senna)

As mudanças de segurança após o trágico GP de Ímola de 1994 fizeram com que alguns pilotos sobrevivessem a graves acidentes em corridas e treinos de Fórmula 1. E, para especialistas em automobilismo, Ayrton Senna também teria escapado com vida se o acidente do fatídico dia 1º de maio acontecesse, por exemplo, em 2014.


Os principais fatores que causaram a morte de Senna foram a violência da batida em uma parte da pista sem proteção de pneus e a falta da proteção à cabeça do piloto. De acordo com a perícia do acidente, a morte se deu após o choque da barra da suspensão dianteira do carro que, após atravessar a viseira do capacete, acertou a cabeça de Senna.

O comentarista Flávio Gomes acredita que Senna sobreviveria ao acidente se ele acontecesse em 2014 (Flávio Gomes/Divulgação)

Flávio Gomes, comentarista de Fórmula 1 do canal de TV Fox Sports, diz ter certeza que mudanças como a maior resistência no capacete, o aumento da lateral do cockpit (parte em que o piloto está localizado), o reforço da conexão das suspensões ao carro e a mudança nas pistas garantiriam a sobrevivência de Senna se o acidente ocorresse com o carro atual da categoria.

“Um acidente igualzinho aquele do Senna não resultaria na morte do piloto. A proteção no pescoço é muito maior por causa do HANS (sistema de apoio à cabeça e ao pescoço). Os capacetes são mais resistentes. A dinâmica do acidente não ocorreria hoje. As pistas hoje são mais seguras. Aquele tipo de curva sem nenhum tipo de proteção no muro não existe mais. Então, hoje, 20 anos depois, aquele acidente não seria fatal”, explica.

Confira na íntegra a entrevista de Flávio Gomes ao Portal EBC




O atual diretor de marketing da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e ex-piloto de Stock Car, Paulo Gomes, reforça a ideia de que Senna teria saído vivo do acidente. “Hoje um acidente desses não seria fatal. Só em termos de desenvolvimento de capacete, ele já não teria falecido. Se ele tivesse o capacete de três anos depois do acidente, teria sobrevivido”, aponta.


Fábio Seixas acredita que os carros estão mais seguros na Fórmula 1 (Fábio Seixas/Divulgação)

Fábio Seixas, que cobre Fórmula 1 desde 1995, é mais cuidadoso em relação a um parecer sobre o acidente de Senna. Para ele, seria difícil precisar se ele sobreviveria mesmo na Fórmula 1 de hoje por se tratar de um caso muito peculiar. “O acidente do Senna foi uma fatalidade muito grande. Uma barra de suspensão quebrou e acertou a cabeça dele. Qualquer piloto hoje em dia estaria sujeito a essa fatalidade”, aponta.

Seixas, porém, levanta que outros acidentes gravíssimos aconteceram após 1994 e o fato de os pilotos terem sobrevivido provam que a Fórmula 1 está mais segura. “Vários pilotos que se acidentaram gravemente foram poupados por causa das mudanças na Fórmula 1. O Robert Kubica, por exemplo, sofreu um acidente no Canadá que se o teste de resistência (crash test) não fosse tão rigoroso, teria morrido. O Schumacher teve um acidente na Inglaterra em 1999 em que a vida dele poderia ter ficado sob risco. Ele só quebrou as pernas”, diz. 

Confira na íntegra a entrevista de Fábio Seixas ao Portal EBC





Para jornalistas, categoria tinha falsa sensação de segurança em 1994

Tanto Seixas como Flávio concordam no ponto que um dos motivos da morte de Senna e de Roland Ratzenberger (que morreu no mesmo fim de semana em Ímola) foi o excesso de confiança que se tinha nos dispositivos de segurança da Fórmula 1 na época.

Motivados pelos 12 anos sem mortes em corridas (a última vítima fatal havia sido Gilles Villeneuve, em 1982) e oito anos sem mortes em pistas (a última havia sido de Elio de Angelis, em 1986), os dirigentes da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) resolveram mudar as regras para equilibrar a categoria no início da temporada de 1994.

“A Fórmula 1 estava se achando segura demais quando, na verdade, os carros eram frágeis. Além disso, houve uma mudança muito radical no regulamento de 1993 para 1994, que deixou os carros muito complicados de serem pilotados. A junção de uma coisa com outra explica o final de semana tão trágico em Ímola”, diz Fábio Seixas.

Flávio Gomes acredita que a segurança não estava conseguindo acompanhar a velocidade dos carros. “No final da década de 1980, os carros aumentaram demais em velocidade. Também vimos muitos acidentes em que os pilotos saíram ilesos. Isso aconteceu mais por sorte do que por uma real segurança dos carros”, afirma.

Seixas ressalta que o acidente de Senna serviu para criar consciência na categoria. “O acidente do Ratzenberger já seria suficiente para fazer a F-1 rever toda a segurança. Mas é claro que o Senna potencializou isso”, diz Seixas.

O jornalista do canal Sportv aponta que a Fórmula 1 começou inclusive a negar a sua natureza no momento em que começou até a frear o desenvolvimento dos carros em prol da segurança: “Antes era uma categoria em que o objetivo era ver quem era o mais rápido, mas aí começou a perceber que estava indo rápido demais e a segurança não estava acompanhando”. 

Senna comemora a conquista do bicampeonato, em 1990
Foto: Monthy Shader


Senna comemora vitória em Interlagos
Foto: Norio Koike


Senna conquista seu primeiro título, em 1988
Foto: Argelo Orsi


Ayrton Senna, Alain Prost e Thierry Boutsen no pódio do GP do Canadá de 1988
Foto: Documentário Senna


Senna celebra o seu primeiro título,conquistado em 1988
Foto: Argelo Orsi


Senna desfila com a McLaren pelas ruas de Mônaco


Senna conquista sua primeira vitória na Fórmula em Estoril, Portugal
Foto: Argelo Orsi


FONTE PESQUISADA

MATSUKI, Edgard. Acidente de Ayrton Senna não seria fatal na F-1 de hoje, dizem especialistas.  Disponível em: <http://www.ebc.com.br/esportes/2014/05/acidente-de-ayrton-senna-nao-seria-fatal-na-f-1-de-hoje-dizem-especialistas>. Acesso em: 07 de janeiro 2015.

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