sexta-feira, 22 de maio de 2015

Ayrton Senna Leva Peixes Para Trabalhadores Rurais


Enquanto o pai de Ayrton, Milton da Silva, foi processado por pratica de trabalho escravo, Senna tratava e cuidava muito bem de todos os seus empregados. Como revelado por muitos deles depois de sua morte.

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O doutor da F1, Sid Watkins, também falecido, contou uma história muito tocante: em certa ocasião Ayrton e Sid pescaram muitos peixes e o campeão teve a gentileza de leva-los para os trabalhadores de sua fazenda.



Na fazenda de Tatuí

Em março de 1993, na quinta-feira antes dos treinos para o Grande Prêmio do Brasil de Interlagos, convidou-me para ir pescar na sua fazenda, que ele adorava. Encontrei-me com ele no circuito após a inspeção médica e ele levou-me de helicóptero, com uma pequena parada no terraço do seu escritório. Uma vez chegados à fazenda deu-me o seu próprio quarto para eu dormir nessa noite. Tinha mandado repovoar o lago em frente da fazenda há uns anos e pescamos com canas, linha fixa (sem carretos) e grãos de milho como isca. E não parávamos: em cerca de uma hora já tínhamos apanhado uns trinta peixes de bom tamanho. Mandamos embrulhá-los para serem levados para a aldeiazinha onde viviam os seus trabalhadores.



Nessa noite houve uma grande tempestade e ficamos sem eletricidade e sem telefone. Eu tinha de telefonar para casa, de modo que fomos a uma cidade a alguns quilômetros. Pegando num jeep de tração às quatro rodas lá ia Ayrton contentíssimo e acelerando nas entradas enlameadas. Sessenta quilômetros adiante chegamos a uma cidadezinha e tentamos uma cabina telefônica sem sucesso. Tínhamos uma garagem perto é o mecânico reconheceu Ayrton, mas não nos deixou fazer uma chamada intercontinental. Senna foi muito simpático e, com a sua habitual humildade, não tentou puxar dois galões. Pedi a Ayrton para explicar que podia usar meu cartão da British Telecon, e assim a garagem não teria despesas. Desta forma conseguimos falar. Quando saímos havia já uma grande quantidade de jovens pedindo autógrafos, que Senna assinou debaixo de um candeeiro. Voltamos para a fazenda e Ayrton contou ao pai, com alguma admiração:

– Sid tem um cartão ótimo com um número, e pode-se falar com ele para todo o mundo.


Eu julgo que tínhamos uma relação pouco usual. Quando vinha a Londres, vinha ao East End, para almoçarmos num dos restaurantes chineses locais, perto do hospital. A clientela nunca conseguiu assegura-se se era ou não Senna. Havia uns olhares curiosos de tempos a tempos – mas não era possível que fosse Senna comendo num modesto restaurante nas ruelas estreitas de East End, no bairro mas pobre de Tower Hamlets. Ou seria?

Ayrton Senna e Adriane Galisteu em tarde romântica na fazenda Tatuí no interior de São Paulo


Não há nada que possa acrescentar ao que já foi escrito sobre ele como piloto. Como homem era tão dedicado a sua pilotagem e ao seu esporte que enfurecia e alienava muita gente no mundo da F1 – pilotos, funcionários e imprensa. Mas ele tinha esta outra face que eu conhecia tão bem.

Senna segura os milhos plantados em sua fazenda. Ele adorava tomar café da manhã com esses milhos e manteiga, também produzida em sua fazenda 

Senna e dr. Sid Watkins


FONTE PESQUISADA

SANTOS, Francisco. Ayrton Senna Saudade. Edição Brasileira. São Paulo: EDIPROMO, 1999.



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