sábado, 18 de julho de 2015

21 Anos Após Senna, F-1 Volta a Sentir Drama de Acidente Fatal, Com Bianchi



18/07/2015 09h00 - Atualizado em 18/07/2015 10h55

21 anos após Senna, F-1 volta a sentir drama de acidente fatal, com Bianchi
Após 9 meses, francês não resiste a ferimentos sofridos no GP do Japão. É 1ª morte causada por acidente em circunstância de corrida desde a morte de Ayrton, em 1994

Por GloboEsporte.com
Rio de Janeiro

Bianchi recebe primeiros atendimentos médicos após acidente no GP do Japão (Foto: Reprodução)

Vinte e um anos depois da perda de Ayrton Senna, a Fórmula 1 volta a ser assombrada por uma morte relacionada diretamente a um acidente ocorrido em circunstâncias de corrida da categoria. A vítima é Jules Bianchi, da extinta Marussia (atual Manor), que não conseguiu se recuperar dos ferimentos do gravíssimo acidente sofrido no GP do Japão de 2014 e, após passar nove meses internado em estado vegetativo, faleceu na noite desta sexta-feira (madrugada de sábado na Europa), no Hospital de Nice, sua cidade natal, na França.

A tragédia interrompe um jejum de pouco mais de duas décadas sem acidentes fatais em corridas. Este foi o maior intervalo entre mortes na história da categoria. Em Ímola, 1994, a categoria perdeu Ayrton Senna e o jovem austríaco Roland Ratzenberger no fim de semana mais tenebroso de sua história. O brasileiro bateu forte na curva Tamburello na sétima volta do GP de San Marino, não resistiu aos ferimentos e teve a morte decretada horas depois no hospital de Bolonha no dia 1º de maio. Um dia antes, Ratzenberger também havia perdido a vida ao sofrer um grave acidente durante o treino classificatório.

Acidente de Ayrton Senna no GP de San Marino de 1994 foi "gota d'água" para revolução na segurança da F-1 (Foto: AP)

A morte de dois pilotos, sendo um deles a maior referência da categoria na época, causou uma comoção sem precedentes e provocou uma verdadeira revolução na segurança da Fórmula 1. Após o trágico fim de semana, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA)  implementou uma série de mudanças fundamentais para reduzir a ocorrência de acidentes nos anos seguintes, acabando com um estigma que maculava a categoria nas décadas anteriores, quando diversos outros competidores perderam a vida nas pistas. Entre 1952 e 1994, 38 pilotos foram vítimas de acidentes fatais em testes ou corridas da F-1.

A lista de medidas adotadas pela FIA foi extensa: cockpit menos exposto, dando maior proteção à cabeça do piloto; sistema de proteção da coluna cervical em caso de impacto; reforço estrutural dos chassis; ampliação das áreas de escape das pistas; padronização do serviço de resgate e modernização dos hospitais montados nos circuitos, entre outras. Graças a essas novidades, acidentes gravíssimos ocorridos depois tiveram consequências menos desastrosas.

Acidente de Senna em Ímola determinou verdadeira revolução na segurança da F-1 (Foto: AP) 

As colisões de grandes proporções continuam acontecendo com frequência na categoria, mas a reformulação dos critérios de segurança explica a sobrevivência de pilotos como Martin Brundle, protagonista de um acidente impressionante no GP da Austrália de 1996, de Robert Kubica, na cinematográfica batida no Canadá, em 2007, e de Mark Webber, na decolagem no GP da Espanha, em 2010. Nos últimos dois casos, os pilotos saíram do carro praticamente ilesos.

Mesmo nos casos em que os pilotos sofreram algum tipo de lesão, a atuação da célula de sobrevivência impediu novas fatalidades. O cockpit altamente resistente, produzido com fibra de carbono e kevlar, teve papel fundamental em episódios como o gravíssimo acidente do brasileiro Luciano Burti no GP da Bélgica de 2001. A bordo de um carro da Prost, Burti se tocou com o irlandês Eddie Irvine e se chocou contra a barreira de pneus a 270km/h. A batida foi tão intensa que o piloto sofreu uma concussão cerebral, uma hemorragia craniana e ficou cinco dias em coma, três deles induzidos pelos médicos. O brasileiro, que atualmente disputa a Stock Car, retornou ao volante de um F-1 apenas quatro meses depois, mas levou dois anos para ficar totalmente recuperado.

No entanto, nenhuma dessas medidas foi capaz de evitar uma tragédia com Jules Bianchi no GP do Japão do ano passado, devido às características específicas da batida. O francês da Marussia aquaplanou na pista molhada na 43ª volta da corrida e atingiu um guindaste que removia a Sauber de Adrian Sutil, que havia rodado na saída da curva Dunlop na volta anterior. Bianchi estava a mais de 200km/h quando perdeu o controle de sua Marussia e acabou entrando debaixo do veículo que removia o carro do alemão. Com a força do impacto, o santoantônio, estrutura feita para proteger a cabeça do piloto em caso de capotagens, ficou destruído, e o francês foi atingido em cheio no capacete.

O carro pilotado por Luciano Burti ficou completamente destruído após acidente na Bélgica, em 2001 (Foto: Getty Images)

A tragédia evidencia uma série de equívocos tomados pela direção de prova da Fórmula 1 durante o fim de semana do GP do Japão, pondo em xeque alguns procedimentos adotados pela FIA ao longo dos últimos anos. O mais grave deles foi entrar na pista com um guindaste - veículo para o qual um F-1 não é projetado para se chocar - para resgatar o carro de Adrian Sutil sem que o safety car tivesse sido acionado - O setor foi sinalizando apenas com banderias amarelas. Naquele momento, chovia muito em Suzuka, e o alemão havia abandonado a prova após aquaplanar. Por isso, não seria uma surpresa caso outro piloto perdesse o controle do carro no mesmo local.

Além disso, a falta de visibilidade em razão do mau tempo e do horário pode ter influenciado na ocorrência de acidentes como o de Sutil e de Bianchi. Devido às condições climáticas e o pôr-do-sol em Suzuka previsto para as 17h30 (5h30 de Brasília), a FIA chegou a estudar a antecipação da corrida em algumas horas para que fosse garantida a realização da corrida com boas condições de luz natural, mas preferiu manter o horário programado para a largada, 15h locais, 3h no Brasil.

A entidade também estava inclinada a transferir a corrida para sábado em razão da possibilidade da chegada do tufão Phanfone ao Japão no domingo, mas foi convencida pelos promotores da corrida a manter a programação, mesmo com a previsão de forte chuva no domingo em Suzuka. 

Felipe Massa sobreviveu a grave acidente sofrido durante treino do GP da Hungria de 2009 (Foto: Agência EFE)

O brasileiro Felipe Massa, que sobreviveu a um forte acidente nos treinos do GP da Hungria de 2009, quando uma mola atingiu seu capacete, é uma das principais vozes pelo aumento da segurança na Fórmula 1. Após o episódio dramático do GP do Japão, com o grave acidente de Jules, ele contou que pediu insistentemente à FIA a interrupção da corrida quando a chuva começou a apertar nas voltas finais. A opinião dos pilotos, no entanto, divergiram sobre a necessidade da paralisação da prova por causa da chuva antes da batida de Bianchi.

O fato é que o desfecho trágico do acidente do piloto francês, mesmo nove meses depois do ocorrido, deve levantar debates sobre a segurança na Fórmula 1. O principal ponto a ser abordado serão os procedimentos de resgate para evitar episódios semelhantes. A discussão sobre o uso de canoplas que fecham o cockpit também promete voltar à tona.







FONTE PESQUISADA

21 anos após Senna, F-1 volta a sentir drama de acidente fatal, com Bianchi. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2015/07/21-anos-apos-senna-f-1-volta-sentir-drama-de-acidente-fatal-com-bianchi.html#atleta-jules-bianchi>. Acesso em: 18 de julho 2015.

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