quinta-feira, 16 de julho de 2015

Direto da Pedra do Senna

Ayrton Senna bebendo água de coco enquanto pilota sua lancha em Angra dos Reis, durante o verão carioca em suas férias no Brasil

As jornadas em frente à casa do tricampeão de Fórmula 1, em Angra dos Reis, que rendia à imprensa belas fotos e involuntários banhos de mar, dados pelo piloto, enquanto passava de lancha ou jet-ski

POR AYDANO ANDRÉ MOTTA
14/07/2015 6:00

Vai voar. Senna e o paraglider, no litoral de Angra: banhos na imprensa - Fernando Maia/16-11-1991

Lá vem o ídolo em alta velocidade, vai fazer a curva e... chuááááááá — um banho de mar involuntário na turma que está documentando as férias do personagem. Rotina molhada para os jornalistas, nos tempos em que Ayrton Senna era o grande nome do esporte brasileiro e, nas folgas, ia se divertir no mar cinematográfico de Angra dos Reis. A imprensa dava plantão em frente à casa do piloto, que passava de lancha e jet-ski à toda, viabilizando fotos e banhos. O ponto, no continente próximo ao Hotel Portobello, de tão usado para o trabalho, ganhou até nome informal: a Pedra do Senna.




— Passávamos o dia inteiro lá, de 8h até acabar a luz natural — relata Jorge William, um dos habitués. — Rendia foto, mas o repórter conseguia no máximo um bom dia — relembra ele, hoje na sucursal de Brasília.

O alvo do banho, em novembro de 1991, foi Marcelo Barreto, então repórter noviço da Editoria de Esportes. E olha que a jornada começou promissora. Mandado no sábado bem cedo para o plantão em frente à casa do tricampeão de Fórmula 1, na sua primeira viagem pelo jornal, ele testemunhou, por volta de 14h, o homem surgir e, em seguida, voar num paraglider (para-quedas puxado por uma lancha) colorido. A imagem, captada pelo fotógrafo Fernando Maia, ganhou a primeira página da edição do dia seguinte, domingo. Como “prêmio”, a equipe ficou uma semana na Pedra.

— Ralei um bocado, tentando uma entrevista que acompanhasse as fotos. Consegui o telefone da casa e liguei. O próprio Senna atendeu, e me disse que não falaria. “Se eu falar com você hoje, amanhã está todo mundo aqui” — recorda o jornalista, hoje o principal apresentador do Sportv.

Repórter que se preza dá seu jeito — e Barreto conseguiu chegar à praia particular do piloto, dias depois, acompanhando um grupo de estudantes paraguaios, que o ídolo topou receber. Alegou que estava fazendo um favor aos turistas, tirando as fotos para eles.

— O Senna me chamou de Rolando Lero, por causa da história — diverte-se o jornalista.

Dias depois, estava lá na Pedra, o piloto acelerou sua lancha e deu o banho protocolar na dupla do GLOBO, antes de seguir viagem, rindo. Para Barreto, serviu como presente.

Senna de lancha em Angra dos Reis

— Naquele ano, passei meu aniversário na Pedra do Senna — conta ele, confirmando que vida de repórter tem dessas coisas, no seco e no molhado.


FONTE PESQUISADA

MOTTA, Aydano André. Direto da Pedra do Senna. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/direto-da-pedra-do-senna-16753219>. Acesso em: 16 de julho 2015.


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