Por BBC | 20/02/2016 16:08 -
Atualizada às 20/02/2016 16:09
Algumas das imagens estão
sendo exibidas pela primeira vez e outras são raras, tendo sido poucas vezes
publicadas em jornais e revistas
A exposição "Ayrton
Senna: A última noite" reúne cem fotografias do piloto no Museu da
Velocidade, no autódromo de Monza, no norte da Itália. A curadoria é do
fotógrafo e autor das imagens, Ercole Colombo, e do escritor Giulio Terruzzi,
ambos italianos e amigos do brasileiro dentro e fora das pistas.
Algumas das fotos estão sendo
exibidas pela primeira vez e outras são raras, tendo sido poucas vezes
publicadas em jornais e revistas. A mostra traz ainda uma entrevista em vídeo
do piloto brasileiro, feita em um evento às vésperas do fatídico Grande Prêmio
de San Marino.
Em 1º de maio de 1994, Senna
morreu após uma colisão durante a prova em um final de semana especialmente
trágico do esporte, já que o austríaco Roland Ratzenberger havia morrido e o
brasileiro Rubens Barrichello ficado seriamente ferido durante os treinos
livres, no dia anterior.
A mostra foi composta com base no arquivo pessoal de Colombo.
Distribuídos em salas
escuras, estão momentos únicos da carreira esportiva e da intimidade do piloto.
Dentro do box da Ferrari, durante o GP da Bélgica, em 1992,
Senna joga um pedaço de bolo no rosto do aniversariante, Gherard Berger, piloto
austríaco e seu amigo. Jean Todt, atual presidente da Federação
Internacional de Automobilismo, segura um prato com uma fatia da torta de
chocolate
Foto: Divulgação
"Não procurei apenas
bela fotos. Também não houve nenhuma autocensura. Relutei apenas um pouco
naquela em que vemos Ratzenberger deitado na maca. Infelizmente, já estava
morto, sendo levado da pista para o centro médico. Mas não gosto de imagens de
acidentes, na verdade. Ela foi necessária para contar os momentos dramáticos
daqueles dias", diz Colombo.
Homenagens como essa ao
tricampeão de Fórmula 1 ajudam a manter viva uma lenda do automobilismo.
"Vou às escolas e todos
me perguntam de Senna, jovens que nem tinham nascido na época. Ele deixou uma
trajetória iluminada para quem vem atrás, como quem caminha lançando pedrinhas
no caminho.", conta Terruzzi.
As fotografias cobrem a
carreira de Ayrton Senna desde o começo, quando ele corria de kart, até suas
últimas horas de vida.
Natação era um dos esportes praticados por Senna. Aqui,
Ercole Colombo, eterniza uma das braçadas do campeão, em 1989, na Austrália
Foto: Divulgação
"Uma vez, Senna bateu
logo na saída, em Detroit, em 1984. Fiz a sua foto voltando com o volante na
mão, que está na exposição. Uma semana depois, Senna me ligou e me agradeceu
porque, pela imagem anterior, que foi publicada na revista Autosprint,
descobriu-se que o acidente tinha sido causado por uma falha mecânica e não por
culpa dele", relembra Colombo.
Há uma ala dedicada só aos
últimos momentos do piloto brasileiro. Estão ali a conversa do piloto com o
médico da F1, Sid Waltkins, a cena dele com Niki Lauda pedindo por mais
segurança nas pistas e o encontro com Rubens Barrichello, já com o braço
engessado.
"Mas existem fotos de
Sanna que irão ficar para sempre no cofre. Acho justo assim", comenta
Colombo.
Dois registros em especial
revelam ainda um Senna inquieto. "Mostramos imagens dele estranhamente sem
o capacete, momentos antes da largada, coisa que ele nunca fazia ou acontecia
raramente. Foi muito difícil voltar para casa naquele dia", lembra.
Os organizadores da mostra
criaram ainda cinco painéis em grandes dimensões que retratam as arquibancadas
lotadas, uma largada na primeira posição, a conversa de Senna com uma criança e
o fatal muro da curva Tamburello, contra o qual ele colidiu naquele GP de San
Marino.
Veja outras fotos:
Na época piloto da Mclaren, Senna aparece com Luca Cordero
di Montezemolo, então presidente da Ferrari, conversando num jantar. Foto:
Divulgação
Senna jovem se prepara para fazer rafting em corredeiras
perto de Ottawa, no Canadá. Antes do GP de Montreal, em 1984, seu ano de
estreia na F1, com a Toleman. Foto: Divulgação
O piloto com seu grupo de rafting, no Canadá, em 1984. Senna
havia viajado alguns dias antes do GP para participar, como convidado, de um
congresso sobre medicina esportiva. Foto: Divulgação
Senna pelo retrovisor de seu carro em Suzuka, no GP do
Japão, em 1991, onde venceria seu terceiro título mundial. Foto: Divulgação
Senna corre em uma praia na costa norte da Austrália, onde
acontecia o GP de Adelaide, no sul do país, em 1989. Ao seu lado, o italiano
Pierluigi Martini, piloto da Minardi. Foto: Divulgação
Exposição reúne objetos do piloto, como o macacão e a
balaclava usados por ele na McLaren. O duelo com o francês Alain Prost marcou
época na Fórmula Um. Nesta seção, as fotos retratam Senna com amigos e rivais.
Foto: Divulgação
A mostra em Monza refaz os primeiros passos do tricampeão
mundial. Na imagem, aos 24 anos, ele estreia no GP do Brasil, em 1984. A prova
foi no circuito de Jacarepaguá e abriu a temporada. Foto: Divulgação
Senna raramente estava sem o capacete no grid de largada.
Ercole Colombo fotografou o piloto poucos momentos antes da partida de seu
último grande prêmio. Normalmente concentrado, Senna aparece inquieto. Foto:
Divulgação
Elas refletem a grandeza de
seu talento, seu carisma e a imensidão de sua perda. Uma grande imagem está
presente na seção "Água Benta", dedicada ao piloto dirigindo no
asfalto molhado, pois parte de sua fama deriva de seus ótimos desempenhos em
provas realizadas debaixo de chuva.
Em tempos de imagens digitais
e em tempo real, a mostra é também uma viagem no tempo analógico das
fotografias.
"Usávamos os rolinhos de
filmes que tinham de ser revelados. A exposição tinha de ser perfeita. Se o
diafragma da câmera estivesse um pouco mais ou menos aberto do que deveria,
isso significava mandar a foto para a lixeira. Nunca sabíamos qual seria o
resultado", lembra Colombo.
Um dos postos mais
impactantes da exposição é uma sala escura na qual uma janela vai deixando a
luz do dia entrar aos poucos. Ao mesmo tempo, ouve-se a voz de Senna mixada com
o canto dos passáros ao amanhecer. Era o alvorescer de 1º de maio de 1994, o
último dia na vida de Senna.
"Quis recriar este
momento e apresentá-lo ao visitante", conta o fotógrafo.
"No final de semana em
que ele morreu, houve de tudo. Ocorreu o acidente com Barrichello, depois a
morte de Ratzenberger, pedaços de carroceria foram parar no público, um
mecânico foi ferido no pit-stop e, por fim, houve a tragédia de Senna. Nem Alfred Hitchicock (cineasta
britânico. Considerado o "Mestre dos filmes de suspense") conseguiria
imaginar uma trama como a daquele fim de semana.
REFERÊNCIAS
IG - Imagens inéditas e raras de Senna em
mostra desvendam o homem por trás do mito. Disponível em: <http://esporte.ig.com.br/automobilismo/2016-02-20/imagens-ineditas-e-raras-de-senna-em-mostra-desvendam-o-homem-por-tras-do-mito.html>.
Acesso em: 21 de fevereiro 2016.
WIKIPÉDIA - Alfred Hitchcock. Disponível
em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Hitchcock>. Acesso em: 22 de fevereiro
2016.
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