Ayrton Senna tinha muitos fãs
idosos, como a francesa Jeanne Damerot, que na época dessa foto em 1994 tinha 82
anos e vivia num asilo na França. O campeão amava os idosos.
Em seu livro “Caminho das
Borboletas”, Adriane Galisteu fala da paixão de sua avó Agnes por Ayrton Senna, de
quem era uma grande fã.
Veja os trechos:
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Minha avó húngara, que torcia
pelo Ayrton e não perdia jogo do Palmeiras na tevê.
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Eu não me ligava no ás das
pistas - perdão, não tinha me ligado até aquele dia. Pois, no domingo de
Páscoa, 11 de abril, eis-me colada na telinha, unindo minha torcida à da
minha avó fanzoca, roendo as unhas, chutando a mesinha de centro - e, depois,
festejando aos berros, com o Brasil inteiro, a vitória do meu Ayrton, depois de
arriscadíssimas ultrapassagens na chuva. Senti que era o Béco, no pódio,
brincalhão como nunca, abraçando aquele que eu descobri semanas depois ser o Jô
Ramirez, chefe da escuderia McLaren, dando um banho de champanhe no Giorgio
Ascanelli, engenheiro-projetista, que seria rival no ano seguinte mas não
deixou de ser amigo até os últimos dias. Cheguei a pensar, com egoísmo:
- Quem sabe eu não tenho a
ver também com um pouco da felicidade dele?
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Ayrton Senna e Adriane Galisteu
Aquele agito todo na casa,
dia 24, Zaza animadíssima com o jantar, que, por causa das crianças, seria mais
cedo, mas o Béco teve a sutil percepção de que a nuvem negra voltava a se
formar em cima da minha cabeça:
- Dri, você não prefere
passar a meia-noite com sua mãe?
Meu coração balançava entre
estar ali, ao lado do meu amado, e estar em São Paulo, junto ao leito de minha
avó. Pedi um tempo para pensar. De repente, me deu um estalo:
- Vou sim. Acho que devo ir.
Troquei de roupa, Zazá me
emprestou seu carro, uma Quantum, e, de uma gentileza que só vendo, ainda mandou
umas lembrancinhas para minha família. Ayrton me acompanhou, preocupado, até o
carro. Pediu para eu ligar tão logo chegasse. Corri para o quarto de minha avó.
Eu a amava intensamente. Vivia me cobrando casamento. "Quero ver tudo
preto no branco", divertia-se. Vizinha de parede, sempre soube muito de
minha vida e de meus amores - que foram poucos, diga-se. Encontrei-a inerte, no
leito, incapaz de dizer palavras com os lábios, mas apta a expressar grandes
sentimentos com os olhos. Foi assim meu Natal de 1993, na cabeceira de minha
vó, nos seus 80 anos de idade. Não me arrependo. No dia 26 de janeiro, um mês e
dois dias depois, vovó descansou para sempre.
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FONTE PESQUISADA
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
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