domingo, 9 de outubro de 2016

Liquidez

Você conhece este senhor de cara boa, dando suas braçadas enquanto sorri?


Para o banqueiro Walter Moreira Salles, ele seria o Pelé dos negócios. Para o próprio Pelé, o brasileiro mais fanático por esporte que ele conhece. Para o ex-piloto Emerson Fittipaldi, um patrimônio nacional. Para Ayrton Senna, o amigo que o abrigava nos bons e maus momentos e ao lado de quem viveu suas duas últimas semanas em 1994. Para Lázaro de Mello Brandão, um empresário versátil, propugnador de seus ideais. Para Bebeto de Freitas, o sujeito que influenciou toda uma geração de atletas e técnicos.

Assim o descreveu André Viana, um dos pouquíssimos jornalistas que tiveram o privilégio de entrevistar Antonio Carlos de Almeida Braga, esse simpático senhor de 83 anos conhecido como “Braguinha”, perfilado por ele em 2008 para a revista “Private Brokers” (edição 19), que gentilmente cedeu à coluna esta rara imagem feita pelo fotógrafo Kiko Ferrite.

Braguinha mereceria um estudo detalhado. Mas não para entender as habilidades e o fair play que o ajudaram a erguer o maior grupo segurador da América Latina, o Atlântica Boavista, vendê-lo ao Bradesco e depois se tornar presidente e um dos principais acionistas do então maior banco privado do Brasil. Nem tampouco para desvendar como esse homem fez do vôlei brasileiro um dos primeiros sinais concretos de que poderíamos, sim, ser protagonistas mundiais em frentes impensáveis. Ou como o mesmo sujeito tornou-se um dos maiores apoiadores das mais diferentes figuras e modalidades do esporte nacional como Ayrton Senna e Guga, para citar só dois.

A principal meta da tal junta seria tentar isolar o gene capaz de fazer alguém que conquista dinheiro e projeção social amanhecer um belo dia e decidir parar tudo aos 60 anos para viver uma vida de sossego ao lado da mulher, da família e dos amigos. Mas desfrutando também da atitude de focar sua fortuna e seu talento no desenvolvimento de atletas em modalidades esportivas menos desenvolvidas.

Por incrível que possa parecer, contam-se aos milhares as pessoas que conquistam e acumulam riquezas enormes. Mas são pouquíssimas as que conseguem em algum momento se desprender de uma espécie de, digamos, “síndrome do acúmulo”.

Braguinha sabe que a vida é bem maior do que isso.
Refletindo sobre isso, difícil não lembrar de uma das mais comentadas reflexões do líder espiritual do Tibete e Prêmio Nobel da Paz, o Dalai Lama, que talvez consiga fechar sábia e eficientemente a questão.
Perguntaram a ele:
– O que mais te surpreende na humanidade?
E ele respondeu:
– Os homens… Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E, por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer…
E morrem como se nunca tivessem vivido.



FONTE PESQUISADA

LIMA, Paulo. Liquidez. Disponível em: <http://istoe.com.br/62015_LIQUIDEZ/>. Acesso em: 09 de setembro 2016.


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