Avaliação foi a última
colaboração que Senna fez para a revista, pouco antes de sua morte
Por Eduardo Pincigher /
Fotos: Marco de Bari
22 dez 2016, 21h00 - Atualizado em 22 dez
2016, 21h04
Ayrton Senna testando o Audi S4
* Reportagem originalmente
publicada em junho de 1994
Pouco mais de dois meses
antes de sofrer o acidente fatal no Grande Prêmio de San Marino, Ayrton Senna
esteve no Autódromo de Interlagos.
Daquela vez, porém, o
tricampeão mundial não se encontrava ali para competir. Mas para dar, com
exclusividade a QUATRO RODAS, suas impressões ao dirigir o Audi S4. Um dos
modelos que ele mesmo, através da Senna Import, começava a trazer ao país.
Garoava forte, o que tornava
a ocasião propícia para avaliar o carro. Ainda mais com o Rei da Chuva ao
volante. Na Curva do Sol, o velocímetro já marcava 130 km/h , em terceira
marcha. Consciente de que era preciso aquecer os pneus, o piloto diminuiu o
ritmo, enquanto contornava o traçado.
Na reta dos boxes, as marchas
eram trocadas a 6.000 rpm, exceto na passagem da quinta para a sexta, quando o
conta-giros apontava 5.200 rpm. “Jamais havia guiado antes um carro de passeio
tão veloz, aqui em Interlagos”, impressionou-se Ayrton, ao olhar para o
velocímetro, que marcava 195
km/h .
Aquilo era só o começo. No
instante da freada para o S do Senna, o Audi chegou a 205 km/h . Ayrton, então,
parou de falar. Iniciou a frenagem, reduzindo marchas com invejável rapidez,
sempre intercaladas com punta-tacos. A tomada apontava para dentro da curva,
como se ele estivesse a bordo de um Fórmula 1. Feita a manobra, o carro escapou
levemente para fora.
Ayrton Senna testando o Audi
S4
Mas seu piloto se chamava
Ayrton Senna da Silva. Com um contragolpe no volante, ele fez com que o Audi
retomasse a trajetória original sem maiores dificuldades. E, quando beliscou a
zebra, a Curva do Sol já reaparecia, bem à frente. Chegando à Curva do Lago, pé
no freio, reduções de marcas, acelerador a fundo novamente. Uma manobra
perfeita, e fim de test drive.
“Cabem cinco pessoas com
folga no interior do S4. Ele é um automóvel muito confortável, e você pode
sentir isso andando em qualquer velocidade”, resumia um entusiasmado Ayrton, ao
tirar o capacete. “Além disso, carros turbinados, como este, são mais
divertidos de acelerar. isso tudo sem deixar de lado a segurança, nossa
principal preocupação ao trazê-lo para o Brasil”.
Ayrton Senna testando o Audi
S4
Opiniões de
Senna
Tração permanente: “É a maior
vantagem sobre os concorrentes. Com ela, ganha-se muito em estabilidade. Como
as quatro rodas tracionam, não há perigo de um dos eixos derrapar em uma curva
veloz. Na chuva, então, esse sistema é fantástico. Garante muita segurança aos
passageiros.”
Segurança: “Na Alemanha,
guiei uma Avant S4 (versão station do carro testado) nas autobahnen, a mais de 240 km/h . Fiz, então, a
seguinte experiência: tirei as mãos do volante e subi no pedal de freio. A
perua parou em linha reta, e não apresentou fading. Fiquei impressionado com o
sistema de freios e com a eficiência do ABS.”
Overboost: “É um recurso que
utilizávamos nos Fórmula 1 da era turbo. Na hora de ultrapassar outro carro,
bastava apertar um botão no volante que a turbina exercia pressão extra sobre o
motor. O S4 tem o mesmo sistema, só que é automático. O motor recebe 25 cv a
mais instantaneamente. Ao ultrapassar um caminhão numa estrada de mão dupla, o
overboost garante a realização da manobra com maior rapidez e segurança.”
FONTE PESQUISADA
PINCIGHER, Eduardo. Relembre o teste de
Senna com o Audi S4 para QUATRO RODAS. Disponível em:
<http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/relembre-o-teste-de-senna-com-o-audi-s4-para-quatro-rodas/>.
Acesso em: 24 de dezembro 2016.
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