Ayrton já estava farto da exploração de sua família
Foto de 1991 em Angra dos Reis.
Não esquecendo também, que a família era obcecada por controlar a vida do Ayrton, e isso se intensificou a medida que ele se tornava um astro da Fórmula 1.
O pai de Ayrton, Milton da Silva com seus outros dois filhos,
Viviane e Leonardo, tramaram um complô para separar o piloto de Adriane
Galisteu, que segundo o próprio Ayrton e amigos era a mulher que o fazia muito feliz e com quem ele pretendia se casar em 1994.
Para bom entendedor.. no fim de sua vida, Ayrton agiu como quisesse dizer para a família: "Deixem-me viver a minha vida em paz".
Ayrton Senna Diz Que é Muito
Feliz Com Adriane Galisteu
Assista:
"Eu sou muito feliz.
Cada piloto... tendo uma vida como nós [pilotos] brasileiros, girando o mundo
com a Fórmula 1, merece as vezes se acalmar um pouco, e dividir com uma mulher
especial a nossa vida. Eu sou feliz." Ano 1993
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Às vezes, se queixava do que
Linamara chamou de "pressão". A frase de Ayrton, em uma dessas
ocasiões, resumia seu dilema afetivo:
- É muita gente em função de
mim.
No início de abril daquele
ano, Linamara sentiu de perto a preocupação que Ayrton despertava na família.
Ele foi ao consultório acompanhado do tio de Goiânia, Benedito, e Linamara teve
de explicar ao tio tudo o que estava prescrevendo para Senna:
"Eu fiz com prazer, mas
o Ayrton ficou preocupado. Ligou depois, pedindo desculpas pela maneira com que
as pessoas próximas ficavam vigiando ele. Ele era extremamente vigiado.”
Fonte: livro "Ayrton, o herói revelado" escrito por Ernesto Rodrigues.
Fonte: livro "Ayrton, o herói revelado" escrito por Ernesto Rodrigues.
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Muita Gente Dependia do
Ayrton - Diz Ex-Assessora de Imprensa do Tricampeão
Assista:
Retirado do documentário
"Ayrton, Retratos e Memórias" do Canal Brasil - Ano 2015
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"Braga conhecia o Béco e sabia
o que se passava no fundo de seu coração. O ídolo é um alvo fácil para a
intriga, o veneno, a inveja, o medo dos que gravitam em torno dele, a
insegurança de quem tenta inutilmente controlá-lo. Braga sabia que Ayrton
estava sob pressão - e que a Benetton e Michael Schumacher não eram as
únicas coisas do mundo a atormentarem seu sono. Mas sabia da integridade do
amigo, da força de sua determinação e da sinceridade de seus sentimentos." - Adriane Galisteu.
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No final de 1993, Adriane
chegara a ser levada por Ayrton para passar o Natal com a família em Tatuí,
mas, na última hora, voltou para São Paulo dirigindo o carro de dona Neyde. Outro
momento tenso foi a compra de um carro Uno, zero quilômetro, cor prata, para
ela.
A transação fora feita pelo
amigo Alfredo Popesco, a pedido de Senna. De acordo com Alfredo, o presente
deixou Milton da Silva chateado.
Quando Ayrton e Adriane
estavam no Brasil, o namoro misturava situações românticas e tensas. O piloto
Nelson Loureiro confirmou que até bilhetes apaixonados eram motivo de viagens
do helicóptero de Senna. Em uma delas, a pedido de Ayrton, Nelson levou Adriane
para uma filmagem em Paraty, litoral do estado do Rio. Logo depois de pousar,
quando ela disse que estava com saudade de Senna, àquela altura no escritório
do edifício Vari, em Santana, Nelson, cúmplice, propôs:
- Escreve um bilhetinho que
eu levo pra ele.
Adriane aceitou a sugestão,
escreveu o bilhete e, minutos depois, ele estava voando de volta para São
Paulo. Para surpresa de Ayrton, ao perceber o pouso antecipado do helicóptero
no prédio:
- O que você está fazendo
aqui?
- Trouxe esse bilhete aqui
pra você.
Ayrton, segundo Nelson, pegou
o bilhete e reagiu, preocupado:
- Você é louco. Meu pai me
mata se souber disso. Aliás, mata você e eu.
- Mas você tem que responder
ao bilhete, Ayrton.
Algum tempo depois, Nelson
decolou novamente para Paraty, levando a resposta de Ayrton.
Para Nelson, um dos que
perceberam o mal-estar na família deflagrado pelo namoro, a atitude de Milton
da Silva era a de "um pai diante de um filho que fez escolhas de vida
diferentes das que ele imaginava e queria". De acordo com ele, no final de
1993, as brigas haviam chegado a um ponto em que ele ouviu Ayrton flertar com
uma alternativa inimaginável para quem conhecia sua profunda dependência
emocional em relação ao Brasil, Tatuí e, principalmente, Angra dos Reis:
- Estou pensando até em não
vir para o Brasil e ficar lá em Portugal com a Adriane.
Braguinha, um dos que
perceberam não apenas os problemas com a família, mas também a mudança pessoal
de Ayrton, deu, nove anos depois, uma explicação simples para a crise:
"O Miltão achava que
todo mundo que se aproximava do Ayrton tinha interesses, queria tirar
vantagens. Bastava um relacionamento durar mais para ele não gostar.”
Com a autoridade de quem
ajudou Adriane a escrever suas memórias, Nirlando Beirão confirmou:
"Foi uma relação que foi
crescendo e ele começou a sinalizar para a família que queria aquilo."
Era impossível ignorar o
namoro, qualquer que fosse o papel que dessem a Adriane. Nuno Cobra esteve três
semanas na casa do Algarve, para um trabalho intensivo com Senna. Disse ter
formado com ela uma "aliança" para não deixar que ele voltasse a ser
"aquela pessoa tensa, preocupada, responsável, lacônica, triste e
taciturna":
"A Adriane dizia: 'Ataca
daí, Nuno, que eu vou atacar daqui. Vamos tirar esse Senna daí. Ele está
virando Senna, está ficando triste'.”
Em uma única oportunidade,
Takeo Kiuchi, o engenheiro da Honda que se tornou amigo, disse ter sentido
"a sensação reconfortante de que Ayrton era um ser humano normal": um
jantar em Suzuka, na semana do GP do Japão de 1993.
Kiuchi já estava de volta ao
Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda, no Japão, e recordou:
"Eu estava com a minha
mulher, Yuki, e Ayrton com Adriane. Foi um encontro em três idiomas: japonês,
inglês e português. Eu nunca vi Ayrton tão alegre e brincalhão como naquele
dia.”
Walderez Zanetti, no
penúltimo corte de cabelo, já em 1994, viu Ayrton "na época em que ele
estava melhor como pessoa":
"Na hora de se despedir,
Ayrton fez o que não costumava fazer. Parou na escadaria, virou-se para mim e
mandou um beijo tão afetuoso que todo mundo no salão caiu de quatro.”
Fonte: livro "Ayrton, o herói revelado" escrito por Ernesto Rodrigues.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2004.
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
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