Ex-dono de equipe revelou que tricampeão chegou a
conversar com ele sobre a possibilidade de correr na sua equipe, enquanto fazia
"plano teatral" com Ron Dennis para ficar na McLaren
Por Fred Sabino, Rio de Janeiro
22/03/2018 13h00
Atualizado 22/03/2018 13h00
GloboEsporte.com - globoesporte.globo.com
Amigos, é com grande alegria que abro este novo
espaço no GloboEsporte.com. O Memória F1 nasceu para relembrar histórias da
categoria, com seções que vocês vão conhecer aos poucos, entrevistas com
personagens históricos, bastidores e curiosidades, muitas curiosidades. E nesta
semana em que Ayrton Senna completaria 58 anos, conto uma história muito
curiosa, e quase desconhecida, do tricampeão.
Depois de um decepcionante quarto lugar no Mundial
de 1992, com apenas três vitórias enquanto as "Williams de outro
planeta" (como o próprio Ayrton as chamava) atropelavam a concorrência,
Senna iniciou o ano de 1993 repleto de dúvidas: ficar na McLaren sem a Honda
(que abandonara a F1) e com motor Ford de segunda especificação? Ir para a
Fórmula Indy com ajuda do amigo Emerson Fittipaldi? Tirar um ano sabático como
fizera o rival Alain Prost? Deixar de vez a Fórmula 1?
Nesse complexo cenário, Senna e o chefão da McLaren,
Ron Dennis, desenvolviam um plano teatral para convencer a Marlboro, então patrocinadora
principal da equipe, a pagar as exorbitantes exigências salariais de Ayrton,
que, na real, queria testar primeiro o modelo MP4/8 com o confiável - mas não
tão potente - motor Ford antes de tomar qualquer decisão. Enquanto se dava o
complexo jogo de blefe e contra-blefe, surgiu uma sondagem que quase ninguém
soube à época, e até mesmo depois disso não teve repercussão.
Barrichello durante o GP da África do Sul de 1993
(Foto: Getty Images)
Em seu terceiro ano na Fórmula 1, a Jordan já havia
anunciado o novato Rubens Barrichello, de 20 anos, como piloto titular, mas
ainda tinha um cockpit vago. Para a maior parte dos pilotos era um assento
interessante. A despeito de ter marcado apenas um ponto em 1992 com o terrível
motor Yamaha, a Jordan era uma equipe bem organizada e com recursos bastante
razoáveis. Teria um carro novo em folha projetado por Gary Anderson e os
confiáveis motores Hart V10. Foi aí que, pasmem vocês, apareceu Ayrton Senna!
Em livro publicado apenas na Europa sobre a carreira
de Rubens Barrichello (Editora Haynes, 2005), o experiente e renomado
jornalista britânico David Tremayne - aliás, uma figura querida dos jornalistas
brasileiros - revelou uma conversa que teve com Eddie Jordan, na qual o ex-dono
de equipe e hoje comentarista contou que Senna chegou a abrir negociações com
ele para 1993.
Sem saber se ficaria na F1, Sennna chegou a testar um
Fórmula Indy no fim de 1992 (Foto: Reprodução / Twitter)
Jordan tinha praticamente fechado com Martin
Brundle, mas este foi para a Ligier na última hora, o que manteve a segunda
vaga em aberto. Para quem não sabe ou lembra, Senna foi rival ferrenho de Eddie
Jordan e de Brundle no épico campeonato inglês de Fórmula 3 em 1983, vencido
pelo brasileiro. Mas a relação entre Senna e Jordan se manteve cordial, e o
tricampeão fez contato, segundo Eddie.
Como todas as demais vagas importantes do grid
estavam fechadas, Senna queria ter pelo menos na manga uma possibilidade de
vaga (improvável, é verdade), e não ficar um ano parado caso naufragasse o
plano teatral com a McLaren, que tinha confirmado Michael Andretti e já deixara
de sobreaviso o futuro campeão Mika Hakkinen. Parece impensável ainda hoje, mas
pelo menos segundo Eddie Jordan, a ideia de uma dupla entre Senna e Barrichello
chegou a existir. Seria, claro, uma espécie de contrato-tampão, já que Ayrton
queria mesmo a Williams, o que aconteceria apenas em 1994.
Ayrton Senna conquistou cinco vitórias em 1993, uma
delas considerada uma atuação épica, em Donington Park (Foto:
Divulgação/McLaren)
No fim das contas, Senna testou o McLaren-Ford e
gostou. Conseguiu ainda êxito no plano teatral com Ron Dennis e arrancou 1
milhão de dólares por corrida da equipe, primeiro assinando contratos prova a
prova, e, a partir da sétima etapa (França), com um compromisso até o fim do
ano. Conquistou vitórias memoráveis, cinco no total, e conseguiu um
vice-campeonato brilhante, a apenas 26 pontos de Prost, que tinha uma
Williams-Renault no auge das forças, graças à potência do motor Renault e à
eletrônica embarcada.
Como Ayrton infelizmente não está mais entre nós
para comentar esse "causo", fica o dito pelo não dito, e essa
negociação entre Senna e Jordan se torna uma daquelas famosas histórias de
bastidores.
Mas que seria incrível ver Ayrton e Rubinho juntos,
ah, isso seria...
FONTE PESQUISADA
SABINO, Fred. Senna e Rubinho juntos em 1993? Segundo
Eddie Jordan, houve uma sondagem. Disponível em: <https://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/blogs/memoria-f1/post/2018/03/22/senna-e-rubinho-juntos-em-1993-segundo-eddie-jordan-houve-uma-sondagem.ghtml>.
Acesso em: 23 de março 2018.
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