Ayrton Senna virava definitivamente o Rei de Mônaco
há exatos 25 anos Ayrton Senna virava definitivamente o Rei de Mônaco há exatos
25 anos
Por Fred Sabino, Rio de Janeiro
23/05/2018 08h00
Globo Esporte - globoesporte.globo.com
Quando chegou a Monte Carlo para a sexta corrida da
temporada de 1993, Ayrton Senna vivia uma lua de mel com a torcida brasileira.
Contra todas as previsões, estava firme na disputa da liderança do campeonato
mesmo com um conjunto McLaren-Ford bem inferior à poderosa Williams-Renault de
Alain Prost. Nas cinco corridas anteriores, conquistara duas vitórias
antológicas em Interlagos e Donington Park, enquanto o francês vencera três
vezes (África do Sul, San Marino e Espanha).
Na tabela, Prost tinha 34 pontos contra 32 de Senna.
Mas, em Mônaco, a perícia de sempre e uma dose de sorte deram a Ayrton a sexta
vitória no Principado. Um recorde que completa 25 anos neste dia 23 de maio e é
o tema da seção OTD ("On This Day").
#OnThisDay in 1993, Senna mastered the streets of Monte Carlo to win the #MonacoGP, one of his six victories in the Principality. Delve into the story of how Senna made Monaco his own: https://t.co/kdQtSK2ZlR 🏆 pic.twitter.com/TXHPF6b85F— McLaren (@McLarenF1) 23 de maio de 2018
O primeiro dia de atividades não começou nada bem
para Senna. Logo no primeiro treino livre de quinta-feira, o brasileiro freava
para a curva da St.Devote quando a suspensão ativa da McLaren teve um problema
e o carro guinou para o guard rail do lado direito. Depois de uma violenta batida,
o MP4/8 ricocheteou para a esquerda.
Senna durante os treinos livres do GP de Mônaco de
1993 (Foto: Getty Images)
Senna mordeu a língua e ainda teve uma luxação no
dedo polegar da mão direita, o que era uma preocupação para a corrida mais
desgastante da temporada. Isso porque, apesar de o câmbio não ser mais manual,
ainda assim havia diversos comandos do volante do lado direito. Diante disso, a
McLaren teve de fazer adaptações de emergência no volante para Senna ter
condições de guiar no fim de semana.
De fato, Senna pôde participar de todas as
atividades de pista. Choveu com violência no primeiro treino classificatório, e
as dores foram maiores do que a habilidade de Ayrton no molhado. Resultado:
quinto lugar, a 3s173 do melhor tempo feito por Damon Hill. Mas a previsão para
o sábado era de sol, então os tempos do primeiro tempo não pareciam relevantes.
E não seriam mesmo.
Prost acelera em Mônaco para conquistar a pole
position (Foto: Getty Images)
Com a pista seca, Alain Prost conquistou sua sexta
pole consecutiva, com 1m20s557, terminando 0s633 à frente de Michael
Schumacher, que se mostrou muito à vontade com a Benetton-Ford no Principado.
Senna tinha tudo para incomodar Prost, mas ficou apenas em terceiro após uma
rodada na saída do túnel quando vinha na sua melhor volta do treino. Damon Hill
ficou em quarto depois de rodar no mesmo ponto por quebra da suspensão.
Em terceiro no grid, e sem muitas esperanças de
vencer, Senna tinha duas opções estratégicas: se fizesse uma boa largada, pelo
menos passando Schumacher, ele iria imprimir um ritmo forte. Se ficasse em
terceiro, faria uma prova mais cautelosa e tentaria evitar uma troca de pneus,
deixando Schumi partir na caça a Prost, e tentando aproveitar algum contratempo
de ambos.
E, de fato, os contratempos dos rivais vieram. Com
problemas de embreagem na Williams "de outro planeta", como Senna
chamava os carros da equipe na época, Prost largou um pouco antes da luz verde.
Uma queimada clamorosa. Com isso, o francês disparou na frente, seguido por
Schumacher e Senna, que quase perdeu o terceiro lugar para Hill mas o segurou
no grito.
Com um forte ritmo, Prost começou a abrir, e
Schumacher não o conseguiu perseguir de perto, enquanto Senna, cumprindo o
plano de tentar evitar uma troca de pneus, ficou mais para trás, controlando os
ataques de Hill. Mas no fim da 11ª volta Prost teve de parar nos boxes para
cumprir um stop and go de dez segundos.
Só que a embreagem, usada apenas com o carro parado,
voltou a aprontar: quando o francês tentou sair, o carro morreu. Depois de
muita demora e mais outra tentativa fracassada de arrancar, Prost deixou os
boxes com uma volta de atraso.
Schumacher herdou a liderança e continuou imprimindo
um ritmo forte, preparando sua troca de pneus prevista, enquanto Senna apertou
um pouco o pé a partir da 18ª volta, quando a diferença chegou a 20 segundos.
Da 20ª à 30ª voltas de um total de 78, a diferença se estabilizou em 15
segundos.
Schumacher volta a pé após abandonar GP de Mônaco de
1993 (Foto: Getty Images)
Mas aí a sorte faltou a Schumi e sorriu a Ayrton,
quando, na 33ª passagem, uma tubulação de fluido da suspensão ativa se rompeu e
causou um incêndio na Benetton. Fim de prova para Schumacher e liderança a
Senna. Naquele momento, Prost vinha se recuperando e já era o décimo, mas ainda
sem estar na zona de pontuação, que ia até o sexto colocado.
Como conseguiu poupar os pneus na primeira metade da
prova, Senna conseguiu aumentar o ritmo nas voltas seguintes ao abandono de
Schumacher, e, com isso, abriu mais de 30 segundos de vantagem para Hill. Já
com a diferença tranquila, o brasileiro mudou a estratégia e resolveu trocar os
pneus para se garantir nas voltas finais.
Com uma boa operação da McLaren nos boxes, Senna
manteve a liderança após o pit stop e, com pneus novos, abriu novamente de Hill
mesmo sem forçar o carro. No terço final de prova, o inglês sofreu com a
aproximação de Gerhard Berger com a Ferrari, com Jean Alesi em quarto, Prost já
em quinto e Christian Fittipaldi num excelente sexto lugar com a Minardi.
A sete voltas da bandeirada, Berger aproveitou um
vacilo de Hill com os retardatários e encostou. Mas o austríaco, como em muitas
vezes na sua carreira, fez uma bobagem monumental ao tentar passar Hill no
gancho do Loews quando não havia a menor chance. Berger ficou por ali mesmo,
enquanto Hill ainda voltou aos trancos e barrancos, mas sem perder o segundo
lugar.
Senna na volta da consagração após vencer em Monte
Carlo, em 1993 (Foto: Getty Images)
Nas últimas voltas, Senna administrou a vantagem
sobre Hill e de repente viu Prost atrás dele a ponto de recuperar a volta de
atraso. Ayrton não queria Prost por perto e apertou o ritmo para "evitar
alguma surpresa" - lembrem-se de que eles ainda não haviam feito as pazes.
Senna cruzou a linha de chegada para vencer pela
sexta vez em Mônaco, com 52s118 de vantagem para Hill e 1m03s362 à frente de
Alesi, com Prost em quarto, Christian numa fantástica quinta posição, e Martin
Brundle (Ligier) em sexto.
Com a vitória em Mônaco, além de superar o
recordista anterior Graham Hill e se tornar o Rei de Mônaco, Senna recuperou a
liderança do campeonato, com 42 pontos, cinco a mais do que Prost. Até o fim do
ano, ele venceria mais duas vezes (Japão e Austrália) e seria o vice-campeão,
enquanto Prost conquistaria o tetra.
E Senna celebrou a sexta vitória no Principado com a
nova namorada Adriane Galisteu, a quem levou para a tradicional festa de gala
liderada pelo Príncipe Rainier na noite de domingo, e ainda deu na
segunda-feira um passeio de motoneta pelo circuito que o consagrou para sempre.
A mística em torno de Senna nas ruas de Monte Carlo
ficou para a eternidade, mesmo mais de duas décadas depois da morte do
tricampeão, em 1994. No início do mês, a McLaren usada por Ayrton na vitória de
1993 foi arrematada num leilão por ninguém menos do que Bernie Ecclestone. O
valor? Singelos R$ 18 milhões.
FONTE PESQUISADA
SABINO, Fred. Ayrton Senna virava definitivamente o
Rei de Mônaco há exatos 25 anos. Disponível em: <https://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/blogs/f1-memoria/noticia/ayrton-senna-virava-definitivamente-o-rei-de-monaco-ha-exatos-25-anos.ghtml>.
Acesso em: 24 de maio 2018.
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