quarta-feira, 9 de maio de 2018

Reginaldo Leme Relata Momentos Dramáticos Após Acidente Fatal de Ayrton Senna na Itália

Trecho do livro Ayrton Senna: As time goes by escrito pelo jornalista britânico Christopher Hilton



TRADUÇÃO LIVRE

Reginaldo Leme trabalhou para o canal brasileiro TV Globo ao longo da carreira de Senna. "Eu estava [no dia do acidente de Ayrton] comentando junto com Galvão Bueno. Fiz a análise. No Brasil é diferente da Inglaterra: chamamos o comentarista de analista, e você chama o comentarista de pessoa que lhe conta o que está acontecendo. Bueno fez isso e eu era o analista "

"Galvão era o melhor amigo de Senna e, é uma incrível coincidência, mas naquele momento do acidente em Ímola - naquele exato momento - Galvão não estava olhando o monitor. A antiga cabine de transmissão em Ímola era muito pequena, não podíamos ver os carros e os pits, e Galvão estava tentando ver alguma coisa nos boxes. Eu empurrei-o com muita força para prestar atenção no monitor. Quando ele se virou e viu o monitor foi terrível.O rosto dele mudou.

*Pits: a parada dos pilotos nos boxes.
*Box: Local que fica alojado tudo de uma equipe: carros, peças...

"Senna bateu, bateu forte e Galvão ficou em silêncio. Durante os 15, 20, 30 minutos seguintes, estimadamente, eu tive que falar e as imagens estavam ficando cada vez piores. Normalmente ele fala e eu fico esperando a minha vez. Eu não achava que Senna estivesse morto, mas eu tinha a sensação de que ele estava muito, muito mal e eu tinha o sentimento preciso do que o povo brasileiro estava sentindo naqueles momentos. Senti que era necessário dizer que não sabia exatamente qual era a situação, mas sabia que era crítica. Eu não poderia dizer que ele provavelmente morreria. Ninguém sabia - e era especialmente importante porque a TV Globo e toda a sua família e amigos estariam assistindo."

Leonardo saiu em rapidamente ao ver acidente de Ayrton Senna


O irmão de Senna, Leonardo, no entanto, estava em Ímola, na cabine de transmissão. Reginaldo Leme viu o rosto de Leonardo e "Leonardo imediatamente saiu da cabine". Um dos parceiros de negócios de Senna também estava lá, mas ele ficou. Leme olhou para ele e ele olhou para Leme. "Estávamos em apuros, mas não falámos uma só palavra - sabíamos que era um problema [grave]". Nem a transmissão se dissolveu em abandono emocional, com a histeria voltando da conexão do Brasil com Leme. As pessoas que lidavam com isso eram experientes e, como Leme relata, propriamente profissionais. É invariavelmente assim: você faz o seu trabalho e derrama suas lágrimas depois, em particular.


IDIOMA ORIGINAL

Reginaldo Leme worked for the Brazilian channel TV Globo throughout Senna's carrer. "I was commentating together with Galvao Bueno. I did the analysis. In Brazil it's different to England: we call a commentator the analyst, and you call the commentator the person who tells you what is happening. Bueno did that and I was the analyst."

"Galvao was the very best friend of Senna and, it's an incredible coincidence, but that moment of the crash at Imola - at that exact moment - Galvao was not watching the monitor. The old commentary booth at Imola was very small, we couldn't see the cars and the pits, and Galvao was trying to see something in the pits. I pushed him very strongly to pay attention to the monitor. When he turned and saw the monitor it was terrible. His face changed.

"Senna crashed, crashed hard and Galvao was quite silent. During the next 15, 20, 30 minutes probably I had to speak and the pictures were getting worse and worse and worse. Normally he speaks and I am waiting for my turn. He couldn't speak. I didn't think Senna was dead but I had a feeling that he was very, very bad and I had the precise feeling of what Brazilian people were feeling in those moments. I felt it was necessary to say I don't know exactly what the situation is but I do know it is critical. I could not say he would probably die. Nobody knew - and it was specially important because it was TV Globo and all his family and friends would be watching."

Senna's brother Leonardo, however, was at Imola and in a commentary booth. Leme saw Leonardo's face and "Leonardo immediately left the booth." One of Senna's business partners was in the too, but he stayed. Leme looked at him and he looked at Leme. "We were in trouble but we did not speak one word - we knew it was trouble." Nor did the broadcast dissolve into emotional abandon, with hysteria coming back down the line from Brasil to Leme. The people handling it were experienced and, as Leme recounts it, properly professional. It is invatiably so: you do your job and shed your tears afterwards, privately.



FONTE PESQUISADA

HILTON, Christopher. Ayrton Senna: As time goes by. 1º Edição. Sparkford: Haynes Publishing, 1999.

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