domingo, 15 de julho de 2018

A inesquecível carona de Mansell a Senna após a vitória em Silverstone



Ayrton parou na última volta por falta de gasolina e recebeu do rival inglês uma ajuda para chegar aos boxes; imagem que correu o mundo marcou duelo pelo campeonato mundial de 1991

Foto: Getty Images
Por Fred Sabino, Rio de Janeiro
14/07/2018 07h00  Atualizado 14/07/2018 09h31
Globo Esporte - globoesporte.globo.com

A inesquecível carona de Mansell a Senna após a vitória em Silvertone

Uma das imagens mais icônicas da Fórmula 1 foi registrada num dia 14 de julho, em 1991. Os responsáveis pela cena foram ninguém menos do que Nigel Mansell e Ayrton Senna, na volta da vitória do inglês em Silverstone. Isso porque o brasileiro parou sua McLaren sem gasolina na última volta e Mansell, ao ver o rival em pé ao lado do carro, ofereceu uma carona até os boxes. A imagem em vídeo e foto correu o planeta.

Senna e Mansell já tinham feito batalhas inesquecíveis na pista e até uma, digamos, altercação mais contundente, na Bélgica, em 1987. Mas em 1991, os dois estavam de bem. E brigavam pelo título. Com a McLaren-Honda V12, Ayrton começou o ano vencendo as quatro primeiras corridas, com Mansell - e seu companheiro de equipe Riccardo Patrese - tendo problemas com o câmbio semi-automático da Williams.

Mas o consenso era de que o modelo FW14 seria vencedor, bastava ser confiável. Dito e feito: Mansell só não venceu no Canadá porque o alternador pifou na última volta, mas Patrese ganhou no México e o próprio Nigel venceu na França. Era o momento da Williams.

Nigel Mansell nos boxes de Silverstone, em 1991 (Foto: Getty Images) 

No novo - e mais sinuoso - traçado de Silverstone, a Williams era favoritíssima, e Mansell tinha o apoio maciço da torcida. Nos treinos, o único que ameaçou a pole foi justamente Senna. Numa volta praticamente suicida, Senna subiu nas zebras e, com o câmbio na alavanca, conseguiu o que parecia ser incrível tempo. Mas aí Mansell, com o câmbio semi-automático, cerrou os dentes e abriu 0s6 sobre Senna. Pole garantida e festa na arquibancada.

Senna sabia que teria de arriscar na largada para ter alguma chance de vencer. E assim o fez: com uma partida espetacular, mesmo sem a vantagem do câmbio semi-automático, Ayrton pulou na frente de Mansell, enquanto Riccardo Patrese e Gerhard Berger se acharam na primeira curva, permitindo a Roberto Pupo Moreno assumir o terceiro lugar.

Largada do GP da Inglaterra de 1991, em Silverstone (Foto: Getty Images) 

Mas Senna não teve a mínima chance contra Mansell. Logo depois do complexo de Becketts e Maggots, o inglês desligou o limitador de giros do motor Renault e engoliu Senna na reta do Hangar. Imediatamente, Nigel abriu vantagem sobre Ayrton, que, dentro das possibilidades da McLaren, também conseguiu vantagem consistente sobre os demais.

Mais atrás, Moreno começou a perder rendimento, sendo superado por Berger e a dupla da Ferrari, formada por Alain Prost e Jean Alesi. Na primeira metade da corrida, Alesi passou por Prost e fez uma manobra ousada sobre Berger, ultrapassando o austríaco e permitindo ao companheiro fazer o mesmo. Mas Alesi errou ao tentar passar o retardatário Aguri Suzuki e tirou ambos da prova.

Senna acelera McLaren MP4/6 durante a corrida de Silverstone, em 1991 (Foto: Getty Images)

Enquanto isso, Mansell seguia disparando. A única esperança de Senna era evitar a troca de pneus, já que o inglês tinha uma parada programada. Mas a superioridade da Williams era tão grande, que o brasileiro não conseguiu manter a distância necessária para assumir a ponta em caso de a troca de Mansell ser confirmada. E, de fato, isso aconteceu. Mansell parou e voltou na ponta.

A corrida deu uma acalmada, mas Andrea de Cesaris - sempre ele - voltou a agitá-la, com um de seus espetaculares acidentes. O italiano perdeu o carro da Jordan na curva Abbey e bateu com violência no muro de concreto. Satoru Nakajima e Alain Prost frearam com força para evitar o carro de Andrea, que saiu do carro mancando mas sem grandes problemas.

Andrea de Cesaris com a Jordan destruída após acidente em Silverstone (Foto: Getty Images)

Andrea de Cesaris com a Jordan destruída após acidente em Silverstone (Foto: Getty Images)
Depois do pit stop, Mansell abriu uma tranquila vantagem de mais de 20 segundos sobre Senna, enquanto Prost era um distante terceiro, à frente de Berger e Nelson Piquet, este com uma volta de atraso. Nigel cruzou a linha de chegada para vencer pela terceira vez o GP da Inglaterra, enquanto Ayrton viu o segundo lugar escapar a meia pista do fim com a falta de gasolina da McLaren.

Aí cabe uma explicação: na corrida anterior, na França, o computador de bordo de Senna apontou nas últimas voltas que não havia gasolina suficiente para o brasileiro terminar a prova, mas o Ayrton conseguiu cruzar a linha de chegada mesmo com o painel no negativo. Aí na Inglaterra aconteceu o contrário. O computador mostrava que Senna tinha gasolina para completar a corrida, mas o tanque ficou seco... Aliás, isso aconteceria também na corrida seguinte, na Alemanha.

Mansell chega aos boxes com Senna na carona, em 1991 (Foto: Getty Images)

De qualquer forma, Senna ainda foi classificado em quarto lugar, já que tinha volta de vantagem sobre Piquet, o quinto colocado. Berger herdou a segunda posição à frente de Prost. Com o infortúnio de Ayrton, Mansell reduziu para 18 pontos a desvantagem em relação ao brasileiro, o que esquentou a briga pelo campeonato.

Talvez com dó de Senna, ou para tirar uma onda, Mansell parou o carro para conduzir o rival aos boxes. Quando subiu no carro, Ayrton foi abordado por um torcedor e deu-lhe um safanão, antes de Nigel recolocar a Williams em movimento. Os fotógrafos fizeram a festa.

- Amanhã isso vai sair em todos os jornais! - cravou Galvão Bueno na transmissão da Globo.

Mansell comemora a vitória no GP da Inglaterra de 1991 (Foto: Getty Images)

Depois de mais uma vitória de Mansell e a parada de Senna na Alemanha, a diferença caiu para oito pontos. Mas Ayrton cobrou melhorias da McLaren, e o brasileiro reagiu. Com duas vitórias seguidas, na Hungria e Bélgica, somadas a um abandono de Mansell em Spa-Francorchamps, o brasileiro encaminhou o tricampeonato, conquistado no Japão.

De qualquer forma, uma das imagens daquela temporada foi, sem dúvida, a carona de Mansell a Senna. Um momento único desses dois ídolos da F1.




FONTE PESQUISADA

SABINO, Fred. A inesquecível carona de Mansell a Senna após a vitória em Silverstone. Disponível em: < https://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/blogs/f1-memoria/post/2018/07/14/a-inesquecivel-carona-de-mansell-a-senna-apos-a-vitoria-em-silverstone.ghtml>. Acesso em: 15 de julho 2018.



Um comentário:

  1. Simplesmemte épico gp ayrton perfeito dentro daquilo que a mclaren poderia fazer frente a williams de outro planeta...se nosso ayrton senta se nesse carro com susp.ativa certamente seria o campeonato mais facil da historia da F1 mas em 1994 sir frank decidiu ir contra a sua equipe...

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