Em 1987, depois de uma inesquecível dobradinha
brasileira nas ruas de Detroit e malabarismo para reunir os dois rivais, ambos
gravaram participação no Esporte Espetacular
Por Fred Sabino — Rio de Janeiro
18/10/2018 08h30
globoesporte.globo.com
Foto: Reprodução
Os Estados Unidos são o país que mais nomeou grandes
prêmios de Fórmula 1: até hoje foram 68 em 10 autódromos diferentes (contando
os GPs dos EUA, EUA-Leste e EUA-Oeste). Desde 2012, a categoria está fixada no
belíssimo e moderno Circuito das Américas, em Austin, no Texas, mas houve um
tempo em que se recorria a pistas montadas em ruas de cidades. Uma delas foi
Detroit, que teve provas entre 1982 e 1988, e de lá vem o “causo” do post de
hoje. Obra do querido mestre Reginaldo Leme.
Em 1987, Nelson Piquet e Ayrton Senna mantinham o
Brasil brigando por vitórias em quase todas as corridas. Isso quando eles
mesmos não disputavam posição na pista ou até faziam dobradinha, como aconteceu
naquele ano em Detroit, com vitória de Senna e segundo lugar de Piquet.
Largada do GP dos Estados Unidos de 1987, em Detroit
— Foto: Reprodução
Cada um à sua maneira, os dois tiveram uma atuação
perfeita. Ayrton partiu para a corrida com a intenção de não trocar os pneus e
cumpriu a estratégia. Ficou as primeiras voltas em segundo poupando a borracha
atrás de Nigel Mansell, e assumiu a ponta para não mais perdê-la quando o Leão
fez o pit stop. Piquet vinha em terceiro no início e também não pretendia parar
nos boxes. Mas teve um pneu furado e caiu para 22º. Com uma recuperação monumental,
ainda chegou em segundo.
Pois bem, dobradinha brasileira confirmada, Tema da
Vitória rolando solto, Ayrton repetindo a cena de agitar a bandeira verde e
amarela na volta de comemoração, conversa cordial entre os dois rivais no
pódio, e uma ideia que surgiu na cabeça de Reginaldo Leme: por que não fazer
uma entrevista com Senna e Piquet juntos para o Esporte Espetacular (que na
época era no domingo à noite)?
Piquet conseguiu brilhante segundo lugar em Detroit,
em 1987 — Foto: Getty Images
Evidentemente era uma aposta arriscada. Afinal,
apesar de em Detroit os dois terem conversado com tranquilidade após a corrida,
o mundo inteiro sabia que Ayrton e Nelson não se bicavam. Já tinham trocado
farpas pela imprensa antes e até trocariam petardos ainda mais poderosos no
começo de 1988, em tema já lembrado pelo F1 Memória.
Reginaldo então combinou horário e local da
entrevista com os dois. Mas não avisou a Senna que Piquet também participaria,
e vice-versa. Ayrton chegou primeiro, e logo depois apareceu Nelson. Quando viu
o rival se aproximando, Senna tentou cair fora, mas, com esperteza e ligeireza,
Reginaldo deu uma chave de braço nele, e imediatamente também pegou Piquet. Num
piscar de olhos, nosso mestre Regi deu o sinal para o cinegrafista começar a gravar.
E assim foi…
Reginaldo Leme junta Senna e Piquet na marra para
entrevista em 1987
No começo, as imagens mostram claramente um
desconforto no semblante dos dois, mas aos poucos eles se soltaram um pouco
mais, a ponto de Reginaldo emendar no fim:
- E agora, qual é a próxima dobradinha, onde vai
ser, e vai ser assim ou vai inverter esse negócio aí?
- Vamos ver vamos esperar as próximas corridas -
deixou no ar Senna.
Piquet ergue o troféu da vitória no GP da Itália de
1987 — Foto: Reprodução
Em 1987, houve outras duas dobradinhas entre nossos
gênios da velocidade, sempre com Piquet na frente, na Hungria e na Itália. No
fim do ano, Nelson se consagrou tricampeão mundial, e Senna, mesmo com um
problemático carro da Lotus, ainda foi o terceiro na tabela.
Bons tempos em que o Brasil era protagonista na
Fórmula 1…
FONTE PESQUISADA
SABINO,
Fred. O dia em que Reginaldo Leme entrevistou Piquet e Senna juntos na marra,
nos EUA. Disponível em: <https://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/blogs/f1-memoria/post/2018/10/18/o-dia-em-que-reginaldo-leme-entrevistou-piquet-e-senna-juntos-na-marra-nos-eua.ghtml?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=ge_f1>.
Acesso em: 18 de outubro 2018.
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