O campeão se apaixonou pelo país europeu nos anos 80. Ayrton escreveu prefácio de um livro em 1986 citando tudo que o encantava no país até aquele momento. Antes de morrer, Senna realizou um sonho antigo. Ele se mudou definitivamente para Portugal no começo de 1994, onde viveria com Adriane Galisteu, já como sua noiva. Isso significa que a última residência de Ayrton foi em Portugal.
Jamais esquecerei o lugar onde consegui minha primeira vitória
Não são poucas as razões que me fazem lembrar
Portugal. Mais do que isso, são muitas e boas, e vão bem além do facto de que
nesse País consigo sentir-me em casa por causa da lingua...
Foi no Estoril que venci o primeiro Grande Prémio de
minha carreira na Fórmula 1, no início da época passada [temporada passada -
ano passado]. Passei momentos difíceis ali dentro do "cockpit" do meu
JPS Lotus, mas sobrevivi para comemorar a vitória mais marcante da minha vida,
algumas coisa que há muito tempo vinha lutando para conseuguir.
Mas essa é apenas uma das razões que me faz apreciar
a hora de ir correr a Portugal. Aliás, não é apenas por ocasião do Grande
Prémio que tenho visitado Lisboa, Porto e outras cidades portuguesas.
O grande número de amigos que tenho entre os
lusitanos sempre justifica uma escapada entre uma e outra corrida, quando não
ficamos todos loucos com testes e mais testes, atrás de centésimos de segundo
que vão melhorar o rendimento do meu carro na próxima etapa do campeonato.
E entre tantos amigos, sempre acabo passando bons
momentos pois, como já disse, além de falar a mesma língua, consigo ficar à
vontade frente a tantas coisa boas e bonitas como os belos pratos de peixe e as
belas praias do Sul. No final acabo encontrando um problema: perder os quilos
que levo para casa depois de tanta mordomia.
Mordomias à parte, o assunto nessas reuniões varia
um pouco e acaba caindo no mesmo ponto: Fórmula 1. Chega então a hora de
lembrar as curvas do Autódromo do Estoril, construídas em desnível, num modo
que tem ficado esquecido nos projectos dos circuitos mais modernos. Felizes de
vocês portugueses, que podem contar com um autódromo assim... A recta, nem
curta nem longa em demasia, permite que o público sinta a diferença entre um
motor ruim e um forte... Uma sensação que nenhum piloto gosta de experimentar
quando está a bordo de um carro mais lento.
Em resumo, voltar a Portugal para o Grande Prémio só
me deixa contente, não apenas porque sempre consegui bons resultados neste
circuito – fui terceiro em 84 e ganhei em 85 – como também porque este ano
quero manter a tradição, para continuar na briga pelo título desta temporada.
Ayrton Senna
PS.: Este prefácio foi amavelmente escrito por Ayrton
Senna antes do Grande Prémio de Portugal de 1986, como se depreende do texto.
Prefácio do livro "Grande Prémio Portugal
58/59/60/ 84/85/86/87" de José Miguel Barros
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