sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Suicídio

Ele deve ter assistido, portanto, com aquela sua clareza de mente, à cena final. Pensei: queria ser um neurônio dele para compartilhar esse fio de consciência, sentir o que se passou, na cabeça dele naquele minúsculo momento. Queria estar com ele não apenas naquela hora, queria estar com ele - só isso. Pensei em morrer. Queria que me matassem. Perdi completamente o medo da morte. Aproximava-me daquelas ameias que separam o gramado da quinta do Braga das pedras do abismo, lá embaixo, e pensava em me atirar. Não me conformava: não, ele não. Ele tinha 34 anos, era inteligente, vitorioso, um coração desse tamanho, um ser humano daquele jeito... Por que não eu? Passaram-se quatro meses, daquele dia a este aqui, em que registro minhas memórias, e não me sinto bem em lugar algum. Disfarço, tento reagir. Mas tudo foi por água abaixo. Não quero tirar de ninguém, da família, dos amigos, dos fãs, o direito à dor. Mas o que perdi era o que eu  tinha de mais importante na minha vida. Não é pouco. (Adriane Galisteu - Livro Caminho das Borboletas)



"Justo quando a lagarta pensou que o mundo tinha acabado, ela virou uma linda borboleta."


Lamartine




Um comentário:

  1. Uma terna historia de amor como acredito em finais felizes acredito que a historia dessa mulher guerreira ao lado do ayrton ainda nao acabou...Deus nao desampara nunca

    ResponderExcluir