Peter de Bruijn é dos poucos pilotos que se pode orgulhar de ter ganho a Ayrton Senna. Em 1980, o holandês relegou o brasileiro para o segundo posto no Campeonato do Mundo de Karting, impedindo assim o futuro Campeão de Fórmula 1 de alcançar o único título que lhe escapou das mãos ao longo da sua carreira. Vinte e quatro anos depois, Peter de Bruijn recordou-nos em Braga esses momentos, depois de ter visto o seu filho sagrar-se Campeão Europeu de Karting. “Já lá vão uns anos, mas lembro-me que foi uma corrida muito difícil”, começa por falar Peter de Bruijn. O contacto do holandês com Ayrton Senna começou no Campeonato do Mundo disputado em 1979 no Estoril, onde “depois de ter vencido a primeira corrida, uma corrente partida, na segunda, tirou-me qualquer possibilidade de ser campeão. Ayrton Senna viria a ganhar a terceira corrida, tendo mesmo no final comemorado a vitória, só que o fator de desempate, o melhor tempo na qualificação, acabaria por dar a vitória a Martin Koene”.
No ano seguinte, o brasileiro e o holandês voltaram a perfilar-se como grandes candidatos à vitória no “Mundial” que iria ocorrer em Nivelles, Bélgica, e que contaria ainda com a presença de um espectador muito especial. Então com 11 anos, Michael Schumacher estava pela primeira vez a assistir a uma competição internacional. Ayrton Senna era piloto oficial da DAP, marca de chassis que também construía os seus próprios motores, enquanto Peter de Bruijn recorria ao chassis Swiss Hutless e propulsores Parilla. Apesar do holandês ter feito a “pole position”, um problema nas mangas de qualificação levou o holandês a recuperar de 23º para segundo.Na segunda corrida, De Bruijn voltaria a classificar-se na mesma posição. À entrada para a terceira e derradeira final, eram cinco os candidatos a novos Campeões do Mundo, entre os quais se contavam o brasileiro e o holandês. “A corrida até começou bem para Senna, mas acabei por ser eu a sagrar-me Campeão do Mundo”, relata Peter de Bruijn, que relembra o brasileiro “como um piloto fora da pista era igual a tantos outros, apesar de já se notar o seu
apego à competição, pois estava sempre com os mecânicos. Em corrida era muito rápido e tinha uma postura que o tornava um piloto distinto e muito difícil de ultrapassar”. Depois desta derrota, Ayrton Senna ainda tentaria a conquista do “Mundial” por mais duas vezes, mas o desfecho seria sempre o mesmo.
O desgosto de nunca ter conquistado o título mundial de karting levou-o mesmo a ponderar abandonar os fórmulas.
A importância e a paixão pelo karting seriam anos mais tarde confirmadas pelo próprio Ayrton Senna: “Nunca a pilotagem foi tão divertida como os anos em que eu andei no karting. Muitas coisas que uso na Fórmula 1, são provenientes da aprendizagem nos karts”.
Enquanto Peter de Bruijn continuava a sua carreira no karting, primeiro como piloto e depois como uma dos mais cotados preparadores e nível mundial, Ayrton Senna colecionava títulos atrás de títulos. Primeiro na Fórmula Ford, depois na Fórmula 3 e por fim na Fórmula 1. Foi já como grande estrela do automobilismo mundial, que Peter de Bruijn encontraria Ayrton Senna, em 1993, a disputar o Masters de Karting em Bercy: “Tantos anos depois, eu até pensava que ele não me conhecia. Mas foi precisamente o contrário. Estivemos ali imenso tempo a contar histórias da altura em que corríamos juntos. Foi a última vez que o vi…”.
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