domingo, 24 de fevereiro de 2013

Entrevista Adriane Galisteu Sobre Família Senna, Ayrton Senna e Xuxa

Adriane Galisteu aos 19 anos, idade que tinha quando conheceu Ayrton




Conta um pouquinho quem você é:

Adriane Galisteu - Eu sou de uma família simples, originária de um bairro simples e que continua uma pessoa simples. Tinha uma vida que era casa-escola, escola-trabalho, trabalho-casa. Eu sempre trabalhei, comecei com nove anos de idade, como modelo. Na adolescência fui para a Jet Set, que fechou. De lá, eu fui para a Elite.

O homem, Ayrton Senna:

Adriane Galisteu - Eu costumo dizer que a minha maior dor, além daquela do dia 1º de maio ou do funeral, foi a do dia que eu revirei as coisas da casa onde a gente morava em São Paulo. Lá eu vi o pijama, a escova de dentes, o banheiro, a cama, a cozinha... naquela casa, faltava vida, faltava alegria, faltava o homem, faltava o Ayrton; não o Ayrton das corridas, mas o que eu via brincando com os cachorros, almoçando com os amigos, conversando comigo a respeito do nosso futuro...

Imprensa:

Adriane Galisteu - Uma aliada

Adriane, aproveito a deixa para lembrá-la de que "essa mesma imprensa" ficou chamando a atenção para a hostilidade com que foi tratada pela família Senna da Silva durante o velório e o enterro. Afinal, Adriane, que cena foi aquela?

Adriane Galisteu - Não posso desmentir um acontecimento que todo mundo viu, e não apenas a imprensa. Felizmente, ficou claro que a atitude não partiu de mim, veio do outro lado. Não me perguntem por que eles agiram assim, estranhei tanto quanto vocês.

- Outra verdade a respeito da Adriane: embora tenha motivos, ela não abre a boca para criticar a família Senna

- Na mesma noite da tragédia, alguém da família fez uma ligação internacional para se certificar de que você já tido sido expulsa da mansão de Senna, no Algarve, em Portugal?

Adriane Galisteu - Sim isso aconteceu...

- No recente livro de Norio Koike, fotografo de Ayrton, você aparece em uma única foto, sem identificação, enquanto outra exibe o piloto e Xuxa. O comportamento da família tem ligação com essa seleção de fotos?

Adriane Galisteu - Provavelmente. Só digo que, por mais que tentem, não vão conseguir apagar a importância de Adriane Galisteu na vida amorosa do Ayrton. Não encaro a seleção de fotos como um desrespeito a mim, e sim a ele.

- Sobre Xuxa no Funeral:

Adriane Galisteu - Não tenho nada contra a Xuxa e não estranhei que estivesse no funeral, mas foi encenação sair de mãos dadas com a Viviane.

Livro:

Adriane Galisteu - Escrevi o livro para ganhar dinheiro, sim. Eu tinha abandonado de vez minha profissão de modelo por insistência do Ayrton. (A família bloqueou sua conta bancária no Brasil - aquela em que Ayrton depositava as despesas do dia-a-dia do casal). Sem trabalho, com contas vencendo, é obvio que eu precisava urgentemente de uma fonte de renda. Mas tenho certeza de que também seria condenada se optasse por fazer publicidade. Sabe o que as pessoas diriam? "Olha que fingida, mal Senna morreu e ela já está aí, rindo nos outdoors."

Casamento:

Adriane Galisteu - "Nós já morávamos juntos havia 1 ano e meio. A partir do momento em que duas pessoas juntam as escovas de dentes, não falta muito para casar."

Culpa morte Senna:

Adriane Galisteu - "Nem quem, nem o quê, nem nada. Acusar alguém não vai trazer ele de volta. Ninguém queria a morte dele. Sou contra esse laudo que apontou a Williams como a causadora do acidente."

- Mas você não acha que as condições de segurança...

Adriane Galisteu - Aí tem um erro humano. A falta de segurança em Ímola foi decisiva... uma corrida naquela pista era o maior absurdo do mundo. Uma coisa assassina. Eu retornei depois do acidente a Bolonha e vi a segurança do autódromo, tem áreas de escape... você nem reconhece mais. Só que na minha opinião, Ímola deveria ser riscada do mapa da F1.

- Mesmo com as reformas?

Adriane Galisteu - Mesmo assim: adianta morrerem duas pessoas pra se tomar uma decisão? Eu acho que a pista deveria sair do calendário como uma espécie de punição, não só pelo Ayrton como também pelo Roland Ratzenberger, que morreu na véspera, com o pescoço quebrado, na segunda corrida da vida dele.

- Então, quem seriam os organizadores e o que seria o circuito de Ímola. Não é isso?

Adriane Galisteu - Não sei se é isso. Mas sei que as pessoas só vêem cifrão no circo. A F1 se tornou uma máquina de fazer dinheiro, e não um esporte. Do jeito que está, não vão continuar enganando muita gente (injuriada).

- Como reage à indiferença ou hostilidade da família Senna?

Adriane Galisteu - Não tenho uma atitude contra ou a favor. Não sou a pessoa indicada pra responder. Se você perguntar para a família Senna o motivo dessa hostilidade, vai perceber que nada partiu de mim. Fiquei no meu lugar, da namorada com quem ele vivia.

- Não se sente injustiçada?

Adriane Galisteu - Eu me sinto, sim, incapaz de cobrar uma mão, um aceso, um olhar de quem quer que seja.

FONTE: Revista Ele Ela, Nº 311, Junho de 1995

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