sexta-feira, 1 de março de 2013

Nina

\ Nina a Menina da Foto //

Foto: Nina e Ayrton Senna na Corrida de Kart da Inauguração da Fazenda Dois Lagos em Tatuí 1991

Bom, a trajetória do Ayrton é conhecida do mundo inteiro. (Geraldo Simões - Hoje com 54 anos) Só lamentei não ter pego o endereço dele quando foi pra Inglaterra, pois eu teria escrito e certamente ele teria respondido. Mas... sempre a timidez f**** minha vida!

Quando Ayrton foi bi-campeão mundial, em 1990, (ou quando foi tri-campeão, em 1991, admito que não lembro), ele fez uma super festa na fazenda de Tatuí, interior de SP. Nesta época eu era colaborador do jornal Shopping News e o assessor de imprensa do Ayrton, meu amigo Roberto Ferreira, me mandou duas credenciais. Uma delas era para Livio Oricchio, que abriu mão do convite. Olhei pra minha filha, Nina, então com 5 (ou seis) anos, peguei meu velho Opala Coupé 1981 e lá fomos pra Tatuí.

A festa era tão suntuosa, grandiosa e fabulosa que os seguranças olharam muito desconfiados pra aquele Opala e não fizeram a menor cerimônia em revistar o carro todo, inclusive no porta-malas!

Não lembro muitos detalhes da festa: tinha uma dupla sertaneja cantando, várias tendas enormes, muitas celebridades na época pré-Caras e uma corrida de kart na qual Bruno Senna foi o vencedor. Eu estava animadíssimo porque comentaram que teria uma corrida de kart para jornalistas e eu era o papa-tudo destas corridas. Mas foi alarme falso.

E também lembro de uma cena engraçadíssima que virou lenda na família. Todo mundo ganhou um kit composto de boné, camiseta e credenciais. E todo mundo pedia pro Ayrton autografar na camiseta. A Nina olhou aquilo, sem entender muito bem o que se passava e perguntou:

- Por que aquele homem fica rabiscando a camiseta de todo mundo?

A explicação não a convenceu muito. Quando estava lá, zanzando o Ayrton me reconheceu, olhou pra Nina, com jaleco de “press” e fez algum comentário sobre a “menor jornalista do evento”. Foi quando ele a pegou pela mão para tirar uma foto. A Nina se escondeu atrás de mim e não queria de jeito nenhum. E eu:

- Vai, Nina, hehe, vai do lado do tio Ayrton, vamos fazer uma foto. Ele é piloto de Fórmula 1...

E praticamente empurrei a Nina, que fez maior cara de desconfiada, mas foi. A foto é esta que ilustra este artigo, mas repare como ela está toda torta, querendo fugir dali.

Feita a foto, perguntei:

- Mas Nina, por que você não queria tirar uma foto do lado do Ayrton???

- Porque eu não queria que ele rabiscasse minha camiseta!

Tive um ataque de riso que devem ter considerado como uma espécie de incontrolável histeria fanática... Abracei minha filha e fomos comer churrasco. (Sim, nessa fase a Nina ainda não era vegetariana, mas já olhava pra salada com mais volúpia do que pra lingüiça).

Na hora de ir embora, sem me dar conta de que estava presenciando um evento histórico, foi a vez da vergonha. Um engarrafamento na saída da fazenda fez o velho Opala ferver! E lá fui eu, com uma leiteira na mão, atrás de uma torneira, deixando o segurança de vigia porque a Nina dormia tranqüila no banco de trás.

Na manhã da segunda-feira, 2 de maio de 1994, na inocente tentativa de falar alguma coisa que diminuísse minha tristeza, Nina me telefonou e comentou:

- Agora aquela foto deve valer uma grana!

Só consegui responder:

- Eu preferia que ela continuasse valendo apenas como uma simples folha de papel.

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