sexta-feira, 8 de março de 2013

O Caso Nelson Piquet


Sempre achei lamentáveis as declarações de Piquet ao meu respeito. O Piquet era, já nessa altura, um piloto com um enorme prestigio. As pessoas sempre se referiam ao Piquet e não ao Beco, que vinha lá de baixo para derrubar todos os mitos. A imagem do Ayrton já vendia muito mais do que a do Piquet, que sabia muito bem que ninguém ia segurar o Beco.
A única forma que o Piquet encontrou para derrubar o Ayrton foi pela provocação de ordem moral. Ele não podia mais concorrer nem nas pistas – no braço – e nem fora das pistas. A maneira mais simples que ele encontrou foi uma maneira barata. Usou de jornalistas estrangeiros de má fé... usando o jornalista italiano Adriano Costa como porta-voz.
É... eles maliciaram nossa amizade entre os repórteres estrangeiros, e aí deixaram a bomba para estourar aqui, na véspera da corrida... do GP Brasil... que é uma coisa para desconcentrar a pessoa. O tempo provou que Piquet agira inadvertidamente, tentando colocar em cheque a virilidade de Ayrton. Então isso é coisa que... é o tipo de fama que se pode criar facialmente devido à distorção da mente das pessoas. O Piquet sabe o que é uma amizade aqui no Brasil, o Piquet sabe. Amizade é estarmos juntos, é o calor humano brasileiro. É isso que cativa o resto do mundo. As pessoas que vêm para o Brasil saem daqui maravilhados por causa disso, do calor humano que a gente tem.
Nós éramos dois amigos. Dentro das pistas era Formula 1, carro de corrida... a gente não pensava em nada, a parte de lazer, os poucos momentos que nós tínhamos de lazer, as namoradas... essas coisas todas, a gente fazia fora das pistas... a gente não precisava provar nada para ninguém. O Ayrton era altamente profissional, altamente profissional.
O Piquet jogou a bomba, esticou e... claro que tudo isso teve repercussões. Eu fiquei imobilizado, porque eu não podia fazer nada... sobrou para todo mundo... eu não podia mais ser visto com o Ayrton. Nós não podíamos mais ir a lugares públicos, se alguém visse alguma coisa:
- Olha é aquele cara. 






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