Sempre achei lamentáveis as declarações de Piquet ao meu
respeito. O Piquet era, já nessa altura, um piloto com um enorme prestigio. As
pessoas sempre se referiam ao Piquet e não ao Beco, que vinha lá de baixo para
derrubar todos os mitos. A imagem do Ayrton já vendia muito mais do que a do
Piquet, que sabia muito bem que ninguém ia segurar o Beco.
A única forma que o Piquet encontrou para derrubar o Ayrton
foi pela provocação de ordem moral. Ele não podia mais concorrer nem nas pistas
– no braço – e nem fora das pistas. A maneira mais simples que ele encontrou
foi uma maneira barata. Usou de jornalistas estrangeiros de má fé... usando o
jornalista italiano Adriano Costa como porta-voz.
É... eles maliciaram nossa amizade entre os repórteres
estrangeiros, e aí deixaram a bomba para estourar aqui, na véspera da
corrida... do GP Brasil... que é uma coisa para desconcentrar a pessoa. O tempo
provou que Piquet agira inadvertidamente, tentando colocar em cheque a
virilidade de Ayrton. Então isso é coisa que... é o tipo de fama que se pode
criar facialmente devido à distorção da mente das pessoas. O Piquet sabe o que
é uma amizade aqui no Brasil, o Piquet sabe. Amizade é estarmos juntos, é o
calor humano brasileiro. É isso que cativa o resto do mundo. As pessoas que vêm
para o Brasil saem daqui maravilhados por causa disso, do calor humano que a
gente tem.
Nós éramos dois amigos. Dentro das pistas era Formula 1, carro
de corrida... a gente não pensava em nada, a parte de lazer, os poucos momentos
que nós tínhamos de lazer, as namoradas... essas coisas todas, a gente fazia
fora das pistas... a gente não precisava provar nada para ninguém. O Ayrton era
altamente profissional, altamente profissional.
O Piquet jogou a bomba, esticou e... claro que tudo isso
teve repercussões. Eu fiquei imobilizado, porque eu não podia fazer nada...
sobrou para todo mundo... eu não podia mais ser visto com o Ayrton. Nós não
podíamos mais ir a lugares públicos, se alguém visse alguma coisa:
- Olha é aquele cara.
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