Luiza não nos acompanhou a Monza, à prova, mas a Milão, sim
- assim como não nos acompanhara antes e assim como não tinha a menor intenção
de nos acompanhar em qualquer outra corrida, nem ao Estoril, a seis quilômetros
de sua quinta, tão perto que dá para ouvir de lá os roncos dos motores.
Explicava:
- Fico nervosa demais. Pela televisão é mais tranqüilo.
Sabia o que ela estava falando. Eu tinha assistido ao que se pode chamar de
stress de corrida em Hockenheim, em agosto. A mãe do Béco assistiu a toda a
prova de pé no auge de sua tensão, não se sentou um minuto sequer. Murmurava
rezas sem parar. Viviane se segurou numa cadeira. Fechava os olhos e também
orava. Respeitava a fé de ambas, embora evitasse participar das cerimônias de
bênçãos, que podiam demorar vinte, trinta minutos, a que a irmã submetia o
Béco, às vésperas de algumas provas. Uma coisa de culto, meio êxtase, meio
oração. Parecido com o que o pai do Lalli, pastor evangélico, ministrou na
manhã do velório - de novo, sem minha presença.
Foi aquele GP da Alemanha de 1993, aliás, que o Ayrton
perdeu porque calculou mal o abastecimento de combustível. Frustração e
nervosismo tão grandes para a família que, a partir daí, a Zaza e a Viviane
aderiram também totalmente à telinha.
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