sábado, 8 de junho de 2013

CAMINHO DAS BORBOLETAS - Adriane Galisteu dá um elefante de pelúcia para Ayrton Senna


 O elefante presente de Adriane Galisteu para Ayrton Senna "sentado na cadeira" ao lado de uma planta


Do GP em Monza ficaram coisas para não se esquecer. O magnífico hotel às margens do lago Como. A torcida inesperada da Monica Selles, isso aí, a tenista, uma gracinha, ainda traumatizada com a violência que tinha sofrido na quadra, uma punhalada pelas costas. Ela e a mãe foram dar uma força ao Ayrton no motor home - encontro de  fã com fã, diga-se, já que o Ayrton, que batia um bolão no tênis, admirava o estilo desabusado dela. Lembro-me também da nuvem negra que o Ayrton saiu carregando sobre a cabeça, ao final de uma prova que abandonou. Olhem que eu conhecia o mau humor do moço, hein?! Mas naquele dia, já noite, ele se superou. Foi do autódromo  ao hotel sem dizer uma única palavra. Subiu direto para o quarto. Requisitou o room service. Não me perguntou nada - simplesmente escolheu um jantar para nós dois. Mas o hotel estava em festa e, apesar de tudo, lá de baixo gritavam: "Senna, Senna".
Ele se derreteu como um sorvete fora da geladeira:
- Mas eu perdi! Como são loucos esses italianos.
- Loucos por você, disse.
Uma história posterior, de Ferrari, aposentadoria, sei lá, pode ter se consolidado naquele momento contraditório de raiva e paixão.
- Tá difícil de me agüentar? - ele finalmente quebrou o gelo. - Prometo que assim que sairmos da Itália eu deixo a tromba aqui no quarto.
Involuntariamente, ele me dava uma bela idéia para um presente: um elefante de pelúcia. Um dia, eu o encontraria. Ele adorou a brincadeira. Naquela noite, levantei-me pé ante pé quando ele já dormia, fui ao banheiro e escrevi no espelho, com batom:
- Bom-dia! Sorria!
Desenhei uma boca sorridente, cheia de dentes. Assim como ele fazia campanha junto a mim contra a Coca-Cola e o McDonald's, eu também tinha meus palanques. Convencê-lo de que, rindo, ele ficava mais bonito. De que cabelo um pouco mais compridinho lhe caía bem. De que de quando em quando valia a pena comprar uma roupa diferente daquelas que ele recebia no automático, por mais bonitas que fossem, presentes da Hugo Boss, sua patrocinadora.


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