- Você sabe mergulhar?
Bem, convite é que não poderia ser, àquelas dez e tanto da
noite. Talvez uma curiosidade saudável de quem, muito saudável aos seus 89 anos
de idade, não se arriscava a pilotar um veículo a 300 quilômetros por
hora mas era conhecido nas redondezas por se meter no mar até 15 pés de profundidade.
- Nunca tentei de verdade, doutor Roberto. Tive um problema
no ouvido, não me sinto bem muito tempo debaixo d'água.
Como o doutor Roberto repetisse pelo menos mais umas cinco
vezes a mesma pergunta ao Béco, naquela noite, das duas, uma: ou era de fato um
desafio, quase uma inconformidade dele ao ver um jovem tão rijo de músculo e
tão esbelto de postura não se maravilhar com um esporte que o põe em contato
com os grandes mistérios e maravilhas do mar; ou então era o doutor Roberto
que, por distração mesmo, estava repetindo a mesma pergunta.
Por via das dúvidas, Ayrton sempre foi delicado, declinando
suas outras preferências esportivas. O verão de Angra era assim, uma
espécie de open house para os que tinham condução própria - leia-se, iates,
lanchas, barcos -, uma festa permanente sobre as águas e à beira dos píers. O
doutor Roberto em questão tem o sobrenome Marinho, uma adorável mulher chamada
Lily e um inegável prestígio dentro e além da baía de Angra. Ele era o
anfitrião de um daqueles jantares tardios da alta temporada, em que a Lua quase
dispensa os candelabros e os vaga-lumes competem em agilidade com a rapidez dos
garçons.
- Você sabe mergulhar?
Bem, convite é que não poderia ser, àquelas dez e tanto da
noite. Talvez uma curiosidade saudável de quem, muito saudável aos seus 89 anos
de idade, não se arriscava a pilotar um veículo a 300 quilômetros por
hora mas era conhecido nas redondezas por se meter no mar até 15 pés de profundidade.
- Nunca tentei de verdade, doutor Roberto. Tive um problema
no ouvido, não me sinto bem muito tempo debaixo d'água.
Como o doutor Roberto repetisse pelo menos mais umas cinco
vezes a mesma pergunta ao Béco, naquela noite, das duas, uma: ou era de fato um
desafio, quase uma inconformidade dele ao ver um jovem tão rijo de músculo e
tão esbelto de postura não se maravilhar com um esporte que o põe em contato
com os grandes mistérios e maravilhas do mar; ou então era o doutor Roberto
que, por distração mesmo, estava repetindo a mesma pergunta.
Por via das dúvidas, Ayrton sempre foi delicado, declinando
suas outras preferências esportivas. O verão de Angra era assim, uma
espécie de open house para os que tinham condução própria - leia-se, iates,
lanchas, barcos -, uma festa permanente sobre as águas e à beira dos píers. O
doutor Roberto em questão tem o sobrenome Marinho, uma adorável mulher chamada
Lily e um inegável prestígio dentro e além da baía de Angra. Ele era o
anfitrião de um daqueles jantares tardios da alta temporada, em que a Lua quase
dispensa os candelabros e os vaga-lumes competem em agilidade com a rapidez dos
garçons.
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